segunda-feira, novembro 28, 2016

Revoluções e Palavras em Novembro

Falava-se do 25 de Abril por ser 25 de Novembro.

No início eram quase a "antítese" (o céu e o inferno), mesmo que na mesa estivesse alguém que tinha feito parte deste último movimento, que apenas queria devolver a democracia ao país, acabar com os exageros cada vez mais perigosos, de tantos esquerdistas agrupados em mil e um partidos, que tanto poderiam ser maoistas, como marxistas e leninistas. As amplas liberdades deram-lhes a possibilidade de andarem armados (também em parvos, mas andavam mesmo com armas de verdade). Habituaram-se a ocupar tudo o que parecesse vazio, sempre em "nome do povo" (que costas tão largas que tu sempre tiveste...).

Foi então que a memória os recordou desses tempos cheios de "polícias" (quase todos gadelhudos e com barba revolucionária...), que tiveram o seu auge no dia 28 de Setembro, um dos dias em que puderam virar quase de pernas para o ar todos os carros que lhes apareceram à frente...

Eu sabia que o 25 de Novembro não tinha sido feito para que tudo voltasse a ser como dantes. Para que as famílias exiladas no Brasil e em Espanha regressassem com vontade de "reconquistar" os seus impérios nacionalizados (o que acabou por acontecer, mais ano menos ano...), ao mesmo tempo que se fingiam "vitimas" e pediam indemnizações milionárias ao Estado (e não é que alguns as receberam mesmo?).

Entretanto voltei ao presente. 

E não é que dois dias depois das "iscas" o "melhor administrador de bancos deste país" (só pode ser isso ou algo parecido...) pediu a demissão. 

Um homem passeava na rua com uma folha que parecia um mapa e que abria aqui e ali, para mostrar que fulano era filho de beltrano e neto se sicrano. Talvez por um mero acaso, lá voltavam as velhas famílias, que sempre se "governaram bem" neste país, ora disfarçados de banqueiros, ora de empresários, e sempre "de sucesso!", à baila...

E eu fiquei a pensar que mais importante que saber de onde tinham vindo tantos ministros, secretários de estado, deputados e gestores, com nomes que eram tão familiares a Salazar, era o que tinham feito para chegar até aqui...

(Fotografia de Luís Eme)

4 comentários:

  1. O teu texto faz pensar, Luís. Muita gente não se apercebe de tudo o que se passou e que se vai passando. E se algumas coisas foram e são legítimas, outras...
    Uma boa semana.
    Beijos.

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    1. E a Graça viveu tudo isso de uma forma mais consciente...

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  2. Para ler e reler. E refletir.
    Um abraço e uma boa semana

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    1. Mas como reflectimos cada vez menos, Elvira...

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