«Isto agora parece o paraíso, mas no Inverno passamos por aqui dias terríveis. Quando saímos à rua sentimos o mar do seu pior lado, entranha-se de tal forma dentro de nós, que o que nos apetece é ir viver para um lugar normal.»
Foi quando quis saber o que era isso de um lugar normal... E ele respondeu-me, apontando:
«A aldeia, onde vivem os outros.»
Mas depois aparece a Primavera e tudo volta ao normal, insisti eu.
«Sim, em Março já passamos o tempo fora de casa. Quem reparar em nós, há-de pensar que somos um casal de espantalhos, plantados aqui neste morro batido pelo vento, onde se ouve e sente o coração do mar.»
Quando falei do Verão ele sorriu e disse:
«Não sei o que é melhor, se o Verão ou o Inverno. O que um tem a menos, tem o outro a mais...»
Devolvi-lhe o sorriso. Como o compreendia...
(Óleo de Albert Marquet)
Ninguém vive longe do mar por vontade própria. Ele faz parte de nós. Nem quando ele se revolta, e nos amedronta, perdemos o fascínio por ele.
ResponderEliminarUm abraço e Feliz Natal
Pois não, Elvira. Ele é único...
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