sexta-feira, outubro 31, 2025

Um Outubro que se despede em tons de cinzento...


Da minha janela, virada para o Tejo, olho o "melhor rio do mundo", pintado de cinzento.

Curiosamente, continua belo, mesmo sem ter os tons verdes e azuis habituais, graças às nuvens que escondem o Sol. 

Mas o Sol não se rende e tenta furar as nuvens que lhe dão banho, oferecendo novas tonalidades de cinzento e iluminando as águas do rio...

É o Outubro a despedir-se, quase num quadro a preto e branco, memorável...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quarta-feira, outubro 29, 2025

O desvio das atenções e um dos prováveis "pais da criança"...


No nosso pequeno "microcosmos" social, onde misturamos o café com palavras, o elemento mais desbocado, é também aquele que é capaz de ver mais longe e fazer o papel de "bombeiro", quando percebe que há um ou outro elemento com menos paciência para escutar os outros. Usa quase sempre o humor...

É sempre bom o Carlos trazer para a mesa alguma serenidade, quando a realidade nos começa a irritar, quase a sério. Até mesmo os elementos mais conservadores, deixaram de perceber o que se está a passar com as pessoas, que só se preocupam com o acessório, que se esquecem dos hospitais, do preço das rendas e dos ovos, deixando que lhes enfiem "burcas" na cabeça.

Graças às piadas secas do Carlos, sorrimos e concluímos que o problema está longe de ser apenas do cidadão comum ou das redes sociais. Não há uma televisão que consiga ficar indiferente às tiradas populistas do "coleccionador de salazares" ou aos seus cartazes provocatórios. Os seus editores são os primeiros a tornar notícias que deviam ser de rodapé, em "casos nacionais", obrigando os jornalistas a fazerem "sprints" atrás de mais palavras polémicas.

O mais curioso, foi estarmos todos de acordo, que o Ricardo Araújo Pereira, é o suspeito número um de ser o "pai da criança"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, outubro 28, 2025

Conversas, olhares, teorias e práticas...


Sei que há mais que uma forma de olhar para as coisas que nos rodeiam, da mesma forma que também sei, que a própria realidade é muitas vezes deturpada. Isso acontece pelas leituras erradas que se fazem e também pela vontade de se ser "o dono da verdade"...

Sinto isso nas conversas de café que tenho com amigos. Além de sermos teimosos, temos ainda a mania que estamos mais bem informados que o comum dos mortais. É por isso que nas questões mais polémicas, raramente chegamos a um consenso.

Não é nada de preocupante, sabemos que são apenas conversas. É por isso que nunca nos chateámos a sério e quando as coisas começam a querer "azedar", o humor instala-se na mesa e volta tudo ao normal (grande Carlos!).

Foi por isso que tivemos alguma dificuldade em chegar a acordo, sobre o "valor da vida" de todos aqueles que fazem parte das forças de autoridade, segurança e protecção (polícias e bombeiros). 

A morte de um elemento da GNR, numa operação contra o narcotráfico, no Guadiana, que provocou uma grande operação policial em busca dos assassinos, nos dois lados da fronteira, fez com que de início, poucos concordássemos com o envolvimento de mais meios, do que se fosse um cidadão normal. A troca de argumentos fez com que nos aproximássemos e sentissemos, pelo menos teoricamente, que a vida de quem passa o tempo a garantir a nossa protecção e de bens públicos, deve merecer mais respeito e ser mais valorizada, por todos nós.

O ponto de discórdia, não tinha nada a ver com este acontecimento, mas sim com a prática diária dos agentes da autoridade, que muitas vezes inspiram mais o medo e a desconfiança, que a segurança, junto das comunidades.

Mas no plano teórico, estivemos todos de acordo. A vida de quem tem como profissão e missão a nossa protecção, deve ser sempre valorizada e enaltecida.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, outubro 27, 2025

Talvez a maldade humana não tenha limites...


Uma das lições que o progresso nos dá, é a facilidade que temos em utilizar a maior parte das coisas que são pensadas e criadas para melhorar as nossas vidas, da pior maneira.

Ainda não sabemos muito bem, quais são os sectores onde podemos usar de uma forma mais eficiente a Inteligência Artificial, para nos facilitar o dia a dia, já ela anda nas "bocas do mundo", pelas piores razões. 

A "chico-espertice" do costume, de mão dada com a maldade humana, já a começaram a usar em todos os géneros de burlas e roubos de identidade, ao ponto de já ser olhada de lado, por uma grande parte da população mundial... 

Somos o que somos. 

Provavelmente, a maldade humana não tem limites...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, outubro 26, 2025

As palavras bonitas (e compreensíveis) da Sophia...


Continuo a ler muita poesia.

Foi um hábito que ficou da pandemia, em que finalmente fiz uso do cartão de leitor da Biblioteca Municipal de Almada.

Já tinha os meus poetas preferidos (todos temos...). Pouco ou nada mudou, dezenas de poetas lidos depois.

