Quando mudamos de país, é natural que com o passar do tempo, acabemos por ficar "aculturados". Só se vivermos num "guetto" é que conseguiremos resistir ao "novo mundo" que nos rodeia.
Esta evidência transporta aspectos positivos e negativos, como quase tudo na vida.
Falámos disto enquanto bebíamos café, porque um rapaz de cor escura, na mesa ao lado, vestido de fato completo e gravata, era completamente ocidental.
Quase ao jeito de anedota, o Carlos disse que já não havia pretos como antigamente, vestidos com roupas garridas e sem nunca prescindirem da companhia de uma máquina fotográfica ao peito, rádio numa mão e bicicleta noutra.
Sorrimos todos.
Foi então que a Rita disse que uma boa parte dos africanos deveria continuar a gostar destas coisas, mas como o olhar dos outros é muitas vezes castrante e olham-se ao espelho antes de sair de casa...
Eu abanei a cabeça e disse que sim. Acredito que muitos dos que nasceram em África, tal como aqueles que se orgulham das suas origens, continuam a gostar das cores vivas, da música, que quase lhes corre no sangue, e até da magia da fotografia...
O rapaz da mesa ao lado provavelmente nasceu por cá e foi educado como se fosse um de nós. Ou seja, apesar da tonalidade da pele, é um europeu... nem sei se neste caso possa falar de perda de identidade.
(Fotografia de Luís Eme)
Somos o produto da terra onde nascemos seja qual for a cor da nossa pele.
ResponderEliminarAbraço
Sem dúvida, Elvira.
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