sábado, maio 28, 2016

Os Livros Nunca se Mediram aos Palmos


Recebi há cerca de uma semana um livro, enviado por correio pelo autor, José do Carmo Francisco, um amigo poeta e jornalista do Oeste.

Quando recebi esta encomenda estranhei o tamanho pouco habitual da biografia, "Vitor Damas, a Baliza de Prata" (14 x 10,5 cm), editada por "Gato do Bosque, Editores".
Depois de começar a ler a obra, não só me fui identificando com o seu conteúdo, como fui achando graça ao formato (este sim, é um autêntico livro de bolso, este cabe mesmo nos bolsos do casaco ou até das calças...), por o levar para vários sítios, com uma facilidade e ligeireza pouco habituais.
A pouco mais do meio do livro sou surpreendido pela transcrição de uma entrevista que realizei ao Vitor Damas, não como o extraordinário guarda-redes do Sporting, mas sim como treinador do Atlético Clube de Portugal, do bairro de Alcântara.
Ainda hoje recordo a afabalidade com que fui recebido pelo Damas, a maneira simples e honesta como conversámos, dentro e fora da entrevista. Entrevistei muito mais gente do futebol (jogadores e treinadores...). mas as únicas entrevistas que me ficaram na memória, pela forma aberta como conversámos, foram as do Vitor Damas, do Quinito e do Jaime Graça (esta entrevista teve ainda outro aspecto curioso, foi a única que realizei para o "Record" na minha Cidade Natal, ele era ao tempo treinador do velho Caldas).
Em relação ao livro, é uma biografia positiva, muito bem escrita, que se alimenta de transcrições de jornais e também da memória de muitos dos companheiros do antigo guarda-redes do Sporting, que recordam a pessoa simples, tímida e amiga, mas também o extraordinário guardião, ágil como um felino, com uma grande colecção de  "defesas impossíveis" no seu palmarés. E além disso tinha uma figura elegante, era alto e esguio,  e possuía uma característica pouco habitual nesses tempos: era capaz de jogar com a bola nos pés, como qualquer jogador de campo.
Apesar de ser benfiquista, sempre gostei do Damas, pelas suas qualidades invulgares como guardião e pela sua presença na baliza - era dos poucos que conseguia impor respeito aos adversários, apenas com o seu sentido posicional e a sua personalidade - e também  pela sua aparente rebeldia e vontade própria (era tudo menos uma "maria vai com as outras"...). 

Esta é uma daquelas prendas que não se esquecem, vinda de um bom amigo, que me fez pensar, mais uma vez, que os livros nunca se mediram aos palmos.

8 comentários:

  1. O Zé do Carmo é, além de um belíssimo poeta, um homem muito generoso.
    Um abraço, Luís.

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  2. Um livro vale pelo conteúdo, pelo que nos enriquece e pelo bem que nos proporciona enquanto o lemos. Se, como foi o caso, trouxer recordações gratas de tempos idos, melhor.
    Um livro, é uma viagem ao passado, um caminho para o futuro...um reencontro de amigos! :)

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  3. Luís, gostei muito deste post, que já tinha lido ontem mas não consegui comentar.
    Tocou-me sobretudo pelas generosidades.

    Voltei a pensar sobre os formatos escolhidos para os livros. Por várias razões, de vez em quando tenho de pensar nisso.
    Julgo que a escolha é cada vez mais influenciada pelo modo como gostaríamos que o livro fosse lido e como imaginamos que o seja. Os formatos pequenos, como esse, têm muito a ver com aquela leitura que não tem de seguir uma sequência obrigatória, como o romance, e com a vontade de no fim de uma tarde arranjar um banco de jardim e ler um pedaço. Um livro para andar connosco.

    Boa semana!

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    1. Acho que sim, Isabel, acaba por ser um livro "todo o terreno".

      Em relação às generosidades, "amor com amor se paga". :)

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  4. José do Carmo Francisco. Sabe que tenho ouvido falar imenso desse senhor e que acompanho o blogue Transporte Sentimental? Temos um amigo comum, o poeta Luís Filipe Maçarico, que fala imenso dele, com amizade e me deu o endereço do blogue dele.
    Quanto ao tamanho do livro, penso que pouco importa. O que interessa é mesmo o conteúdo.
    Abraço

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    1. São Boa Gente.

      Sim, o conteúdo é que conta, sem qualquer dúvida, Elvira.

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