A Sophia de Melo Breyner Andresen e o José Gomes Ferreira, continuam a ser grandes, nas palavras bonitas que escolhem para nos transmitirem as suas emoções, os seus encantos e desencantos, sem fugirem do mundo concreto, de tudo aquilo que nos cerca.

Poderia falar também de Alexandre O'Neill, de Ruy Belo, e de pelo menos, mais meia dúzia de poetas, que são de uma linha poética mais compreensível (pelo menos para mim...). Sim, eu gosto de ler, sentir e perceber a mensagem poética que está a ser transmitida.

Lá estou eu a fugir... Só queria transcrever por aqui, as palavras escritas, a lápis, que me ficaram depois da leitura de mais um dos livros da Sophia (Obra Poética II):

«Ao ler a poesia da Sophia, sinto-me maravilhado. A forma como ela consegue dar beleza e sentido poético às palavras, é única. Palavras que nunca se perdem no espaço, nunca querem ser estrelas, querem ser apenas poemas. Poemas que conseguem ser sentidos e maravilhar qualquer pessoa que seja sensível e goste de poesia.»

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, outubro 25, 2025

Cada vez mais espectáculo e menos informação


Não sei se fale no poder do futebol, se no poder do Benfica, para este dia, quase integralmente dedicado ao "glorioso" (que já se sabe que bateu o recorde do mundo em número de votantes em eleições para clubes desportivos).

Ou talvez deva falar de uma forma de fazer televisão, cada vez mais virada para o espectáculo e menos para a informação, dando quase sempre mais atenção aos "casos e casinhos", que ao que realmente importa para todos nós.

Quem se tem aproveitado bem destas novas linhas editoriais são os partidos políticos que estão no poder, que também preferem apostar mais no "entretinimento" que na "arte de governar"...

Curiosamente, encontrei uma crónica de Vasco Pulido Valente (que estava longe de ser o meu cronista preferido...), datadas de 8 de Março de 2015, que nos oferece um retrato demasiado real dos canais televisivos - com a excepção do agora RTP Notícias - dez anos depois...

Eis as palavras do Vasco, no "Público": «Basta ligar a televisão para se perceber o estado de indigência intelectual e política a que chegou o país. A informação, que já foi sofrivelmente sensata, embora parcial e sumária, tem hoje o critério editorial do antigo semanário O Crime e da imprensa cor-de-rosa e desportiva.
Para começar, os portugueses são presenteados com horas do que antigamente se chamava “casos crapulosos”: a facada, o tiro, o roubo, a violência doméstica, histórias de tribunal, considerações de réus, de testemunhas, de advogados, de “populares”, da polícia e de um ou outro comentador de serviço. Depois do “crapuloso” vem o “acidente” e a catástrofe: desastres de avião e de automóvel, incêndios, tempestades de vento ou neve, inundações, tudo o que meta feridos, mortos, miséria e sangue.»

Não se trata apenas dos "retratos" do CMTV ou do NOW, a CNN e a SIC Notícias estão logo ali, depois da esquina...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, outubro 24, 2025

A vida, entre a realidade e as percepções...


Continuo a acreditar mais em percepções que num aumento de violência nas ruas (pelo menos de uma forma significativa), mesmo sabendo que há pessoas e pessoas, e há ruas e ruas...

Sempre existiram vários "guetos", onde quem era de fora, não era bem recebido. Havia "covas da moura" nos vários concelhos que rodeiam Lisboa, mesmo que não fossem tão fechados, labirínticos e perigosos. A Margem Sul tinha (e tem...) pelo menos meia dúzia deles...

Normalmente só se fala destes bairros, quando se percebe que cresceram demasiado (em vez de centenas de pessoas, acolhem milhares...) e que se tornaram mais sujos e mais violentos, lançando o alarme em quem vive nas proximidades. 

Infelizmente, estes lugares estão longe de alojar apenas "marginais". Há cada vez mais gente a procurar estas zonas para viver (até foi criado um novo nicho de mercado, pois há quem enriqueça com o aluguer de "barracas"...), porque não conseguem alugar uma casa a preços acessíveis. 

Não se pode esperar, que quem cresce nestes lugares, viva apaziguado. Eles sabem que há "quem tenha tudo" e que "eles não têm quase nada"...

É por isso que me faz confusão, que os políticos fechem os olhos à existência destes bairros, sem o mínimo de condições para alojar seres humanos, ao mesmo tempo que continuam a alimentar a percepção do aumento de violência, um pouco por todo o lado...

(Fotografia de Luís Eme - Trafaria)


quinta-feira, outubro 23, 2025

A forma dúbia (e estúpida) como tratamos quem chega de fora...


De uma forma geral sempre fomos assim, o caráter nunca foi um traço muito forte da personalidade dos portugueses.

As mitologias que por vezes tentam transportar Viriato ou Afonso Henriques, para o nosso tempo, não passam disso mesmo, mitologias...

