O Natal é uma Lupa
De onde é que chegou tanta gente?
Pergunta o poeta cínico e curioso
habituado a uma cidade diferente,
mas ninguém responde ao seu tom jocoso
Todos querem agarrar a felicidade
inventada dentro de sacos de presentes
e nas luzes das casas e ruas da cidade
até prometem ser ligeiramente diferentes
Eles querem lá saber de quem nasceu
em Belém embrulhado em palhinhas
se ele era Jesus ou apenas um Judeu
querem sim é o Pai Natal das prendinhas
Até disseram que os pobres da rua
tinham sido contratados, eram actores
que tinham grande intimidade com a lua
cheiravam bem e não mostravam as dores
Parece que todos dão amor de graça
debaixo do rótulo de uma data especial
até ignoram os poetas da desgraça
que não sorriem nem dizem Feliz Natal
Luís [Alves] Milheiro
(Fotografia de autor desconhecido)
Excelente poema.
ResponderEliminarLinda fotografia.