Claro que não concluímos que a população imigrante já ultrapassara os locais. Havia pelo menos duas razões para que fossem estas pessoas a passearem nas ruas e não os almadenses. A primeira dizia-nos que somos uma população envelhecida que sai cada vez menos à rua à noite (já o éramos antes da chegada destas gentes das américas e das índias, cuja maioria contribui de uma forma positiva para a nossa economia...). A segunda era que estas pessoas muitas vezes partilham casa e com estas temperaturas elevadas deve ser um suplício ficar dentro de quatro paredes em casas superpovoadas.
Depois passou por nós um vizinho carregado com dois sacos de mercearias. E lá voltei a ser "acordado"... Tratava-se de um chefe de família que sempre vivera de expedientes. De repente descobriu-se "velho e cansado", com mais duas bocas em casa para alimentar (a esposa que nunca trabalhou para fora e uma filha deficiente...), e teve de se "agarrar" com unhas e dentes ao Estado e a todas as Instituições que ajudam pessoas que dificuldades. Corria o boato de que vendia muitos destes produtos, para arranjar umas moedas para o tabaco e para as cervejolas.
Ao contrário da minha esposa, encarei o caso com normalidade, por ele ser quem era e por não existirem sistemas perfeitos. Até porque tudo indicava, que o nosso ainda fosse mais "imperfeito que os outros...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
Está muito difícil, tudo, principalmente para os idosos.
ResponderEliminarUm abraço.
Pois está, Graça.
EliminarE para os jovens não está muito melhor...
Este mundo tem coisas muito tristes.
ResponderEliminarE há quem (muitos) incentive e propagande este tipo de sociedade.
Podes querer, Severino.
EliminarHá quem não imagine o mundo sem pobrezinhos e coitadinhos...