A noite para mim é quase como o mar. Por muito que goste das suas ondas e seja capaz de nadar até deixar de me apetecer ser "barco", como se fizesse a travessia da Trafaria a Belém, acabo por me lembrar sempre que não tenho guelras nem pés de pato...
Não gosto de vestir roupa que brilha com as luzes, muito menos de me transformar numa personagem pedida de empréstimo a qualquer filme negro. Muito menos ofereço ilusões com o olhar e meia dúzia de palavras.
O mais curioso é que às vezes apetece-me fumar e fazer um daqueles exercícios em que se finge conseguir levar o fumo até perto das estrelas. Outras fico indeciso, sem saber se devo beber, ou não, uma das muitas bebidas que nos convidam à loucura...
Mas como isso também me acontece em plena luz do dia, quando os fumadores fazem mais uma pausa no pátio ou mesmo na rua e me apetece "ser do clube". Sei que a rua é sempre mais divertida que o local de trabalho.
Só não consigo me afogar num bagaço antes de entrar ao serviço, chamando-lhe "mata-bicho"... Muito menos, beber por beber, só para baralhar o fígado.
Talvez a noite seja grande, seja quase um mar, mas não se compara em beleza com o dia...
(Fotografia de Yale Joel)
Luís, este post é um caso sério para mim. Ontem, por acaso, num jantar bem alargado em tudo falámos sobre isto. Por minha culpa.
ResponderEliminarPresumo que te referes a noite com escuro. Pois, mas há lugares no nosso planeta que em determinados períodos não existem noites dessas e depois de se estar nesses locais há um novo referencial que nos leva a relativizar e a dar outra volta. E agora sempre que penso em noite e digo a palavra já não é a mesma coisa.
Tive essa experiência o ano passado e este ano, durante dez dias de cada vez.
Chutando para o lado aquela parte de as nossas cabeças, habituadas a escuro para abrandar e dormir ficarem muito cansadas, dá para analisar e reflectir o que muda e como muda nas "noites brancas" e se é a luz assim tão determinante nos ritmos das vinte e quatro horas ou se é a organização da vida das cidades, ou ambas.
As cidades acalmam, descansam e dormem às mesmas horas que nós, em modo branco, com clarões de 'fogo' à meia-noite. E lá se ia a tua comparação por água abaixo.
Claro que falo da nossa noite, Isabel. :)
ResponderEliminarA outra faz conta que é coisa dos filmes.:)