As mitologias que por vezes tentam transportar Viriato ou Afonso Henriques, para o nosso tempo, não passam disso mesmo, mitologias...
É por isso que o normal, especialmente nos pequenos poderes, foi sempre ser fraco com os fortes e forte com os fracos. Ainda hoje é assim, especialmente nas mentes mais conservadoras e retrógadas, que atravessam todas as classes sociais. Talvez a ditadura salazarista tenha sido demasiado impositiva neste aspecto, mas está muito longe de explicar tudo...
Esta forma de estar, explica em parte a forma como recebemos os emigrantes. Se for gente, aparentemente endinheirada (mesmo que sejam bandidos da pior espécie...), que compram "palacetes, carros de 100 mil euros, quem mora na sua rua, até é capaz de lhes fazer uma vénia. Se foram simples trabalhadores, que vieram fazer aquilo que já nos achamos demasiado importantes para fazer, seja na hotelaria, restauração ou serviços de limpeza, são olhados de lado e apontados a dedo, se faltar alguma galinha na capoeira da vizinha (por ela não saber contar muito bem)...
Esquecemos que é graças a estes "endinheirados" (os "traficantes" que tiveram a porta aberta graças aos "vistos de ouro", mas também a gente famosa do cinema, da moda, os reformados das europas e das américas, e ainda, essa profissão estranha e vasta, como o nome de "nómadas digitais"), que se está a tornar um "luxo" viver no nosso país, especialmente nos grande centros urbanos.
É graças a eles que o preço das casas sobe a níveis quase de Paris, Londres ou Nova Iorque, assim como as diárias de hotéis, as ementas de restaurantes e até os preços das batatas, dos tomates e das cenouras nos mercados.
Mas bom é seguirmos a "lenga-lenga" da direita e culpar quem vem para cá trabalhar e tem uns tons de pele ligeiramente mais escuros que nós. Gente que além de ser mal paga, é mal tratada e olhada de lado, por uma população cada vez mais incapaz de pensar pela sua própria cabeça, que engole todas as "percepções" que vão dando jeito a quem nos governa e que vão tornando o nosso país cada vez mais miserável e desigual.
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
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