terça-feira, maio 31, 2016

Tantas Coisas Boas que se Podem Fazer à Beira do Tejo

O velho Cais das Colunas continua a ser um dos lugares de Lisboa mais apreciados por quem vem de fora.

A maior parte das pessoas apanha sol, ao mesmo tempo que respira o ar que chega do rio já com algum sal do mar, que é logo ali à frente. 

É uma lufa lufa, conversam, tiram retratos, escutam música, até há quem leia livros. Outros mais atrevidos até molham os pés...

Abençoado Tejo, que continuas a ser a melhor "estrada" de Lisboa.

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, maio 30, 2016

A Memória Sempre que Pode Escolhe as Nossas Melhores Histórias

Ontem, quando a Rita perguntou se me lembrava da primeira vez que nos vimos, disse-lhe que sim. Claro que não sabia exactamente o dia, mas lembrava-me mais ou menos do mês e do momento em que aconteceu. 

Conhecemos-nos na apresentação dos concertos do Rui Veloso no Coliseu à comunicação social, do tempo dos "Mingus e Samurais", em 1990, ou seja há mais de vinte cinco anos.

Até lhe consegui dizer que tinha sido numa das salas do  Hotel Sheraton. Ela estava lá ao serviço da televisão e ao ver-me chegar meio perdido, levou-me até à sala. Como o Rui nunca mais aparecia (estas coisas são sempre assim...), acabámos por ficar por ali a falar e a conhecermos-nos melhor. Porque felizmente sempre houve mulheres bonitas, simples e simpáticas.

E depois os anos foram passando, sem nunca perdermos o rasto um do outro. Casámos, tivemos filhos, mudámos de trabalho. Mas houve qualquer coisa que ficou... Talvez sejamos mesmo diferentes, como tu gostas de dizer.

Falámos do outro jornalismo, que tem pouco que ver com a meia dúzia de pomposos deste tempo, que se acham quase actores de cinema. A rivalidade que existia na época acabava por servir de piada nas conversas. Era comum apanharmos boleias uns com os outros, de táxi ou em carros próprios, mesmo sem nos conhecermos bem. E depois quando a malta era porreira acabava por ficar uma simpatia e uma camaradagem, alimentada com os dedos de conversa que se trocavam entre um prego, uma bifana (ainda não era moda...), uma imperial ou um simples café.

Trocávamos cartões (ou apenas um papel com o nome e o número de telefone, os telemóveis ainda só deviam existir no Japão...) e quando era preciso fazíamos ou recebíamos o telefonema da ordem, para dar ou pedir qualquer informação. Nesses tempos ainda não existiam as televisões privadas nem o jornalismo do "salve-se quem puder" e do "vale tudo, até tirar olhos".

Acabámos por concordar que foram elas que alteraram completamente o nosso pequeno mundo do jornalismo. Fabricaram demasiadas vedetas com palmo e meio da cara, ao mesmo tempo que iam destruindo a parte "romântica" da profissão... 

Talvez as coisas não fossem assim tão boas como as pintámos ontem, mas a nossa memória além de ser bastante selectiva, também gosta de escolher as melhores histórias...

(Óleo de Vittório Matteo Corcos)

sábado, maio 28, 2016

Os Livros Nunca se Mediram aos Palmos


Recebi há cerca de uma semana um livro, enviado por correio pelo autor, José do Carmo Francisco, um amigo poeta e jornalista do Oeste.

