terça-feira, maio 25, 2021

Usar os "Novos Sons do Cinema" como Desculpa...

Ontem ao fim da tarde voltei a pensar em "cinema", graças ao som que o meu filho fazia, a "degustar" (devorar é mais apropriado) pipocas a poucos metros de mim, enquanto se divertia com os amigos a jogar on line. Primeiro pensei que há muito tempo que não comia estas coisas crocantes e irritantes, (sem sentir saudades...). E depois veio o cinema... 

Foi quando bati de frente com a realidade: há vários anos que não visitava salas de cinema... Podia usar as pipocas como desculpa, mas não era suficiente. Até porque elas já faziam parte do "pacote" nas últimas vezes que lá entrei (como acompanhante dos meus filhos. A minha filha já está com dezasseis anos, pelo que há uns quatro ou cinco, que não me sento e espero que apareça "cinema" depois de desligarem as luzes).

Sei também que não se trata um problema cinematográfico (os filmes continuam a ser o que mais "consumo" na televisão...). É por isso que não é nada agradável dizer que  não sinto saudades de ter vontade de ir ao cinema verdadeiro (esse mesmo do écran gigante)... 

Não é difícil encontrar desculpas. A maior de todas talvez seja o som ensurdecedor (eu, que sou o surdo cá de casa, continuo incapaz de ouvir música "para toda a vizinhança", ou ver filmes com gritos, choros, gargalhadas ou tiros, quase encostados ao meu ouvido...

Talvez seja apenas mais um sintoma da velhice, pois o cinema que eu gostava, já não existe. Esse mesmo em que a sala era quase um templo e o silêncio exterior uma regra quase inquebrável (o barulho das emoções não conta)...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


10 comentários:

  1. A última vez que fui ao cinema foi com os meus netos e sobrinhas-netas e claro que meteu pipocas! :)
    Há dias apanhei num canal Sufragistas, filme que nunca tinha visto.
    Mil inglesas presas por uma causa!

    Abraço

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    1. O nosso problema com os filmes televisivos é a sua "repetição", Rosa. :)

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  2. Agora arrancou-me uma boa gargalhada, Luís!
    Os tempos mudaram...[eu também sou do tempo, tenho 54 anos, em que não havia pipocas no cinema e se aproveitava o intervalo para esticar as pernas, fumar o cigarrinho na zona do bar do cinema (que era logo ali ao lado, em ambiente "fechado" estivesse quem estivesse), beber uma água, comer um chocolate, e ao soar do toque deixar tudo isto para trás que na sala do grande écran era proibido entrar com doces]...Nos dias de hoje até é possível festejar o aniversário no cinema. Festas de aniversário para crianças - o "pacote" inclui filme + pipocas + bebida + mesa decorada para o efeito (após o filme)...mínimo 10 crianças. O bolo de aniversário fica por conta dos pais. Uma festa! :) E para as crianças que fazem anos no Inverno, é o novo normal. :)

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    1. Mudaram mesmo, Té. :)

      Mas o som ensurdecedor dos filmes ainda me perturba mais que as pipocas.

      Mudam-se os tempos mudam-se as vontades. Os poetas têm muitas vezes razão. :)

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  3. Agora, por causa do Covid, não há pipocas nas salas de cinema. É aproveitar!🙂

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    1. Nem tinha pensado nisso, "Socorro". :)

      Mas o "intervalo" deve estar a acabar, o "negócio" começa a normalizar.

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  4. Creio que haverá filmes em que as pipocas estarão em minoria, por exemplo, vi, em duas semanas, dois excelentes filmes em que não ouvi pipocas e que vos convido a ver: "O PAI" (c/Anthony Hopkins-Que grande actor, o tema é o Alzheimer) e "NOMADLAND-Sobreviver na América".

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    1. Sim, Severino.

      Mas são poucos os cinemas fora dos centros comerciais...

      Devem ser dois bons filmes, "oscarizados".

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  5. O melhor é frequentar a(s) cinemateca(s), ie as cinematecas propriamente ditas ou aquelas salas "especiais" onde não há pipocas. O cinema popular, infelizmente ou não, passou à história.

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    1. Pois é, Miguel, ainda existe a Cinemateca e alguns cine-clubes (cada vez mais raros...).

      Mas, infelizmente, a oferta de cinema sem pipocas começa a ser uma raridade.

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