Ou talvez deva falar de uma forma de fazer televisão, cada vez mais virada para o espectáculo e menos para a informação, dando quase sempre mais atenção aos "casos e casinhos", que ao que realmente importa para todos nós.
Quem se tem aproveitado bem destas novas linhas editoriais são os partidos políticos que estão no poder, que também preferem apostar mais no "entretinimento" que na "arte de governar"...
Curiosamente, encontrei uma crónica de Vasco Pulido Valente (que estava longe de ser o meu cronista preferido...), datadas de 8 de Março de 2015, que nos oferece um retrato demasiado real dos canais televisivos - com a excepção do agora RTP Notícias - dez anos depois...
Eis as palavras do Vasco, no "Público": «Basta ligar a televisão para se perceber o estado
de indigência intelectual e política a que chegou o país. A informação, que já foi sofrivelmente
sensata, embora parcial e sumária, tem hoje o critério editorial do
antigo semanário O Crime e da imprensa cor-de-rosa e desportiva.
Para começar,
os portugueses são presenteados com horas do que antigamente se chamava “casos crapulosos”: a facada, o tiro, o roubo, a violência
doméstica, histórias de tribunal, considerações de réus, de testemunhas, de
advogados, de “populares”, da polícia e de um ou outro comentador de serviço. Depois do “crapuloso” vem o “acidente” e a catástrofe: desastres de avião e de
automóvel, incêndios, tempestades de vento ou neve, inundações, tudo o que meta
feridos, mortos, miséria e sangue.»
Não se trata apenas dos "retratos" do CMTV ou do NOW, a CNN e a SIC Notícias estão logo ali, depois da esquina...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
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