Quando recebi esta encomenda estranhei o tamanho pouco habitual da biografia, "Vitor Damas, a Baliza de Prata" (14 x 10,5 cm), editada por "Gato do Bosque, Editores".
Depois de começar a ler a obra, não só me fui identificando com o seu conteúdo, como fui achando graça ao formato (este sim, é um autêntico livro de bolso, este cabe mesmo nos bolsos do casaco ou até das calças...), por o levar para vários sítios, com uma facilidade e ligeireza pouco habituais.
A pouco mais do meio do livro sou surpreendido pela transcrição de uma entrevista que realizei ao Vitor Damas, não como o extraordinário guarda-redes do Sporting, mas sim como treinador do Atlético Clube de Portugal, do bairro de Alcântara.
Ainda hoje recordo a afabalidade com que fui recebido pelo Damas, a maneira simples e honesta como conversámos, dentro e fora da entrevista. Entrevistei muito mais gente do futebol (jogadores e treinadores...). mas as únicas entrevistas que me ficaram na memória, pela forma aberta como conversámos, foram as do Vitor Damas, do Quinito e do Jaime Graça (esta entrevista teve ainda outro aspecto curioso, foi a única que realizei para o "Record" na minha Cidade Natal, ele era ao tempo treinador do velho Caldas).
Em relação ao livro, é uma biografia positiva, muito bem escrita, que se alimenta de transcrições de jornais e também da memória de muitos dos companheiros do antigo guarda-redes do Sporting, que recordam a pessoa simples, tímida e amiga, mas também o extraordinário guardião, ágil como um felino, com uma grande colecção de  "defesas impossíveis" no seu palmarés. E além disso tinha uma figura elegante, era alto e esguio,  e possuía uma característica pouco habitual nesses tempos: era capaz de jogar com a bola nos pés, como qualquer jogador de campo.
Apesar de ser benfiquista, sempre gostei do Damas, pelas suas qualidades invulgares como guardião e pela sua presença na baliza - era dos poucos que conseguia impor respeito aos adversários, apenas com o seu sentido posicional e a sua personalidade - e também  pela sua aparente rebeldia e vontade própria (era tudo menos uma "maria vai com as outras"...). 

Esta é uma daquelas prendas que não se esquecem, vinda de um bom amigo, que me fez pensar, mais uma vez, que os livros nunca se mediram aos palmos.

sexta-feira, maio 27, 2016

O Desaparecimento Misterioso dos Gatos da Amélia

Os tempos mudaram mesmo.

Não quero com isto dizer que que não continuem a existir desaparecimentos misteriosos de criancinhas por esse mundo fora, mas parece que há novos nichos de mercado, até porque os animais em muitos lares ocupam hoje o lugar da miudagem.

A única certeza que tenho, é que pelo menos os gatos bonitos começam a ser alvo da cobiça alheia, de uma forma notória.

O problema não é do quintal, penso que todos os animais gostam de ter espaço para correrem e saltarem. Talvez seja mais dos vários "namoros" de quem passa pela rua e se apercebe da doçura ou rebeldia dos gatos, que raramente se fazem rogados à oferta de uma lata de comida. Em troca os "benfeitores" querem a festinha da ordem e depois esperam pela melhor ocasião...

O primeiro a desaparecer foi o Miguel, depois foi a mãe, a Rita, e agora foi a Diana. Curiosamente tudo gatos "siameses" (e não persas...) e de olhos azuis.

O único que resta é o "Kalanga", com o seu pêlo preto e os olhos castanhos, já muito visto por cá. E também um pouco mais rebelde que os irmãos...

Depois do desaparecimento da Diana, os meus filhos sabem que dificilmente ela voltará. Até porque provavelmente tornou-se "gata de casa", ganhou uma "prisão confortável" em vez do quintal da avó, que até tem uma nespereira, para ela afiar as unhas...

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, maio 26, 2016

Não é Nada do Outro Mundo Acabarmos na Rua

Não é nada do outro mundo acabarmos na rua. 
Pode parecer difícil mas muitas vezes é a solução mais fácil. 
Basta sentirmos que a vida desistiu de nós, 
que é sempre possível ser empurrado mais para baixo. 
E isso não acontece apenas porque alguém resolveu inventar
essa coisa deliciosa que são os pisos menos que zero.

Depois é a fuga, a desistência, o esquecimento... 

