sábado, julho 20, 2024

Não há sistemas perfeitos e talvez o nosso ainda seja mais "imperfeito" que os outros...


Estava sentado a ver "o mundo passar" na esplanada de um restaurante no centro de Almada, no começo da noite. Saboreava o café, distraído com coisas mais lunares que terrestres, quando a minha companheira, reparou num facto, cada vez mais evidente nas nossas ruas: mais de metade das pessoas que passavam por ali eram oriundas de outros países. Pela forma como se expressavam percebia-se que a maioria tinha vindo do Brasil.

Claro que não concluímos que a população imigrante já ultrapassara os locais. Havia pelo menos duas razões para que fossem estas pessoas a passearem nas ruas e não os almadenses. A primeira dizia-nos que somos uma população envelhecida que sai cada vez menos à rua à noite (já o éramos antes da chegada destas gentes das américas e das índias, cuja maioria contribui de uma forma positiva para a nossa economia...). A segunda era que estas pessoas muitas vezes partilham casa e com estas temperaturas elevadas deve ser um suplício ficar dentro de quatro paredes em casas superpovoadas.

Depois passou por nós um vizinho carregado com dois sacos de mercearias. E lá voltei a ser "acordado"... Tratava-se de um chefe de família que sempre vivera de expedientes. De repente descobriu-se "velho e cansado", com mais duas bocas em casa para alimentar (a esposa que nunca trabalhou para fora e uma filha deficiente...), e teve de se "agarrar" com unhas e dentes ao Estado e a todas as Instituições que ajudam pessoas que dificuldades.  Corria o boato de que vendia muitos destes produtos, para arranjar umas moedas para o tabaco e para as cervejolas. 

Ao contrário da minha esposa, encarei o caso com normalidade, por ele ser quem era e por não existirem sistemas perfeitos. Até porque tudo indicava, que o nosso ainda fosse mais "imperfeito que os outros...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


4 comentários:

  1. Está muito difícil, tudo, principalmente para os idosos.
    Um abraço.

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    1. Pois está, Graça.

      E para os jovens não está muito melhor...

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  2. Este mundo tem coisas muito tristes.
    E há quem (muitos) incentive e propagande este tipo de sociedade.

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    1. Podes querer, Severino.

      Há quem não imagine o mundo sem pobrezinhos e coitadinhos...

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