É por isso que o normal, especialmente nos pequenos poderes, foi sempre ser fraco com os fortes e forte com os fracos. Ainda hoje é assim, especialmente nas mentes mais conservadoras e retrógadas, que atravessam todas as classes sociais. Talvez a ditadura salazarista tenha sido demasiado impositiva neste aspecto, mas está muito longe de explicar tudo...

Esta forma de estar, explica em parte a forma como recebemos os emigrantes. Se for gente, aparentemente endinheirada (mesmo que sejam bandidos da pior espécie...), que compram "palacetes, carros de 100 mil euros, quem mora na sua rua, até é capaz de lhes fazer uma vénia. Se foram simples trabalhadores, que vieram fazer aquilo que já nos achamos demasiado importantes para fazer, seja na hotelaria, restauração ou serviços de limpeza, são olhados de lado e apontados a dedo, se faltar alguma galinha na capoeira da vizinha (por ela não saber contar muito bem)...

Esquecemos que é graças a estes "endinheirados" (os "traficantes" que tiveram a porta aberta graças aos "vistos de ouro", mas também a gente famosa do cinema, da moda, os reformados das europas e das américas, e ainda, essa profissão estranha e vasta, como o nome de "nómadas digitais"), que se está a tornar um "luxo" viver no nosso país, especialmente nos grande centros urbanos. 

É graças a eles que o preço das casas sobe a níveis quase de Paris, Londres ou Nova Iorque, assim como as diárias de hotéis, as ementas de restaurantes e até os preços das batatas, dos tomates e das cenouras nos mercados.

Mas bom é seguirmos a "lenga-lenga" da direita e culpar quem vem para cá trabalhar e tem uns tons de pele ligeiramente mais escuros que nós. Gente que além de ser mal paga, é mal tratada e olhada de lado, por uma população cada vez mais incapaz de pensar pela sua própria cabeça, que engole todas as "percepções" que vão dando jeito a quem nos governa e que vão tornando o nosso país cada vez mais miserável e desigual.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, outubro 22, 2025

As escolhas que fazemos, com mais ou menos fé...


Enquanto ouvia a senhora que viajava no mesmo cacilheiro que eu, pensava que havia algo contraditório nas suas palavras, como se por ela ser crente, não pudesse lamentar a sua triste vida...

Não demorei muito tempo a sentir que estava errado, que uma coisa era a vidinha, outra era a fé. E mal de quem as confunde e não consegue reagir aos dramas que fazem parte do dia a dia de todos nós.

Embora continue a ser uma frase forte, "felizes daqueles que acreditam", não pode servir esconder a realidade ou fazer com que as pessoas aceitem de bom grado o seu "triste fado". E era isso que a senhora fazia. Estava longe de se ficar com o "seu destino"...

Quem não tem um Deus, ou vários Deuses, à partida é mais livre na forma como vive e aceita a vida. O que não quer dizer que não ande por aí mais perdido, que todos aqueles que são capazes de se agarrar a qualquer religião e sentir que têm ali alguém, que os pode valer nas horas difíceis.

Há demasiados coisas que acontecem à nossa volta, que escapam ao nosso entendimento. É também por isso que há quem procure respostas nos muitos templos que pululam por aí, que peça ajuda a um Deus maior, sempre que tropeça numa pedra...

E depois há os outros, que  acreditam no seu "livre arbítrio", que  gostam de sentir-se livres, até mesmo de deuses...

(Fotografia de Luís Eme - Alentejo)


terça-feira, outubro 21, 2025

As palavras ditas e as palavras escritas...


As palavras saem quase sempre com mais normalidade e espontaneidade da nossa boca que quando são escritas. Quando escrevemos, pensamos nas palavras que usamos e também há uma quase "encenação" no texto, para lhe darmos mais sentido, e até beleza.

Pensei nisto a ouvir uma mulher a falar da sua vidinha, no interior do cacilheiro. Queixava-se de que a sua vida era uma porcaria (com outra palavra...). E só não era pior, porque contava, aqui e ali, com a ajuda de Deus. 

Houve duas coisas que me chamaram a atenção, o uso da tal palavra, que quase que deixou de ser palavrão e a sua fé.

Hoje vou falar apenas do uso das palavras. a Fé fica para amanhã... Aliás, palavra.

Como não tinha mais nada em que pensar, convenci-me que na actualidade o uso da palavra "porcaria", começada por um eme, era mais usada nas nossas conversas que nos nossos textos. 

O tempo foi lhe dando espaço e normalidade, ao mesmo tempo que lhe retirava a ordinarice e maldade.

Provavelmente, isso sempre aconteceu, com uma ou outra palavra, ao longo dos tempos. Só que nem sempre pensamos nisso...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


segunda-feira, outubro 20, 2025

O prazer quase doentio de "pregar partidas" aos portugueses...


