Ainda hoje gosta de ir ver o mar. Vai quase sempre sozinha e fica por ali a olhar, a ouvir e a recordar...
Sim, recorda a praia da meninice e da adolescência, onde se deliciava a olhar as ondas e todos aqueles que eram capazes de enfrentar o mar.
Ficava
ali junto às barracas de pano branco a ver os rapazes, muitos deles bonitos,
que em grupo desafiavam as ondas do mar. Queria tanto ser um deles, como uma ou
outra rapariga mais afoita, que se misturava com eles. Mas o seu papel era ficar por ali, deitava na toalha que lhe deixava o corpo desenhado na areia, a sonhar acordada...
Nunca aprendeu a nadar, a mergulhar ou o que quer que fosse. Talvez fosse tradição
familiar ficar por ali, apenas a ver o mar. Os banhos eram tomados na Lagoa e
com cuidado porque facilmente se perdia o pé. Naquele mar apenas tinha autorização para molhar os pés, a água chegar aos joelhos já era sinal de perigo.
Nunca
esqueceu um grupo de rapazes de várias idades que chegavam de bicicleta e
passavam o tempo a correr, saltar, jogar à bola e a mergulhar. Eram a alegria
de quem ficava por ali a ver a graça e coragem com que desafiavam o mar alto.
.
Ao
contrário do pai, ela quis que os seus dois filhos soubessem nadar e andaram na
natação. Mas nem assim aconteceu nenhuma "revolução", tal como o companheiro, vivem bem sem o mar. Só
ela experimenta sempre um conforto único, de estar ali a ouvir a voz do Oceano.
E às vezes sente mesmo uma vontade enorme de caminhar por cima das águas, até à linha do horizonte…
(Óleo de Duffy Sheridan)
Tantas vezes pensei: «quem me dera ser rapaz!»
ResponderEliminarImagino o sufoco, Graça...
EliminarE entrar no oceano deve ser das melhores coisas que se pode fazer na vida, para não falar em caminhar até ao horizonte.
ResponderEliminarAbraço
Pois, tudo coisas maravilhosas, Rita. :)
Eliminarem muitas coisas me revi no texto.
ResponderEliminarmas eu sei nadar.
gostei de ler.
beijinhos
:)
É bom nadar, mas também é bom olhar, Piedade. :)
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