domingo, dezembro 03, 2017

«Ser anarquista não é ser bandalho nem porco. Nunca foi!»

O homem com mais de oitenta anos não suportava as confusões que se faziam à volta do movimento anarquista.

Quando ele disse na sala: «Ser anarquista não é ser bandalho nem porco. Nunca foi!», levantou alguns sorrisos. Mas ele estava a falar a sério. Incomodava-o que andassem a desvirtuar o movimento pela qual sempre lutou e acreditou.

Sempre gostou de viver bem com a natureza, de tomar banho e de se vestir confortavelmente. Não usava o preto ou o branco, nem andava a sujar paredes ou a insultar agentes de autoridade, apenas porque lhe apetecia. E também não cheirava mal dos pés à cabeça, com a desculpa de que não se podia esbanjar água, esse bem precioso. 

Tornou-se anarquista por uma questão muito simples: nunca gostou de ser explorado, sempre detestou patrões e poder.

Foi por isso que antes de partir resumiu parte da sua vida «Sei que ganhei menos dinheiro do que podia e devia. Foi uma opção pessoal, preferi fazer mais vezes aquilo que queria mesmo fazer, do que ser escravo do dinheiro ou do trabalho.»

(Fotografia de Ferdinando Scianna)

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