Lembro-me, sobretudo na adolescência, de nos unirmos à volta de uma mentira, para pregarmos uma partida a um amigo, acabadinho de sair na "rifa". Isso acontecia, muitas vezes apenas porque sim.

Até nos reuníamos em grupo, para que a mentira fosse mais convincente e não pudesse ser desmontada logo às primeiras.

Penso que esta deve ser a "táctica" usada pelo partido mais mentiroso e ordinário que existe no nosso Parlamento (não é por acaso que não há uma semana em não sejam desmentidos no Poligrafo da SIC...).

Pelo seu ar de pândegos, há uma forte possibilidade de terem colada numa das paredes da sede, uma lista com os "reis dos mentirosos" do partido.

Aquilo que eu não sei, é se alguma vez irão perceber, que não se governa a trocar as voltas à realidade e a "pregar partidas" aos portugueses...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, outubro 19, 2025

«Eles continuam burros, mas não sabem...»


O mundo avançava levando-nos de viagem numa das carruagens do metro. Éramos os únicos que conversávamos. O resto da malta, novos, velhos e assim assim, estava presa ao quadrado que as ligava a um outro mundo, distante do nosso. A única excepção que confirmava a regra era uma senhora de idade, de ar triste, que olhava para o seu reflexo no vidro. Devia fazer contas à vida, cada vez mais difícil, especialmente para quem sonhava ter um final de vida diferente...

O Carlos começou a falar das pessoas que nunca leram um livro na vida ou uma reportagem a sério de jornal. Sempre deram preferências aos cabeçalhos e às notícias de mexericos ou crimes. A maior parte nem estranhou passar das páginas do Correio da Manhã para as notícias oferecidas pelos manipuladores do mundo virtual.

Eu sabia que ele estava certo, mesmo que raramente usasse "travões" e adorasse ser politicamente incorrecto, Mas estávamos no metro e não no nosso café... Foi por isso que as pessoas que estavam ao nosso lado, mostraram algum desconforto pelas suas palavras, embora continuassem presas aos smartphones.

Saímos na nossa estação e enquanto caminhávamos ele resolveu acabar com o assunto da melhor maneira, com uma frase que era toda ela um poema: «Eles continuam burros, mas não sabem...»

Era uma daquelas frases que também podia ser dita pelos nossos queridos José Gomes Ferreira ou Alexandre O'Neill, para caracterizar o "bom povo português"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, outubro 18, 2025

A tentativa de fuga do "mundo normal"...


O sinal mais óbvio da aproximação da política ao pior que existe no futebol e nas religiões - a "clubite" e a "crença cega" -, foi termos voltado a ouvir, a ler (e a conhecer...), notícias sobre zangas familiares por causa da política, aliás, partidos políticos.

Quando as coisas se tornam pouco racionais e as pessoas nem sequer querem "ouvir o outro", preferindo ficar agarradas à "cegueira ideológica", é muito difícil trazer esta gente de volta ao "mundo normal".

Sim, "mundo normal", esse lugar onde ainda é possível pensar-se pela própria cabeça, sem se responder com provocações ou insultos a quem pensa de forma diferente...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, outubro 17, 2025

As barcas são sempre mais bonitas que os barcos ou navios...

Olho-as da janela ou da varanda das traseiras da minha casa, passam por mim dezenas de vezes, desde as de carreira, para o Barreiro, Montijo ou Seixal às mais pequenas de pesca, que se abrigam rente aos muros da Base Naval. Base de onde de longe a longe, saem as barcas mais cinzentas do Tejo, quase sempre para missões de apoio e socorro...

Nas conversas de rua, os marinheiros das barcas cinzentas estão sempre prontos a corrigir, aqueles que acham normal utilizar o seu masculino, dizendo com o pouco orgulho que lhes resta, que na Marinha só existiam navios (pois é, nada de barcos ou barcas...).

Também consigo olhar as barcas gigantes, que se fazem anunciar no adeus à Capital, com uma sirene de despedida, que enche as águas e chega às duas margens do Tejo.

Embora a minha varanda me ofereça, "muito Tejo, muito Tejo" está longe de ser o melhor miradouro do "melhor rio do mundo". Bons, bons são os do Jardim do Castelo e o da Casa da Cerca (o meu preferido e o do retrato...). 

Aí sim, as barcas ganham toda a poesia que as caracteriza... E se forem veleiros e o vento deixar, até desfraldam as velas e avançam pelo estuário fora, a fingir que o Tejo é um Oceano, ao mesmo tempo que os homens do leme, fingem-se orgulhosos de serem "netos dos nossos navegadores"...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


quinta-feira, outubro 16, 2025

Mapas de vidas desenhados nos corpos...


Sei que nem toda a gente sente e é capaz de explicar o porquê das marcas que "escreve" no corpo.

Umas acontecem, apenas por que sim, outras porque se tornou um hábito (o vício não é para aqui chamado...), com a forma e a linha a surgirem quase momentaneamente, na tentativa de tapar mais alguma coisa na palidez dos corpos... Outras têm uma história, quase sempre de amor (com corações, palavras e retratos...).

