Curiosamente "bati de frente" com um pequeno recorte de uma das suas colunas do "Diário de Notícias" (Faz de Conta), datada de 5 de Setembro de 1999. Ou seja, uma coisa ainda do século passado, onde ele "tem razão antes de tempo". Tem como título "Uma Receita para o Desastre" e explica um pouco o porquê da tentativa da invasão Russa e destruição da Ucrânia, que todos assistimos, diariamente. Vamos lá à transcrição:
«A entrada na NATO da Hungria, da Polónia e da República Checa e sobretudo o próximo alargamento da UE a leste transformarão fatalmente a Alemanha na potência hegemónica da "Europa do Meio" /definida, reconheço, sem grande rigor). De qualquer maneira, do Adriático às fronteira da Ucrânia, mandará Berlim. O objectivo histórico do II Reich e do nazismo ressurgiu assim sob os nossos olhos e, prodigiosa coisa, em nome dos direitos do homem. Só falta (mas já se fala nisso) que a Estónia, a Letónia e a Lituânia entrem na NATO - e a Rússia ficará "cercada". Claro que a Alemanha avançou, e avança, no vácuo deixado pelo abjecto fim da URSS e pela actual impotência de Moscovo. Sucede que esta situação não vai durara sempre e que, uma vez arrumada a casa, nenhum governo russo aceitará perder por completo a sua influência na "Europa do Meio". Os perigos da política expansionista (que hoje surpreendentemente ninguém contesta) são mais do que óbvios. Levam em linha recta a uma Rússia humilhada e revanchista, que ainda é a segunda potência militar do mundo e que deverá o "Ocidente" (a Alemanha e a América) como o seu inimigo principal. Uma receita para o desastre.»
Os russos só esperaram vinte e dois anos e alguns meses, para "responder" ao Ocidente e dar razão a Vasco Pulido Valente. E a Alemanha, por muito que disfarce, não está longe do "olho do furação".
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
Ora nem mais! É mesmo isto!Isto é fazer análise política. Não é dizer baboseiras como leio em todo o lado!
ResponderEliminarMas houve alguma "sorte" em acertar, vinte anos depois, Maria.
EliminarAconteceram muitas conjecturas negativas e inexplicáveis, para lhe darem razão...
No que ele acertou foi no facto de uma Rússia capitalista e com meios para se tornar numa potência económica se ter mantido como pasto de uma camarilha dirigente incapaz de medir o seu poder que não em domínio militar... quando a Alemanha trocara o domínio militar pelo domínio económico!
ResponderEliminarTalvez agora tenha obtido que uma Alemanha armada que lhe limite ainda mais o poder.
Acho que ele demonstrou conhecer muito bem o povo russo, José.
EliminarE também percebeu que a Europa ia "facilitar", até se chegar a este ponto.