O homem com mais de oitenta anos não suportava as confusões que se faziam à volta do movimento anarquista.
Quando ele disse na sala: «Ser anarquista não é ser bandalho nem porco. Nunca foi!», levantou alguns sorrisos. Mas ele estava a falar a sério. Incomodava-o que andassem a desvirtuar o movimento pela qual sempre lutou e acreditou.
Sempre gostou de viver bem com a natureza, de tomar banho e de se vestir confortavelmente. Não usava o preto ou o branco, nem andava a sujar paredes ou a insultar agentes de autoridade, apenas porque lhe apetecia. E também não cheirava mal dos pés à cabeça, com a desculpa de que não se podia esbanjar água, esse bem precioso.
Tornou-se anarquista por uma questão muito simples: nunca gostou de ser explorado, sempre detestou patrões e poder.
Foi por isso que antes de partir resumiu parte da sua vida «Sei que ganhei menos dinheiro do que podia e devia. Foi uma opção pessoal, preferi fazer mais vezes aquilo que queria mesmo fazer, do que ser escravo do dinheiro ou do trabalho.»
(Fotografia de Ferdinando Scianna)
Bela lição de vida.
ResponderEliminarAprendemos sempre alguma coisa com a gente mais experiente, Severino.
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