Deixamos de ter um tecto, uma cama, uma janela, 
fingimos estar sós no mundo, sem pais, irmãos, filhos, 
ou aquilo a que um dia chamámos amor, 
que uma vez por outra descobrimos dentro de um corpo
que invade os nossos sonhos nas noites de inverno.

O bom da coisa é deixarmos de ter um nome, 

perdermos os cartões que nos oferecem validade como gente,
e sobretudo, contas e mais contas para pagar.
Casa? Não obrigado. Há por aí bancos, escadas,
montras, prédios abandonados e até estações do metro,
abertas nas noites com gelo (só costuma faltar o gin...). 

Não me fales do conforto da outra vida.

Quero lembrar-me só dos pesadelos.
Faz-me bem pensar no filho da puta que me despediu
ou na mulher que gostava sobretudo do meu ordenado.
São as suas memórias que me confortam e me fazem
sentir bem na companhia da lua e das estrelas.

Sei que o meu cheiro é desagradável

que esta falta de limpeza do corpo
pode alimentar colónias de insectos.
Esses mesmo, que dão uma comichão do caraças.

Mas deixa que te diga: se esta vida fosse uma coisa boa, 

toda a gente queria vir morar para a rua...

(Fotografia de Luís Eme)


quarta-feira, maio 25, 2016

Não Escrevi Ontem, Escrevo Hoje...


Ontem quando passei pelo Caramujo, ao ver esta "casa pintada" - transformada quase num quadro campestre -, com ar de ainda ser habitada, perguntei a mim mesmo: «Os habitantes desta casa terão gostado do seu novo visual, invulgar e artístico?»

Talvez tenham ficado agradados por este provável  regresso às suas origens, de campos e serras...

Talvez...

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, maio 24, 2016

Ainda a Propósito da Arte Urbana de Rua em Almada

Pois é Isabel, Almada é mesmo uma cidade privilegiada em "Arte Urbana".

Claro que não falo dos "borrões", falo mesmo de Arte (que podemos ou não gostar...).

O Município tem conseguido arranjar espaços para se festejar esta forma de arte, convidando os jovens que melhor se expressam, para deixarem a sua marca em várias freguesias do Concelho.


As fotografias que ilustram as minhas palavras foram tiradas no Caramujo (uma antiga zona fabril, degradada e abandonada), Cova da Piedade.

(Fotografias de Luís Eme)

segunda-feira, maio 23, 2016

A História da Educação e dos "Empresários de Sucesso" no Nosso País


A história dos "contratos de associação" feitos entre o Estado e os colégios privados, acaba por ser idêntica a tantas outras que se viveram nos últimos duzentos anos do nosso país (para não recuar mais no tempo...), de gente que só conseguiu alimentar os seus negócios à sombra de um Estado monopolista e  proteccionista.

É por isso que os argumentos de alguns empresários são bafientos e nada mudaram. A sua falsa "superioridade moral" até podia caber nos governos antes de 1974, ou nos mais recentes, de triste memória, de Passos Coelho e de Sócrates. Mas felizmente estamos num outro tempo. A única novidade que nos surge, é a tentativa de se transformarem em "sindicalistas" - essa classe que tanto abominam -, utilizando professores, pais e alunos (as vitimas de todo este processo...) para defenderem o indefensável, vestidos de amarelo.

Se fizermos uma análise honesta à história de vida de uma boa parte daqueles que se auto-intitulam "empresários de sucesso" em Portugal, percebemos que sem Estado (muitas vezes de forma ruinosa para todos nós...), eles não seriam nada. Os negócios da banca e as parcerias público-privadas das construções de hospitais e auto-estradas, são o melhor exemplo de quem se serve do Estado, sempre que pode, para ganhar dinheiro e não para contribuir para o bem público. Com a educação privada as coisas não diferem  muito.