Pensei nisto, à medida que me aproximava da mulher com corpo de menina que estava parada uns metros à minha frente, a ler e a enviar mensagens, que tinha "demasiado mundo" no corpo para uma adolescente.

Já por perto, percebi que a mulher-menina não tinha pele cor de pele, entre as calças e o top curto. Havia por ali linhas e ondas, quase numa aventura surrealista, que podiam ser mapas de qualquer coisa, ou apenas um desenho escolhido na loja.

Só quando parei para abrir o portão, a um metro daquele corpo desenhado, é que percebi que se tratava de  um mulher com corpo de menina. O barulho do ferrolho fez com que ela se virasse e se enchesse de desculpas, mesmo que não estivesse num território privado. 

A sua voz e o seu rosto ofereceram-lhe o retrato de uma mulher de trinta anos e a adolescente do corpo pequenino bem desenhado desapareceu...

Ficou explicado, aquele quase "mapa-mundo" num corpo feminino, que chegara do lado de lá do Atlântico, onde se fala um português mais adocicado.

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


quarta-feira, outubro 15, 2025

Olhamos quase sempre para a árvore e não para a floresta


A discussão na mesa era sobre o comunismo e os comunistas, sobre a forma como se aguentavam, contrariando todas as previsões, especialmente nas autárquicas.

Disse-se muita coisa parva. Ainda há quem olhe para os comunistas como uma praga ou um vírus. Provavelmente por não conhecerem nenhum comunista...

Ao contrário do que se disse na conversa, os comunistas (pelo menos a maioria dos que conheço...) são pessoas cultas, solidárias, amigas e que gostam de ter qualidade de vida. Sim, ao contrário do que se disse, a mais que uma voz, a luta social dos comunistas é que toda a gente viva melhor e não que sejamos "todos pobrezinhos".

Foi também por isso que escolhi o exemplo das árvores como título, também a pensar no primarismo como se olha para os militantes e simpatizantes do partido.

Para mal dos pecados de todos estes "anticomunistas", o PCP parece estar também apostado em morrer de pé.

O Rui disse que a minha proximidade e amizade com os comunistas da Margem Sul, me toldava as ideias. Nova risada colectiva. Claro que lhe respondi, que era precisamente o contrário, que o que faltava a todos eles era terem um ou dois amigos comunistas.

Quando o Carlos chamou "sapateiro" ao secretário geral do PCP, sorri (o meu pai usava muito esta expressão para se referir a políticos manhosos, sem jeito para a coisa, normalmente mais das direitas...), por ele estar certo. Quando um partido tem dirigentes como João Oliveira ou João Ferreira e prefere um Paulo Raimundo, há alguma coisa de errado no interior do partido...

Felizmente, desta vez não falámos da Ucrânia ou da Venezuela. São estas incongruências que fazem com que as pessoas olhem com mais facilidade  para a árvore que para a floresta...

(Fotografia de Luís Eme - Seixal - escolhi esta fotografia porque havia algum receio do Seixal passar directamente da CDU para a extrema-direita...)


terça-feira, outubro 14, 2025

As várias velocidades do olhar...


Gosto cada vez mais de fotografia. Sinto que ela é, muitas vezes, o prolongamento do meu olhar. 

Não perco muito tempo com a "técnica e a táctica", gosto sobretudo do "improviso". É por isso que gosto mais de falar com fotógrafos amigos que de ler livros de fotografia.

E quando gostamos de coisas diferentes, ainda se aprende mais...

É com eles que percebo que não sou propriamente um fotógrafo. Sou simplesmente um gajo que gosta de tirar retratos, de ver o mundo por dentro da câmara, talvez por saber que a fotografia que sai, nunca é exactamente o que os nossos olhos viam.

Quando eles me começam a dizer que a fotografia x demorou cinco horas... ou em casos mais sérios, anos (sim o Aníbal diz que a sua fotografia "A Poeira no Caminho", demorou anos, até descobrir o Sol e a poeira perfeitas... Sorrio, por saber que raramente fico à espera de uma fotografia (a sensação é contrária, sinto muitas vezes que deixei fugir o momento, que a fotografia não vive de hesitações).

Comecei a escrever e a fugir ao tema da última conversa que tivemos, as "várias velocidades do olhar". Sei que até parece uma coisa surrealista, mas existe mesmo, e é facilmente compreensível...

Não vemos a mesma coisa, sentados, de pé a caminhar, a passear de bicicleta, a viajar de carro ou de comboio. Não é nada de mais. Mas são coisas em que raramente pensamos e ainda menos discutimos, com exemplos práticos...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


segunda-feira, outubro 13, 2025

A revolução que não aconteceu (e ainda bem)


Felizmente a "revolução" não aconteceu, nem mesmo no Algarve. O país autárquico, ficou quase igual, para tristeza dos muitos analistas, que encomendaram vários funerais ao PS ao mesmo tempo que estendiam passadeiras vermelhas à extrema direita, que fingem "detestar" (não é João Miguel?).

