quinta-feira, agosto 11, 2016

Estamos Quase lá, no Mundo da Cegueira e da Surdez...

Basta-me olhar para as pessoas, nos transportes ou  na rua, para perceber que um telemóvel com rede, sinal e jogos, é mais importante que o resto do mundo...

Mesmo que todo este fogo lhes chegue ao "faicebook", é apenas uma imagem, como a do prato de lagosta que a Isilda comeu ontem ou a praia onde o Gilberto está de férias a refrescar os pés.

Já nem sequer sei se as pessoas conseguem distinguir a ficção da realidade... se as telenovelas não passaram a ser uma cópia suas vidas, do avesso...

Provavelmente não tiveram tempo para escutar, Rafaela Silva, a judoca brasileira que ganhou a medalha de ouro na sua categoria, que na hora dos festejos não se esqueceu de falar da sua vidinha de favelada, da sorte que teve quando um professor lhe segurou a mão e lhe mostrou que o desporto, com muito treino e vontade de vencer, poderia ser uma "porta" para chegar ao mundo dos outros. Felizmente ela acabou por ir muito mais longe e chegar ao Olimpo no Rio (ao contrário de Londres, onde o facto de ficar pelo caminho fez com que fosse vitima de racismo, especialmente nas fabulosas redes sociais, com macacos e jaulas à mistura).

Gostei de a ouvir contar como o "mundo" a vê, ter a coragem de dizer que basta a cor da sua pele, para que  nas ruas e nos autocarros segurem a bolsa com mais força e a olhem sem nunca baixar a retaguarda.

E nem falou da sua condição de mulher, num país onde as violações são uma banalidade...

Por cá? Fingimos que está tudo bem. Entramos num café e perguntamos a senha da internet e vamos até "Marte". A Terra? Que se lixe! 

O problema só é problema quando por exemplo os "incêndios" nos entram pela casa ou pelo festival dentro...

(Fotografia de autor desconhecido)

6 comentários:

  1. Luís, um tema que tem muito que se lhe diga e cuja discussão não me parece esgotada.

    No texto falas de uma escala mais global, pelo menos alargada. Vou falar mais do outro lado, da escala pessoal.

    Para mim, a ligação à net é importante. Não preciso de estar sempre ligada no dia-a-dia, ao minuto, mas conforta-me a possibilidade de, em certas alturas, poder aceder à net. Também porque vejo pouca TV e a net permite-me estar a par de notícias.
    Não preciso de estar sempre ligada, mas por exemplo na reserva de alojamento o wi-fi gratuito é das primeiras condições.
    O esquema de vida de cada um pode fazer muita diferença neste tipo de escolha.

    A internet não é só redes sociais, embora seja muito questionada por causa delas.

    Tenho conta no fb e no google+.

    Mantenho conta no fb pelo facto de, com algumas pessoas, poucas, ser mais fácil estabelecer contacto e, nalguns casos, saber de algumas iniciativas.

    Considero que há mais vantagens para quem tem negócios ou outra actividade que precise de divulgar. Também é por aí que a função de rede social é mais aplicada.

    O fb é uma rede social? Ou é uma rede de amigos / conhecidos com quem que se troca opiniões? Troca-se opiniões com quem pensa de modo idêntico... Não cumprirá muito a função-espelho?

    "o diálogo real não é falar com gente que pensa igual a você. As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente usa-as não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que vêem são os reflexos de suas próprias caras." - Zygmunt Bauman, numa entrevista muito interessante e oportuna sobre este assunto.

    O fb, ao nível das páginas pessoais, tem uma dinâmica pouco apelativa no sentido em que, com frequência, resvala para o controle, desonestidade, voragem e pura estupidez.
    Por estas razões, as minhas publicações passaram a ser restritas e apenas para "amigos" e as anteriores foram todas alteradas (é rede social? foi uma trabalheira), o chat passou a estar desligado para os/as chico-espertos(as) e mando à vida em menos de um fósforo quem se aproveita de publicações que faço sem referir a fonte.
    Os meus amigos, amigos na vida, são sempre contactados de outras formas, mesmo quando o meio é virtual. O mail é muito mais pessoal. Por ali, pelo fb, é coisa rápida.
    Mas já tem acontecido quem tenha tentado substituir comigo outras formas de contacto mais pessoal, e tendo possibilidade, pelo chat. Não gosto, digo se a pessoa (me) valer a pena e demarco-me.

    Depois, há outro lado perverso. A tendência para espreitar pela fechadura e para tomar e querer avaliar o todo através de uma parte. Também se passa na blogosfera e na escrita de livros num registo e linguagem mais intimista.
    Não é invulgar que pessoas que nos conhecem no real fiquem surpreendidas e até levem a mal publicações que elas tomam como sendo a vida de quem as escreveu e que afinal até acham que deviam saber(!) e com linguagem que não nos reconhecem no dia-a-dia. Enquanto ali, aqui, está só um pedaço do que somos e o contexto permite-nos utilizar expressões que não se usam com a administração ou com o homem do café.


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    1. Não te vou responder, ponto por ponto, Isabel.

      Mas esta "posta" resulta sobretudo de perceber que as pessoas têm cada vez menos capacidade crítica. Funcionam como "carneiros", vão atrás do "rebanho" das redes sociais, sem sequer se darem ao trabalho de pensarem pela sua cabeça.

      Não gosto nada destes tempos com tanta alienação e manipulação.

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  2. Desde que cheguei ontem que oiço e vejo o que se passa no país, quase em estado de choque. 40 dias de férias, em que como habitualmente fui à praia, passeei e li, não comprei jornais, não vi TV, não levei pc., deixaram-me aparvalhada à chegada. No último dia de férias, o Incêndio em Almodôvar, levou até Lagos a fumarada que transformou o dia em noite, mas ainda assim não sabia o que se passava no resto do país.
    Penso que é preciso fazer alguma coisa. Não é possível continuar a mandar os incendiários para casa com penas suspensas.
    Abraço

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    1. Em relação aos incêndios, enquanto forem um negócio para muita gente com poder, vai-se fingindo que se mudam as coisas, para ficar tudo na mesma, Elvira.

      É triste, mas é a nossa realidade.

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  3. como eu concordo com o teu texto...
    para muita coisa,precisamos de Net e telefone mas não podemos ser dependentes dos mesmos.
    enfim...
    um beijo
    :)

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    1. Sobretudo não devíamos perder a vontade de pensar pela nossa cabeça, nem estar à espera que os outros resolvam os nossos problema, Piedade...

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