Sempre foram considerados um casal normal, mesmo quando decidiram deixar de o ser...
Foi já depois dos cinquenta que viram chegar o desinteresse pelos corpos um do outro. Beijavam-se e tocavam-se menos, ao mesmo tempo que foram deixando o sexo ganhar espaço nas suas vidas.
Ambos sabiam o que lhes estava a acontecer. Perguntaram mais que uma vez aos seus botões, se haveriam uma terceira pessoa, a provocar aquele afastamento. Ela uma vez ainda pensou em contratar alguém, por que ele estava a jantar mais vezes que o costume com os amigos. Mas achou que talvez fosse melhor ficar na dúvida...
Dois anos depois foram para fora e ficaram num quarto de hotel. Quando a noite chegou, trouxe algo mais que o cansaço de um dia movimentado: voltaram a sentir-se vivos e a amarem-se como dois adolescentes.
A partir dessa noite quente passaram a ficar, pelo menos uma vez por mês, num hotel, sempre diferente.
Num desses encontros quase secretos beberam mais do que deviam ao jantar e decidiram entrar num bar e fingir que não se conheciam. Acrescentaram mais um "jogo", há muito esquecido nas suas vidas, a sedução.
Estes encontros funcionaram quase como um carregar baterias, voltaram a ter paciência para se aturarem um ao outro, a ter a cumplicidade necessária para tranquilizar os filhos.
Quase num golpe de sorte, conseguiram ganhar "novos amantes" sem precisarem de procurar outros corpos...
(Fotografia de Edward Steichen)
:)
ResponderEliminarNão sabia que escrevia com tanto humor, Maria. :)
Eliminarhehehehe, tu não me provoques, mas o meu smile foi bué espontâneo.
EliminarUma maravilha de texto.
ResponderEliminarGrato, Severino. :)
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