sexta-feira, abril 22, 2016

A Curiosa e Feliz Sobrevivência dos Livros


A proximidade do Dia Mundial do Livro fez com que fosse convidado hoje de manhã para falar sobre a importância do Livro e dos Autores na aquisição de conhecimentos e criação de mundos, nesta era dominada pela tecnologia, numa escola do Concelho de Almada (EPED)

Falei de muitas coisas, revivi os meus tempos de escola, sem me esquecer de falar das boas professoras de português que tive (pena terem sido poucas...). Falei da importância de ler para escrever, e depois fiz um paralelo entre o que está a acontecer aos jornais e aos livros nestes tempos de mudanças quase diárias.

Os jornais em papel têm os dias contados, por não serem viáveis economicamente. A falta de publicidade, o peso das redacções e a queda brutal nas vendas, faz com que eu pense que dentro de pouco tempo a maior parte dos jornais só serão publicados "on-line".

Curiosamente com os livros aconteceu o contrário, mostraram uma resistência fora do comum e conseguiram (até ao momento...) ganhar a "batalha" contra os "livros digitais".

Para justificar esta "vitória", falei da identidade própria de cada livro, que começa na beleza da capa, no cheiro do papel e da tinta, do prazer de folhear as suas páginas, anotar, marcar as suas folhas... embora continue a pensar que o melhor de cada livro são as suas palavras, capazes de nos levarem de viagem para lugares especiais e conhecer personagens extraordinárias.

O mais curioso foi a turma do 11 º ano que me recebeu  ser  composta apenas por rapazes (pensava que já não existia nada disto...), que se portaram muito bem. E foram bastante honestos, quando lhe perguntei se algum deles lia livros. A resposta foi não. As únicas mulheres presentes foram as três professoras que organizaram a sessão e foram um bom apoio.

Não sei até que ponto fui uma boa influência. Não sei se eles irão sentir alguma curiosidade pelo que está dentro dos livros. Era bom que sim. Só ficavam a ganhar...

(Fotografia de Zoltan Glass)

8 comentários:

  1. Muitos não compreendem o que ganham ao ler livros, a maior parte vê como uma obrigação e não lê muito mais que as obras adoptadas na disciplina de Português. Acho que a estimulação tem que estar presente na casa de cada um. Há demasiados estímulos nesta geração e são diferentes, pois para eles tudo tem que ser imediato

    Bom sábado Luís, aqui um sol lindo :)

    Beijinhos

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    1. Mas os tempos são outros, Glória.

      O mundo virtual é um "malandro" para os livros...

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  2. Há uns dias falei um bom bocado sobre isto com um amigo que trabalhou muitos anos numa gráfica.
    Talvez por essa razão, ele que até 'maneja' bem a Internet, recusa-se a ler jornais online.
    E eu dizia-lhe que 'isso' até marcha, mas livros nem pensar. Para mim, livros só em papel. Pelas razões que o Manguel tão bem explicou e que aqui tu aludiste.

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    1. Penso como tu, livros são imprescindíveis, Isabel.

      E ainda compro jornais, mas fico com a sensação que é mais por "vício do papel", que por outra coisa. :)

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  3. Li num dos blogues que frequento, que a senhora que mantém o blogue, viajou há dias de comboio Porto Lisboa. E que ficou muito admirada pois na carruagem em que viajou, apenas um jovem, vinha entretido com o telemóvel. Todas as outras pessoas, jovens na sua maioria, vinham a ler.
    Abraço e bom feriado

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    1. Talvez o comboio não tivesse sinal da "net", Elvira. :)

      Claro que é bom sinal.

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  4. Uma turma de 11º ano só de rapazes??
    Quase apostava ser uma turma de Geometria descritiva.
    Tenho um finalista cá em casa que também lhe tocou uma turma assim! :)
    (mas ele responder-lhe-ia que leu toda a sua infância e adolescência)

    Mas voltando aos livros... eu nunca vi falar-se tanto de livros e venderem-se tantos como ultimamente. Acho que as redes sociais e a divulgação do que cada um vai lendo, incentiva os outros também a ler.

    Boa noite e desculpe qualquer coisinha...
    (^^)

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    1. É uma escola de Ensino com via profissionalizante e eles estudam tecnologias informáticas (até me contaram que foram eles próprios que fizeram a base de dados para a biblioteca da escola), Afrodite.

      Não sei se se vendem assim tantos livros. Publicar-se sim, nunca se publicaram tantos livros como agora, agora vendas, não sei não...

      Penso que as redes sociais não são a melhor mostra, até porque se pode falar de livros sem os ler...

      O "Largo" gostou da visita. :)

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