Claro que não coloco em causa instituições com mais de cinquenta anos que foram fundamentais para o ensino em lugares onde a rede de escolas públicas era deficitária. Coloco em causa sim a maior parte dos estabelecimentos de ensino (especialmente universidades, com os resultados que todos conhecemos, dos Relvas e dos Sócrates doutores e engenheiros...) que nasceram nos últimos vinte anos, sempre à sombra do poder e dos interesses particulares da gente ligada aos partidos do arco da governação (PS, PSD e CDS).

Até posso dar dois exemplos, da Cidade onde vivo e da onde cresci. O Externato Frei Luís de Sousa de Almada, que surgiu em 1956, antes de qualquer Liceu ou Escola Técnica do Estado, continua a ser exemplar, reconhecido por todos pela qualidade do seu ensino. O Colégio Rainha D. Leonor das Caldas da Rainha foi construído apenas há dez anos no bairro da minha meninice, onde já existia a Escola Secundária Raul Proença, sem que existisse qualquer necessidade educativa. Nasceu sobretudo como um bom negócio. 

(Fotografia de Robert Doisneau)

domingo, maio 22, 2016

A Noite Europeia dos Museus

Ontem festejou-se a Noite Europeia dos Museus e foi possível visitar uma boa parte dos espaços museológicos lisboetas, gratuitamente, entre as 18 e as 23 horas.
Em boa hora fomos de carro para a Capital, porque se estivéssemos à espera da boleia da iniciativa "Museus em Movimento" (no papel bastante interessante com duas rotas prometedoras...), perderíamos mais tempo na fila à espera de transporte que nas filas de entrada dos museus.
Fomos directos para o Palácio da Ajuda, a pensar nos meus filhos que ainda não o tinham visitado. Foi uma visita agradável com bastante gente, mas bem organizada, com espaço para todos "olharem".
Já no exterior esperámos alguns minutos pela chegada da tal carrinha,  até decidirmos ir para Belém (em boa hora) em transporte próprio.


Fomos conhecer o novo Museu dos Coches (e também espreitámos o antigo, para ver o contraste...) Apesar de ser gigantesco, é um espaço "frio", demasiado "barracão". Embora não possa ficar com os tectos e as paredes do "Picadeiro Real", estou convencido que poderia ser mais "museu"...
Acabámos por jantar em Belém (com bom preço bom serviço e boa comida). Foi bom verificar que a passagem de tantos estrangeiros por esta zona turística não inflacionou as ementas.
Ainda tínhamos pensado visitar o Museu de Arte Antiga (sem qualquer dúvida um dos melhores museus lisboetas), mas já passava das 22 horas e a percepção de que era capaz de ser complicado estacionar o carro nas imediações, acabaram por fazer com que esta visita ficasse guardada para outra oportunidade...

(Fotografias de Luís Eme)

sexta-feira, maio 20, 2016

Pantónio a Fazer Arte em Almada






















Há coincidências curiosas.

Hoje ao final do dia fui dar uma volta pelos meus sítios e ao passar pela Casa da Cerca vi um artista a pintar as paredes exteriores da entrada, tirei uma fotografia e continuei, mas depois da curva vi que algo se estava a passar naquele lugar paradisíaco. 

Voltei a trás troquei duas ou três palavras com o artista e pedi-lhe se o podia fotografar. Disse-me que era o Pantónio, podia ver os seus trabalhos na "net" e que sim, podia tirar um boneco.

























Mais tarde fiz uma pequena busca na "net" e descobri que ele nasceu António na Ilha da Terceira e depois de ser muitas coisas, acabou artista e Pantónio.

O mais curioso é que conseguiu deixar os muros exteriores da Casa da Cerca bem mais sujestivos e até fantasmagóricos. Ou seja, ficámos todos a ganhar.

(Fotografias de Luís Eme)


quinta-feira, maio 19, 2016

Nada é o que Parece


Escolhi esta fotografia de Edward Steichen, porque esta mulher  pode facilmente ser confundida com uma escultura, pela pose previamente estudada, pelo penteado e também pela arte do fotógrafo em conseguir roubar vida à modelo de cabelos claros, ao ponto de lhe esconder os braços e as pernas.

