Apesar da forma como os poderes têm tratado a Cultura nos últimos anos, especialmente o teatro, com uma boa parte das companhias e dos actores a sobreviverem com grandes dificuldades, elas e eles resistem e continuam a pensar que a sua profissão é tão digna como outra qualquer.
Se viajarmos no tempo percebemos que, excluindo o Teatro chamado comercial, nunca se conseguiu chegar ao grande público, não se conseguiu criar o hábito de levar as portugueses a assistirem aos espectáculos teatrais, tão próximos de nós e das nossas vidas. Isso faz com seja praticamente impossível a uma companhia sobreviver sem apoios do poder central ou local.
A culpa é de todos nós e não apenas dos encenadores e actores (tantas vezes acusados de apenas olharem para os seus umbigos...). O Estado é quem tem mais culpas, já que nunca valorizou o Teatro no ensino, nem apostou na sua divulgação como veiculo cultural (se há Arte que lhes mete medo é a de Talma, porque os actores são capazes de dizer coisas bastante incómodas nos palcos...). E nós também temos a nossa quota parte de culpa, por nos deixarmos "prender" aos sofás, em vez de irmos à procura da magia do Teatro...
É por isso que eu não percebo que seja uma instituição da alta educação, a Universidade de Lisboa, a querer colocar na rua a Companhia dos Artistas Unidos, sediada na Escola Politécnica, devido a dívidas que os Artistas Unidos nunca se recusaram a pagar.
Mesmo compreendendo as dificuldades financeiras que a Universidade de Lisboa também passa, com os cortes sucessivos no apoio dado pelo Estado, achamos que esta instituição tem a obrigação de ser mais sensível que outra qualquer, perante o quase abandono a que está votada a Cultura no nosso país.
E não se devia esquecer que antes da entrada em cena dos Artistas Unidos, o Teatro da Politécnica era um espaço abandonado. Hoje felizmente é um pólo cultural com uma série de valências, que não pode nem deve ser desperdiçado.
O óleo é de Luiz de Souza e as fotografias de autores desconhecidos.
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