Tenho me cruzado logo pela manhã nas ruas de Almada com um senhor que trás sempre numa das mãos um livro.
Não seria nada de extraordinário, se eu não tivesse reparado que ele trouxe nos últimos três dias, três livros diferentes.
Eu sei que podem existir mil e uma razões para o facto. Até a utilização do livro como adereço estético, utilizando a cor da capa com o resto da indumentária... mas acho que isso era ir demasiado ao pormenor. Talvez o senhor goste apenas de livros e adore passear com um deles no regaço.
Claro que este episódio me fez lembrar um outro, passado nos anos sessenta do século passado, em que um dos voluntariosos bibliotecários de uma das associações almadenses, embora não fosse grande leitor, fazia questão de sair da biblioteca, sempre com um livro debaixo do braço, por lhe oferecer uma aura de intelectual, que entre outras coisas, lhe aconchegava o ego de simples operário.
(Óleo de Aharon Kahana)
Esta está engraçada... até a suposta frequência de mudança de leitura de livro é escrutinada. :)
ResponderEliminarLuís, há pessoas que forram as capas dos livros para não se ver o que andam a ler e sempre que pousam o livro é de "cabeça para baixo".
Houve uma altura, há uma série de anos, que também evitava que vissem, sobretudo quando a capa era mais ousada ou o titulo sugeria interpretações que não me convinham. Andava todos os dias de comboio e a "horas escuras".
Depois passou-me tudo e não tenho a mínima preocupação com isso, apesar de perceber que reparam.
Há coisas estranhas, Isabel.
EliminarNo primeiro dia que nos cruzámos vi que o livro tinha uma capa azul marinho mas não consegui ler o título. Foi a cor que me chamou a atenção.
No dia seguinte trazia um livro de capa verde... achei curioso.
No terceiro a capa do livro era azul escuro... foi então que pensei, «e esta? Será que o senhor é um passeador de livros?»
Claro que isto fica só entre nós. Não vou perguntar nada ao senhor. :)