Alguns devem estar a passar por uma coisa rara, no comentário politico, a  dita "crise de ideias". Claro que se trata de uma coisa passageira. Amanhã já estão preparados para novas aventuras na "república portuguesa", que recebe bananas da Madeira, mas também da latina-américa... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, outubro 12, 2025

A bela praia que gosta de se intrometer nas eleições...


Ontem como estava perto do mar, resolvi passar ao lado das praias da minha infância.

Não esperava encontrar tantos veraneantes tardios, embora os médicos continuem a recomendar o Sol e o ar marítimo, com o célebre iodo, para algumas doenças, como as ósseas, por exemplo.

Fiquei a pensar que, se hoje estiver novamente, "um dia daqueles", há alguns candidatos que vão ficar com menos votos...

(Fotografia de Luís Eme - São Martinho do Porto)


sábado, outubro 11, 2025

Saber onde (e em quem...)

 

A primeira vez que vi este cartaz publicitário, li "outra coisa".

Mas pensei que não podia ser, eles não podiam andar por aí a dizer estas coisas, quase a ensinar a "saber votar". 

Depois de uma segunda leitura, percebi a mensagem. Queriam apenas que víssemos onde íamos votar amanhã.

E claro, o meu olhar crítico, olhou para os últimos resultados das eleições e ficou com a sensação de que esta gente que me rodeia, também não sabe muito bem em quem votar, ou seja, é mais masoquista do que parece...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, outubro 10, 2025

A moda de governar para "ganhar eleições"...


Nem se pode dizer que a moda de governar para ganhar eleições, tenha começado com o PSD.

António Costa, por exemplo, foi bom a governar desta forma. Embora fosse menos descarado que o "conde monteverde", foi desta forma que se conseguiu manter tanto tempo no poder...

Olhando para a actualidade, os reformados são o "público-alvo" das maiores atenções do primeiro-ministro, que se habituou a criar, um mês ou dois antes das eleições, um qualquer suplemento que faz as delicias dos mais idosos. Acredita que, mesmo que a memória já não seja a mesma, eles não o esquecem quando vão votar. 

Foi por isso que voltou a repetir a façanha, agora, mesmo que estas eleições não o elejam, sejam apenas para as autarquias. Revela-se um bom amigo dos autarcas sociais democratas, mesmo que estes (e os outros, como os socialistas em Almada...) também insistam em colocar novos tapetes de alcatrão, para tapar os buracos de quatro anos, na semana das eleições...

Mas as benesses não se ficam por aqui, até se corta a erva dos jardins, o que nos faz pensar muitas vezes que não era má ideia existirem eleições anuais nos lugares onde habitamos...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, outubro 09, 2025

As "mulheres-turistas"...


Não sei explicar porquê, mas cruzo-me com mais "mulheres-turistas" (duas a duas, três a três ou mais), que com "homens-turistas", pelas várias avenidas das duas margens do Tejo.

Fico com a sensação que elas viajam mais que os homens, pelo menos para o nosso país.

Posso estar enganado. Podem ser os meus olhos que se fixam mais nas mulheres.

A única certeza que tenho, é que, pelo menos o Ginjal e o Jardim do Rio são mais visitados pelas mulheres que pelos homens que chegam do mundo...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quarta-feira, outubro 08, 2025

Os anónimos que ainda acreditam na ideia de bem...


Nestes tempos de "podridão humana", onde há demasiado espaço para a gente que passa o tempo a servir-se dos outros e a empurrá-los para trás (o meu olhar está fixado apenas no nosso país não viajo para as "guerras"...), é uma alegria encontrar pessoas genuinamente solidárias, que nos dão alento para pensar que ainda há esperança no meio dos humanos, que ainda há quem pense nos outros e lhes dê a mão, mesmo sem os conhecer de parte alguma.

Hoje aconteceu isso. Vi duas pessoas que ajudam os outros, apenas por humanismo, apenas por acreditarem na tal ideia de bem, quase urgente, para que o mundo onde vivemos fosse muito mais saudável e melhor para todos, em todos os campos...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


terça-feira, outubro 07, 2025

Será que se está a preparar em Gaza um episódio parecido com a "guerra de Solnado"?


Se há coisa que já se percebeu, é que tanto Trump como Netanyahu, são capazes de tudo, para atingirem os seus objectivos pessoais, que por vezes tentam fingir ser colectivos.

É por isso que tenho algumas suspeitas de que o Presidente dos EUA está a querer "acelerar" um acordo de paz em Gaza (que tem tudo para ser parecido com o de "judas"...), por ver que se está a aproximar a atribuição do seu tão sonhado "Nobel da Paz".

Prémio que tem "exigido" em quase toda a parte onde discursa, ao ponto de inventar guerras que terminou sem elas começarem. Embora seja quase anedótico, que um ditador mentiroso, possa ter tais aspirações, no mundo actual parece que tudo é possível.

