Há uns tempos que não me sentava com a Rita num café (desta vez fugimos da esplanada e dos quarenta graus...), porque o Julho e o Agosto enviam-nos para outras paragens, para pudermos sonhar e fingir que o "mundo" muda depois das férias...
Durante poucos minutos (foi o beber um café ter ou fingir pressa e perceber que não é do nosso mundo...) estivemos acompanhados por um fulano, que bastou dizer duas ou três coisas para registarmos o quanto é egoísta e até cínico.
Quando saiu falámos da sua aparente incoerência, mas fomos chegando à conclusão que nós é que estávamos errados, por levar o idealismo longe demais... Para nós os dois um comunista não pode ser egoísta, já que defende a igualdade entre todas as pessoas, e a solidariedade é um das grandes bandeiras da esquerda.
Esquecemos que a ambição dos homens está em todo o lado, puxa e empurra para baixo e para trás, na aproximação ao poder. É por isso que o humanismo, a sensibilidade para percebermos e ajudarmos os outros, não tem nada que ver com credos políticos, embora devesse estar muito mais próxima das "esquerdas"...
Foi por isso que a Rita disse que: «o humanismo não tem mãos, braços ou pernas.»
Pois não, tem sobretudo coração...
(Fotografia de Luis Eme - série "Blue & Yellow")
Luís, a sensação que tenho é que existe um distanciamento excessivo, e por isso mais perigoso, entre a conduta enquanto cidadão e as organizações políticas, partidárias, religiosas... a que se pertence.
ResponderEliminarFalo de generalidades, obviamente.
E considero ainda mais perigoso porque isso é entendido como normal. Não foi há muito tempo que alguém me dizia, à laia de justificação: "Mas isso é lá no partido; tenho que seguir o que defendem... Cá "fora" posso fazer de outra maneira."
Humm, não gosto disto... Não seria semelhante a eu na minha conduta diária defender a pena de morte sendo membro da Amnistia Internacional, que sou, sendo que tal organização a condena?
São cá coisas destas que já me valeram algumas incompatibilidades.
Os interesses particulares continuam a estar a frente dos colectivos, Isabel.
EliminarPodíamos ser apenas um povo medroso, mas temos de ser também merdosos.