Nunca pensei que uma conversa simples sobre fotografia, num lugar cheio de gente com máquinas de tirar retratos e telemóveis - que fazem quase tudo, até tiram fotografias cada vez com mais qualidade... - fosse tão proveitosa.
O meu companheiro de conversa começou por dizer que o que fazemos com as máquinas fotográficas diz mais de nós do que pensamos.
O gostar de fotografar pessoas, a preferência de tirar retratos à paisagem ou a predilecção pelos "auto-retratos", revela a nossa lata, a nossa timidez ou a nossa vaidade...
Reparámos na quantidade de pessoas que tentava ficar na fotografia, sempre que lhe era possível. As tão populares "selfies" e os tubos de plástico que se transformam em "braços" das máquinas, estavam mesmo na moda, neste "jogo de espelhos". Escolhiam um plano de fundo, sorriam e disparavam divertidos.
Foi quase envergonhado que lhe disse que nunca tinha tirado uma "selfie", pelo menos desde que elas estão na moda (claro que anteriormente já tinha tirado grandes planos..). Ele sorriu e disse-me que também não e nem sequer fazia ideia como é que o "tubo" funcionava.
Depois disse-me que quando começou a fazer fotografia gostava de tirar fotografias a pessoas. O problema era elas raramente ficarem como queria, faltava-lhes quase sempre naturalidade. Foi por isso que se foi especializando nos "instantâneos" com pessoas, de preferência distraídas. E quando quer uma fotografia com mais alma, prefere que não esteja ninguém por perto.
Achei curioso ele falar em "alma". Mas achei ainda mais curioso o esboço que ele tentou fazer de mim, ao dizer que eu era sobretudo um contemplativo, que me esquecia que existia, ou seja, funcionava como se não coubesse dentro das máquinas fotográficas...
Sorri-lhe e disse que que isso se devia mais à falta de fotogenia que a outra coisa qualquer.
(Fotografia de Luís Eme)
Andei pondo a leitura em dia, mas dada a dificuldade em comentar como smartphone, deixo aqui os meus votos de uma boa semana
ResponderEliminarUm abraço
Boa semana também, Elvira. :)
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