Mesmo sem estar a pensar nos truques modernos (que permitem fazer quase tudo...), sei que as imagens são das coisas que mais nos iludem, pela distracção do nosso olhar e também por que muitas vezes querermos ver outras coisas...

(Aqui só para a gente, não era nada disto que tinha pensado escrever, mas a mulher da fotografia alterou-me os planos...)

quarta-feira, maio 18, 2016

Jazz com Passos Trocados ou Qualquer Coisa Parecida


Tenho dois ou três amigos quase chanfrados, que primam em ser diferentes, em praticamente tudo na vida. Todos eles fingem que não gostam de ser portugueses. Mas mal passam a fronteira, dão uma cambalhota e voltam a sentir uma necessidade enorme em pertencer ao país do Ronaldo e do Mourinho.

Esfregam na cara de todos aqueles que só gostam de países com engraçadinhos de olhos e pele clara, que são sobrinhos afastados do Vasco da Gama e do Fernão de Magalhães e habitam normalmente em Portugal, um país que é quase uma ilha.

Um deles é músico, daqueles bons que até costumam ser convidados para fazer digressões com outros colegas de ofício, capazes de encher salas e pavilhões por esse mundo fora.

Pertence a uma "tribo" que gosta de oferecer nomes estranhos aos amigos. Embora não tenha nenhuma costela açoriana, é o  "Whale Hunter" (Caçador de Baleias). Tudo porque um dia descobriram que gosta de raparigas com mais carne que osso.

Uma vez perguntei~lhe se ele sabia porque se tinha tornado músico e levei com uma resposta quase de cinema:

«Finjo que fui para músico porque tinha os pés rebeldes. Como havia sempre mais que uma coisa que me distraía fazia com que andasse a dançar as modas de forma diferente do resto da malta do baile, percebi que talvez resultasse melhor se eu fosse um dos tipos do palco com cara de "gira-discos".»
Soltou uma gargalhada antes de continuar: «Mas olha que é mentira. Mas como já a repeti tantas vezes, até eu já começo a acreditar que é verdade.
Com o jazz passa-se a mesma coisa, digo que durante os ensaios percebi que as minhas mãos eram parentes dos pés e acabou por ser o próprio professor a emprestar-me uns discos de jazz e a fazer um rascunho sobre o meu futuro.»
Nova gargalhada e uma pergunta: «Não achas que sou um bom mentiroso?»

Abanei a cabeça e disse que não, antes de lhe dizer que ele também devia escrever histórias. Ele riu-se e desculpou-se, afirmando que não fazia ideia se ainda sabia escrever...

(Fotografia de Harry Callahan)

terça-feira, maio 17, 2016

A Sempre Bela Feira da Ladra


O campo de Santa Clara continua a encher-se de gente às terças e aos sábados na já histórica Feira da Ladra. Muitos aparecem para fazer negócio, outros apenas para assistirem a todo aquele movimento humano, onde é possível regatear como em Marrocos.

Nos períodos de crise este tipo de mercado costuma florescer, e foi o que aconteceu nos últimos anos, para gáudio dos turistas, que descobrem uma feira especial, com um colorido único de ofertas.

Embora possa parecer estranho, há cada vez mais jovens que se vestem nas várias "boutiques ambulantes", que espalham pelo chão da feira. Isto acontece porque conseguem encontrar peças com alguma originalidade e sempre a bons preços.

(Fotografia de Luís Eme)

segunda-feira, maio 16, 2016

Uma Segunda Feira Mais Luminosa

Hoje acordei com mais vontade de fazer coisas, com uma maior disponibilidade para enfrentar a semana (a agenda indica muito movimento e acção...) que está agora a começar.

