Quando escrevo "vontade própria", refiro-me à forma voluntária como se deixavam secundar, dando todo o espaço do mundo aos seus companheiros. Provavelmente não queriam ficar conhecidas como a "esposa de" e como no seu tempo não havia muito espaço para escritores anónimos (a PIDE e a Censura não gostavam dessas aventuras, antes de Abril...), escreveram muito menos do que podiam e deviam.
Talvez Maria Judite de Carvalho (companheira de Urbano Tavares Rodrigues), tenha conseguido ser ela própria, por ter uma escrita muito singular e por fazer jornalismo. Mas nunca quis "voar" muito alto, por ser avessa à exposição e porque o "escritor da casa" era o Urbano...
E se caminhasse na direcção de outras artes, cruzava-me logo com a Sarah Afonso, esposa de Almada Negreiros, que nunca teve dúvidas de quem era o "pintor da casa".
Haverá com toda a certeza dezenas de casos, de mulheres extraordinárias que abdicaram do que mais gostavam de fazer por amor.
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
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