O que é verdadeiramente grave, é a notória falta de carácter dos principais líderes europeus, que a única coisa que têm deixado no ar, na relação com Trump e com os EUA, é a sua cobardia e hipocrisia (onde nem falta um português de apelido Costa...), ao ponto de estarem prontos a apadrinhar um "prémio" completamente imerecido, mesmo que os seus júris, só de vez em quanto, escolham os melhores...

É por isso, que este episódio é parecido com a "guerra do Solnado" (que parava aos fins de semana, para descanso do "inimigo"...), embora essa fosse completamente inofensiva, ao contrário do que se passa diariamente em Gaza. 

Nada nos diz, que depois de Trump receber o tão desejado "Nobel da Paz" (parece que é mesmo uma possibilidade...), não volte a existir uma marcha atrás no acordo e o Israel se mantenha firme, no propósito de aniquilar todos os Palestinianos...


segunda-feira, outubro 06, 2025

Os políticos ainda não se lembraram de dizer, que a culpa é das mães e dos bebés, que têm demasiada pressa em nascer...


Estava a ver uma notícia sobre a quantidade de partos feitos no interior de ambulâncias, com os Bombeiros da Moita com um número que até já pode ser recorde: 15 partos feitos nas suas viaturas, antes de conseguirem chegar a um hospital ou urgência de obstetrícia.

Em vez de pensar no exagero de urgências e maternidades fechadas, de Norte a Sul, lembrei-me que os governantes de hoje são do melhor a olhar para o lado positivo das coisas, pelo que só falta começarem a dizer, que a culpa é das mães e dos bebés, que são de tal forma despachadas e despachados, que se pode dizer que hoje vivemos uma nova era. Ou seja, um tempo quase sem "partos difíceis"...

E ainda me lembrei de mais um argumento: podem sempre dizer que a culpa é dos bombeiros, que andam numa lufa-lufa para entrar no "guiness", ao ponto de escolherem sempre os caminhos mais longos na direcção dos hospitais e maternidades.

Sei que não devia estar aqui a oferecer ideias aos "pantomineiros" que nos governam, mas como dizia o bom do Dinis, o que nos safa, é conseguirmos ver sempre o lado mais engraçado das coisas (mesmo no meio das desgraças...).

Adenda: Já no começo da manhã do dia seguinte, a primeira notícia que apareceu no canal de notícias, assim que liguei a "caixa mágica", foi o nascimento de um bebé, no chão de um hospital em Gaia...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, outubro 05, 2025

Um almoço amigo e republicano...


Embora não fosse esse o motivo do almoço da meia-dúzia de vizinhos e amigos, que de vez em quando se juntam, como aconteceu hoje, o bonito domingo e feriado revelou-se, como sempre um convívio alegre e democrático (ser o dia da comemoração da implantação da República foi apenas uma coincidência feliz).

O belo repasto preparado pelas duas anfitriãs, foi acompanhado por conversas abertas sobre a actualidade, local, nacional e internacional. O primeiro tema de conversa foi a nossa rua. Da janela do terceiro andar vimos que tinham cortado o "matagal" (finalmente...), demasiado perigoso neste Verão farto em incêndios, porque devido à falta de lugares para todos os carros da vizinhança, muitos acabavam por estacionar rente aquele "barril de pólvora" (as vezes que disse ao meu filho para não estacionar o carro por ali...). 

Apesar do "passa culpa" e de "responsabilidade" do Município e da Junta de Freguesia (mesmo sendo ambos da mesma família política...), são ambas responsáveis pela sujidade e descuido das ruas, onde a acumulação de lixo rente aos contentores é já uma imagem de marca da Cidade. Todas nós sabemos (menos os responsáveis....), que há mais gente a fazer lixo, e por conseguinte, têm de existir mais recolhas pelos serviços camarários (nem sequer são feitas dia sim dia não em Almada...).

Também falámos da cultura e do associativismo local, com conhecimento de causa. Dos "tiros nos pés" dados por vários dirigentes e do aproveitamento dos governantes, para cortar apoios (não é por um mero acaso que continuam a fechar colectividades no Concelho...).

Já não sei porquê, mas a Joana, "extremamente desagradável", também acabou por surgir na conversa e foi aí que ouve alguma controvérsia, por não estarmos de acordo em relação aos limites do humor. Já em relação à sentença, sorrimos todos, por acharmos ridículo alguém pedir mais de um milhão de indemnização por uma piadola. Achámos que os "anjinhos" ficam muito bem com os custos das despesas judiciais.

Depois viajámos pela actualidade internacional, pela "flotilha" e pela "doença e cobardia" das redes sociais e de alguns comentadores políticos, que parecem ter duas mãos direitas e se esforçam em transformar uma missão humanitária num apoio a terroristas (com a cumplicidade do ministro da Defesa...).