Há vários factores para que isso aconteça. O primeiro é este Sol que entrou pela cozinha, assim que conseguiu subir mais alto que as casas da rua das traseiras. O segundo é a vitória do Benfica no campeonato de futebol (mesmo que não sejamos "doentes da bola", acabamos por nos deixar influenciar pelos bons e maus resultados dos clubes que gostamos). O terceiro é a esperança de que esta semana continue a ser alimentada por este Sol e também pela nossa luz, essa mesmo que nos faz sorrir naturalmente...

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, maio 15, 2016

Vê de Vitória


Porque continuo a acreditar que não vale tudo, na vida e no futebol, espero que Rui Vitória e o Benfica sejam os vencedores da nossa Primeira Liga, que termina daqui a hora e meia.

(Fotografia de autor desconhecido)

sábado, maio 14, 2016

Uma Europa Manhosa e Pouco Solidária


É quase irónico ouvir os responsáveis políticos desta Europa, cada vez mais manhosa e menos solidária, ameaçar o nosso País que vai ser multado pelo défice excessivo, esquecidos que ele é obra dos seus "bons alunos" (Passos e companhia), que professam a mesma ideologia política, que não tem feito outra coisa, que não seja destruir o chamado "Velho Continente".

Gente que depois de ser cúmplice na construção de cercas e muros, é capaz de pagar aos turcos, para tomarem conta dos refugiados de guerra, só para fingirem que não têm nada que ver com isso e ficarem no quentinho das suas casas, satisfeitinhos da vida. Como se o "mal" que fazem hoje não acabe por lhes bater à porta amanhã...

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, maio 13, 2016

A Complexidade de Vivermos Uns com os Outros


Às vezes penso que Fernando Pessoa (e todos os seus lados bons...) foi das pessoas que melhor entendeu os humanos.

Talvez fosse por isso que se refugiasse no mundo secreto das palavras e das bebidas que prometem levar-nos por aí de viagem.

Foi sobretudo um observador.

E o que ele pôde observar durante a Primeira República... com os múltiplos exemplos da gente que passou o tempo a alimentar golpes e tumultos, deitando fora o pior que tinham dentro de si, capazes de dizer uma coisa hoje e outra amanhã, completamente diferente...

Talvez por isso Fernando tenha sido também tanta gente dentro de um corpo só. Foi a forma que escolheu para tentar ir mais fundo na complexidade humana, vestindo a pele de gente distinta.

E percebeu melhor que ninguém, as razões de cometermos os mesmos erros mais que três vezes...

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, maio 12, 2016

Uma Sensação Diferente


Ontem aconteceu-me algo que não me acontecia há anos, quando passava rente à escola secundária perto da minha casa, levei com uma baforada de fumo. O mais curioso é que esteve longe de ser desagradável.

Eu que nunca fumei (voluntariamente...) e que também nunca percebi muito bem porque razão alguns fumadores amigos não me incomodavam nada a fumar ao meu lado e outros faziam com que sentisse o fumo a entrar dentro de mim de uma forma desagradável, estranhei ter gostado daquele cheiro que me acompanhou por um segundo.

Nem posso dizer que este gosto se deva à moçoila de roupas escuras lábios rouge e olhos bonitos, a tal fumadora, porque só a olhei depois e por ter gostado daquela sensação.

Fiquei a pensar que este "gostar" talvez se deva à marca de tabaco que a miúda fuma. Lembrei-me logo de um período de falta de tabaco nacional, em que se importaram demasiados cigarros espanhóis, que durante algum tempo deixaram um cheiro no mínimo estranho nas ruas e cafés.

(Fotografia de Yale Joel)

quarta-feira, maio 11, 2016

«Sei que é mais fácil falar em mudanças que mudar.»

Neste espaço, que serve para tudo, para ficcionar a vida, mas também para desabafar, muitas vezes quase que escrevo em código. Foi o que aconteceu ontem.

Faço-o por três razões. Para não dar demasiada importância a quem não a tem, para que estes assuntos fiquem só entre quem tem conhecimento deles e também por precisar de "descarregar a bílis". Ninguém é perfeito.

