O anúncio do adeus do Teatro da Cornucópia, ao fim de quarenta e três anos, só pode surpreender quem não conhece a realidade da grande parte das companhias teatrais do nosso país.
Mas dá que pensar que a este grupo, que sempre foi mais do Príncipe Real que do Bairro Alto (mesmo que fosse conhecido como parte integrante do bairro...), não tenha bastado o facto de ser reconhecido como uma das melhores escolas de teatro lisboetas (trabalhar com Luís Miguel Cintra sempre foi uma ambição natural para qualquer actor...).
Sei que a qualidade e o rigor têm um preço demasiado alto e não se compadecem com os tempos longos de crise que vivemos, em que a Cultura tem sido a principal vitima dos cortes orçamentais do governo central e também dos governos locais.
E se juntarmos a tudo isto, o facto de muito boa gente achar natural e apoiar que se cortem os subsídios aos "malandros dos artistas que sempre viveram à conta do orçamento"... está tudo dito.
O argumento utilizado para o final desta aventura feliz de mais de quatro décadas, é o respeito pelo público. Não só compreendo, como sei que faz todo o sentido. É muito bom não perdermos a dignidade, mesmo que os nosso sapatos comecem a ficar com uns buraquitos, aqui e ali....
(Fotografia de autor desconhecido)
Inteiramente de acordo!
ResponderEliminarNunca pensei neste fim, mas julgo que o compreendo muito bem.
Espero que a semente lançada possa germinar, crescer e dar fruto!
Quem sabe!?
Esperamos que sim, Petrus.
EliminarMas não gosto nada desta coisa de só nos lembrarmos de "santa bárbara quando chove"...
Mas dói!
ResponderEliminarUm abraço
Claro que dói, é menos um teatro a funcionar, Elvira...
EliminarNotem que vai falar um vulgo e comum cidadão deste país e desde já confesso a minha ignorância neste campo, já que não conheço a realidade de grande parte (ou até da quase totalidade) das companhias teatrais do nosso país, mas permitam-me que pergunte: quem conhece o que faz ou fez, ou o que representa -artisticamente- Luís Miguel Cintra (Cintra com c...)? se calhar não representa nada, absolutamente nada para aí 99,9% dos portugueses, que certamente não farão a mínima ideia nem ainda perceberam (e nunca ninguém explicou) porque é que LMC é tão endeusado. Sempre vi o LMC como alguém muito muito distante (de mim) e das pessoas em geral, sempre o vi como um artista para aí do S.Carlos ou afim, só para meia dúzia de privilegiados.
ResponderEliminarDaí não perceber porque é que o encerramento da Cornucópia poderá ter tanta importância.E atenção que eu sou inteiramente a favor de tudo o que é cultura, cultura mas cultura geral (geral no sentido de privilegiar o máximo de portugueses).
Não, Severino. O Luís Miguel Cintra não é esse ser distante, das elites.
EliminarVê tu, que até se resolveu despedir nos palcos como actor em Almada...
O encerramento da Cornucópia é apenas mais um exemplo, mais uma companhia teatral a ser desmantelada pela falta de apoio. O teatro tem sido a maior vitima da crise, por ser mais "subsidio-dependente". Claro que não é a solução ideal, mas se acabam os teatros, está tudo lixado. Ficamos com as telenovelas e os programas da Teresa Guilherme...
E ele é tão digno, que jamais aceitaria uma situação de excepção. Foi apenas mais um número do folclore do Marcelo...
Acredito plenamente e muito obrigado pelo esclarecimento!
ResponderEliminarO meu comentário anterior é apenas o que eu penso e o que eu julgo fruto da minha honestidade intelectual mas, ao mesmo tempo, confesso que igualmente fruto da minha ignorância.
Telenovelas inda vá que não vá (não desgosto, tal como todas as pessoas simples julgo que também gostam) mas Teresas Guilhermes (um absoluto vómito), Paiões, Casas dos Segredos (vómito, vómito), God Talent´s não sei quantos, Carreiras, Malatos, Gouchas, Cristinas Ferreiras e outros que tais é apenas fomentar o analfabetismo que tanto serve os poderosos, e para esses apenas o meu total repúdio.