Provavelmente, por sermos sobretudo, humanistas, estívémos em acordo em quase tudo, num almoço de amigos, que se prolongou até meio da tarde.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, outubro 04, 2025

Existe mesmo uma "idade da sabedoria"...


Lembrei-me de uma das conversas que tive com o Alberto, há já meia dúzia de anos, sobre o pequeno mundo cultural e associativo  de Almada. Foi quando ele me contou o bem que lhe sabia, dizer não, a alguns convites que recebia para participar em mesas redondas e quadradas, onde se falava de tudo e mais alguma coisa, sem que sobrasse ou se resolvesse coisa alguma.

Depois disse-me que eu estava quase a chegar à "idade da sabedoria" e que também iria começar a dizer não, cansado das tais conversas estéreis...

Não o levei muito a sério, limitei-me a sorrir. 

Meia dúzia de anos depois, não só sinto, como sei que ele estava certo. A partir dos sessenta, passamos a ter menos paciência para tais as conversas de circunstância e para as futilidades. Só continuamos nessa vidinha, se não tivermos nada de interessante para fazer, além de olharmos  para o nosso espelho favorito, que até é capaz de nos encolher a barriga e colocar mais cabelo na cabeça, apenas porque sim...

Se ainda tivermos vontade de fazer algumas coisas, começamos a ser mais selectivos, agarrando-nos ao que realmente nos interessa.

E às vezes, sabe tão bem dizer não...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, outubro 03, 2025

O silêncio dos culpados...


Não sei se sou só eu que reparo, que cinquenta anos depois de Abril, há quem queira "encolher" o nosso país, que apesar de ter o tal "mar plantado", no seu lado ocidental, sempre esteve longe de ser o "paraíso" dos poemas e da prosa poética.

Descubro um país com menos escolhas e também com menos espaço para as diferenças.

Um país com mais "verdades absolutas", mesmo que a maior parte das vezes, não passem de deturpações da realidade. 

Tal como aconteceu noutros tempos, em que a realidade era pintada diariamente com cinzentos, este país parece querer voltar atrás no tempo. Parece querer avivar os medos, como por exemplo, o medo das palavras. 

E atrás deste medo, vêm outros medos, que tornam cada vez mais difícil perceber onde começa a ficção e acaba a realidade no país e nas nossas vidas.

Se um juiz pode ser escutado e perseguido durante três anos, apenas porque há alguém no ministério público que lhe quer colocar um autocolante de "corrupto" na testa, pode-se fazer quase tudo às nossas vidas.

Curiosamente (ou não), os políticos dos partidos e os governantes dos muitos poderes existentes, ficaram em silêncio. 

Já nem sequer dizem a frase batida, que só cumprem quando lhes dá jeito: "à política o que é da política, à justiça o que é da justiça."

Infelizmente, é cada vez mais audível, o silêncio dos culpados...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, outubro 02, 2025

A Paz, o Pão e a Liberdade a Sério, que tanto falta fazem na Palestina...


Já todos percebemos que a direita e a extrema direita, com a ajuda de vários comentadores (e até de jornalistas...), estão apostados em serem os "pais" da "extrema esquerda portuguesa", mesmo que ela continue ausente no nosso espaço político, se pensarmos nos partidos que defendem os valores democráticos.

O único partido que tenta não cumprir nem respeitar a nossa Constituição, é o "albergue venturioso", que tanto aceita fascistas como bandidos (os "casos de justiça" falam por si...).

É por isso que acaba por ser estranhamente normal escutarmos - e lermos - as muitas adulterações que têm sido feitas à "Flotilha de Gaza", até mesmo de ministros, como o da nossa defesa.

Digam o que disserem, é sobretudo uma acção humanitária, promovida pela esquerda europeia, que apoia a Palestina. A esquerda que não esconde os valores que defende nem o que pensa sobre o genocídio de Gaza, levado a cabo por Israel.

(Fotografia de Luís Eme - Setúbal)


quarta-feira, outubro 01, 2025

O tempo deste tempo...


Outubro começa, os termómetros continuam a andar próximos dos trinta graus. Para uns é uma maravilha, para outros, nem por isso.

Quem gosta muito, muito de mar, daquele mar que tem praia, sol, toalhas, corpos pintados, ainda se pode deitar na areia e brincar com as ondas.

Quem tem de se levantar cedo, apanhar transportes para o trabalho, depara-se com outros quadros... A minha companheira, sensível a cheiros, queixa-se por ter de viajar no mesmo comboio das pessoas que não tomam banho todos dias nem mudam de roupa diariamente... 

São viagens diárias, de pé, com uma proximidade pouco agradável, porque além dos cheiros sujos, há os toques pouco inocentes, de outra gente, com idade para ter juizo.

É o tempo deste tempo...

O tempo que faz com que Benidorm ou Valência, aqui mesmo ao lado, fiquem quase submersas...

É o Outono que começa, curiosamente, menos melancólico, que o costume.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)