Acabei por falar com uma amiga à noite, que percebeu a minha mensagem e disse: «espero que só mudes um bocadinho.» Respondi-lhe que queria mudar mais que um bocadinho, embora adiantasse mais uma daquelas verdade daquele senhor com nome francês: «Sei que é mais fácil falar em mudanças que mudar.»

Ambos concordámos que é um assunto para ser gerido com "pinças", por envolver outras pessoas. Só não podemos é continuar a alimentar o ego de alguém que passa a vida a usar os outros, que gosta de usar a máscara, da "desgraçadinha", para que alguém faça o trabalho que lhe compete. E que na hora de receber "louros", esquece todos aqueles que estão à sua volta e a quem devia estar no mínimo grata. 

Ainda não percebi bem porque razão participamos neste "circo". Embora saiba que é fácil caír duas ou três vezes na  "esparrela da desgraçadinha", mais por pena (esta palavra feia...) que por outra coisa. 

Mas provavelmente nós é que somos os burros...

(Óleo de Frederic Bazille)

terça-feira, maio 10, 2016

É Tempo de Mudar

Finjo muitas vezes que não percebo porque razão é que as pessoas burras e imbecis, fazem tanta batota para conseguir dar nas vistas no que quer que seja.

Mas é demasiado óbvio que esta é a única forma que têm para conseguir ultrapassar todos aqueles que lhes são superiores, em talento e qualidade humana.

Razão tem o meu amigo Orlando, cansado e farto de todos os fulanos que nos rodeiam, cínicos e invejosos, que fingem ser outra coisa, porque querem ser mais do que o que são.

Sei que tenho deixado a porta aberta algumas vezes, e que eles, como não perdem uma oportunidade, entram sempre que podem, mesmo que não sejam convidados.

É tempo de mudar.

(Fotografia de Gordon Parks)

segunda-feira, maio 09, 2016

As Conversas de Segunda Feira

Noto que este ano foi o ano em que falei menos de futebol com os meus amigos  às segundas, pelo menos do nosso futebol. Foi impossível passar ao lado do Leicester e da lição de Claudio Ranieri, que alguns achavam demasiado simpático para ser um vencedor (chegou a ser um dos "inimigos de estimação" de Mourinho, a par de Wenger...) ou da subida do Cova da Piedade à 2.ª Liga.

E tem uma explicação. Como temos dois dedos de testa, não nos podíamos rever nas palavras "incendiárias" dos Brunos, dos Octávios, dos Jesus, dos Inácios, dos Guerras, dos Gomes ou dos Gabrieis. Gostamos do Benfica, do Sporting, do Cova da Piedade ou do Almada, mas gostamos ainda mais de ser amigos.

Sabemos que o futebol não é este "vale tudo", esta tentativa de colocar todas as pessoas em xeque, de escolher os árbitros como "bodes espiatórios" e culpados de tudo o que acontece de mau nos estádios.

Não sei se as nossas conversas tem sido mais proveitosas. Têm sido pelo menos diferentes. Falámos mais de ténis, do João Sousa, do Gastão e do  Frederico, meu conterrâneo, filho e sobrinho de dois bons amigos de infância. Nem de propósito, li agora de manhã que o João alcançou o melhor ranking de sempre de um jogador português, é o 30.º do Mundo, com tudo o que isso implica de horas de treino, viagens de avião (para todos os continentes...), noites dormidas em hoteis, mudanças de fusos horários... e claro, o afastamento da família e amigos.

(Fotografia de autor desconhecido, retirada do site de "A Bola")

sábado, maio 07, 2016

O Companheirismo Quase que faz Milagres

Eu sei que há "reboliços" bons. Vozes que mesmo quando falam ao mesmo tempo, em vez de nos irritarem, fazem-nos sorrir.

