domingo, outubro 11, 2015

A Solidão de um Quarto de Hotel


Quando estamos habituados a entrar na noite numa casa cheia de sons, de cheiros, de movimentos, estranhamos a solidão de uma casa vazia, e ainda mais a de um quarto de hotel.

Quando vivemos sós, há várias artimanhas para combatermos o silêncio. A televisão aparece quase sempre em primeiro lugar, depois a rádio... com as vozes a saírem dos aparelhos e a espalharem-se pelas divisões, sem cerimónias.

Mas num quarto de hotel tudo é diferente, nada daquilo é nosso, nem a televisão consegue ser uma boa companheira.

Era para ficar por aqui, mas olho a janela e sinto um vazio ainda maior nas ruas desta pequena cidade. 

Quando caminhava, depois de jantar, não me cruzei com ninguém. Não consegui sentir sequer a presença de fantasmas, quanto mais de seres humanos. Nem passei por um único café aberto. 

Claro que devem existir lugares estratégicos para quem pensa que gosta da noite, um pequeno bar longe do centro ou até uma discoteca.

Sei que nada disso me interessa por aí além, pois não ando à procura de "aves nocturnas". Sinto sim alguma curiosidade pela vagabundagem nocturna, que parece ter os dias contados.

Embora me custe a acreditar que a única possibilidade de encontrarmos pessoas é dentro de um computador, não tenho dúvidas de como o mundo está diferente...

Felizmente, de manhã, um novo dia começa, com pessoas, que até poderiam vir de outro planeta.

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