A vida é uma coisa estranha. Aliás, muito estranha...
Claro que é esta estranheza que lhe dá encanto e mistério, que nos faz andar e correr atrás do nada, que até pode ser quase tudo.
E os lugares que mesmo vazios, têm pessoas?
Este quadro de José Malhoa, "À Beira Mar", enquadra-se num desses sítios...
Sempre que me sento numa das cadeiras, daquela esplanada, virada para o Oceano, encontro um olhar doce e terno, preso às minhas palavras.
Ela na época gostava mais de poesia que eu, conhecia tantos poetas e poemas... as coisas que aprendemos, os dois, ali sentados, fosse Primavera, Verão, Outono ou Inverno...
Acho que nos encontrávamos ali, mais na Primavera e no Outono, quando o mar era apenas nosso e dos pescadores de linha larga...
Vinte e alguns anos depois, descubro, que nunca mais falei com ninguém desta forma, de literatura e de sonhos.
O mais grave, é termos perdido completamente o rasto.
Nunca mais leste as minhas histórias e eu os teus poemas...
Memórias que ficam, bonitas...
ResponderEliminarBeijos, Luís M.
Às vezes a nostalgia apodera-se de nós...
ResponderEliminarDevem ter sido momentos marcantes, para os recordares agora.
Beijitos, Luís
Há lugares e pessoas especiais, que ficam para sempre.
ResponderEliminarNão acontece só nos filmes.
beijinho Luis
...e os amores que nunca foram!
ResponderEliminarEsperei
Sem querer acreditar
Na sombra que caía.
Desculpa, - fiz-te esperar, disse ela
- Que me querias?
O sol caía em cheio sobre a praia
O horizonte ardia no limite, esgotado de espanto.
Pousou Rilke sobre a mesa
Pergunta de novo
- Que me querias dizer?
- Gosto de te ver, gosto de te ver com o vestido azul…
Nunca te vi como hoje, deve ser do sol, deve ser do mar.
Deve ser dos olhos limpos com que te vejo hoje
- Diz lá, que mistério é esse? Tenho que ir
E lá longe, não tão longe, outra voz
“ Deus é um nome entre dois abandonos”
-Há coisas que é tão difícil dizerem-se…
É preciso que tudo esteja de acordo.
E ela longe, tão longe, na ausência de um olhar
Vê-te chegar, tu que não dormes
Encostado a ela, dentro dela, nessa fímbria louca do sentir
Olhos resplendores de estrela e punhal
Falas-me, ouço-te…só tu, a tua voz
Corrente mansa, em desalinho, vertigem
Corpo suspenso como papagaio a vento desacertado.
Como lhe dizer: - nunca te quis assim, como me queres
Todas as palavras são mapas para testar,
Rood-books emaranhados de dizer…
E há alguma coisa de estranho em tudo isto
Como pode acontecer uma vida e caminhar-mos vazios?
És tu, só tu como um agora que foi sempre
Nesta casa perversa e desavinda
Regresso sempre a ti em alvoroço
Mar queimado a horizonte
Já não há deuses para me entreterem
-Como lhe dizer?
Para onde vão os amores que nunca foram?
“Deus é um nome entre dois abandonos”
E Rilke
“- De outro modo erguer-se-ia esta pedra breve e mutilada
E não tremeria assim como pele selvagem
E nem explodiria para além de todas as fronteiras…”
- Não se trata de mistérios. Trata-se de ser certo o que te disser!
E toma-lhe uma das mãos sobre a mesa
Falas-me, ouço-te…só tu, a tua voz
Corrente mansa, em desalinho, vertigem.
Não, não há horizonte que chegue para te contar
Levanta-se, sacode o vestido azul, segura Rilke.
E a voz brilha como metal acabado de polir…
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escrevi-o há muito tempo.
a vida nunca deixará de nos ser estranha, Luís.:) ontem, como hoje.
abraço
maré
As memórias que nos vão ficando...
ResponderEliminarBeijinho, Luís
há pessoas que aparecem por uma razão especial
ResponderEliminare que depois desaparecem
foi o teu anjo da poesia
um abraço
jorge
uma memória que nunca morre, pois que guardada por esse local à beira mar. beijinhos, luís.
ResponderEliminarSão boas as recordações que guardamos no coração.
ResponderEliminarUm abraço Luís.
essas varandas viradas para o mar...
ResponderEliminarmesmo que fosse em silêncio, estava tudo dito, poesia, prosa, tanto faz!
recordações e lembranças
beijinhos
memórias que ficam, M. Maria Maio...
ResponderEliminarmarcantes à distância, Anoris...
ResponderEliminarhá cumplicidades encantatórias...
claro que não, Alice.
ResponderEliminarembora os filmes sejam quase sempre feitos de sonhos e pesadelos, também há por lá alguma realidade...
pois não, Maré, e tantas vezes, também, incompreensível...
ResponderEliminaro tempo é assim, vai-nos trazendo e levando memórias, Maria...
ResponderEliminarfoi mesmo Jorge, o meu anjo da poesia...
ResponderEliminarpois não, o mar não acaba, Alice...
ResponderEliminarpois são, reconfortam, Graça...
ResponderEliminarsão lugares especiais, já de si, cheios de poesia, Gaivota...
ResponderEliminarOlá Luís, descobri este seu blog há pouco tempo mas ainda bem que aconteceu. Gosto muito de o visitar.
ResponderEliminarAdorei este post. Cheguei mesmo a ouvir as ondas a bater.
A propósito, deixo-o com o meu irmão que tem um tema que, apesar de ser o antónimo do seu texto, podia ser a banda sonora do cenário que o Luís descreve.
http://br.youtube.com/watch?v=1DpY9Eq52dk
obrigado, Adsensum.
ResponderEliminarvou já olhar e ouvir...
O mar está la sempre...e a recordaçao guardada na areia da alma :)
ResponderEliminarna areia da alma... bonita imagem, Parapeito...
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