Enquanto conversam e se mexem de um lado para o outro, eles com chaves de fendas ou de bocas na mão, elas com panos que limpam quase tudo, naquilo que podia parecer uma "opereta", mas com acção de verdade. Sim, falo do trabalho com que "erguem edifícios", de um dia para o outro. 

Chegam ao fim do dia com suor impregnado nas roupas, algumas dores aqui e ali - que falam da desabituação de alguns gestos de operários de quem se foi refinando com o bom que a vida proporcionou -, mas sobretudo com uma alegria imensa estampada nos rostos, de quem foi capaz de fazer muito mais do que poderia pensar. E tudo isto pelo amor que sentem à causa colectiva.

Obrigado Companheiros!

(Óleo de Gail Roberts)

quinta-feira, maio 05, 2016

Chuva, Sol e Mais Qualquer Coisa


Parece que vamos ter chuva por uns dias.

Depois do almoço pensei que não deveria ser nada de dramático, se acontecesse como hoje, em que fomos brindados com a aparição do Sol. Quase que nem será preciso usar o chapéu de chuva, até porque o calor continua, pelo menos hoje.

Já a meio da tarde, o cinzento voltou e conseguiu esconder o Sol. A chuva também deve estar por minutos, só não sei se vem de avião, de autocarro ou de barco...

Dizem que a temperatura vai descer. Espero que sim, porque não acho muita piada  ao "caldo" que nos é oferecido com a mistura entre a chuva e as temperaturas altas, que nos leva quase de viagem à África tropical.

(Fotografia de Julie de Waroquier)

quarta-feira, maio 04, 2016

Agitação versus Criação

No meu caso pessoal, a agitação sempre foi inimiga da criação. Quanto mais a cabeça está liberta, mais me surgem ideias do arco da velha (e da nova) e vontade de criar.

Embora continue a escrever pequenas coisas em papeis, sei que dificilmente terão continuidade amanhã. 

Claro que nada disto acontece por acaso. E vai ser assim até ao final deste mês de Maio (embora tenha uma palestra e uma exposição para organizar, pelo meio...).

Estou numa fase de grande involvência física e psicológica, porque a Associação Cultural a que pertenço (SCALA) tem finalmente um espaço próprio. Depois da realização de pequenas obras, estamos a iniciar a fase de instalação (com tudo o que isso tem de complicado, desde ideias diferentes sobre as pequenas e grandes coisas, até aos imprevistos que surgem sempre...).

Espero que toda esta agitação acalme (pelo menos na segunda quinzena deste mês...), para que volte a ter tempo para mim.

(Fotografia de Lyon de Castro)

segunda-feira, maio 02, 2016

O Primeiro de Maio Nunca foi para Todos

Irrita-me que um supermercado continue a abrir as portas no Dia do Trabalhador, acenando com promoções de metade do preço a um povo, que continua refém de uma economia capitalista, que acha que é com ordenados baixos e trabalho precário que vamos lá.

Mas depois  passeio pelas Caldas da Rainha e vejo a Praça da Fruta cheia de gente (vendedores e compradores...) e fico sem saber o que pensar. Embora estes  vendedores trabalhem por conta própria e aproveitem o fluxo turístico do domingo  (quer também foi o Dia da Mãe, um bom dia para as floristas, porque é sempre bonito oferecer flores...), para colmatar os dias de menor movimento.

E nem vou falar dos restaurantes, das filas intermináveis em Cacilhas, de gente que esperou quase duas horas para almoçar...

É então que me lembro, estupidamente, que o Primeiro de Maio nunca foi para todos...

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, maio 01, 2016

A Mãe é Tudo...


Todas as palavras bonitas podem ser utilizadas para falarmos das nossas mães, porque são muito do melhor que somos...

O Zeca canta muito bem, de uma forma simples, o que quase todos sentimos...

[...]
Ó minha mãe minha mãe
Ó minha mãe minha amada
Quem tem uma mãe tem tudo
Quem não tem mãe não tem nada
[...]

(Óleo de Pino)