sexta-feira, agosto 05, 2022

Marcas de um Tempo, no Mínimo Estranho (e imprevisível)...


É normal ouvir dizer, aqui e ali, que algumas das coisas que ficaram no pós-pandemia, foram  mais egoísmo, menos paciência e também um maior descontrole emocional.  

Penso que sim, embora o egoísmo acabe por ser a marca mais visível. Como as pessoas praticamente deixaram de falar umas com as outras (bem dito telemóvel que substituiu com sucesso as "nuvens" e  a "lua"...), é nas situações com algum stress (as filas para qualquer coisa são um bom exemplo...), que se nota que a paciência ficou ainda mais para os chineses. E se acontecer alguma discussão, rapidamente alguém se descontrola e agride o outro verbalmente (e em alguns casos pode chegar mesmo a "vias de facto").


Acredito que as consequências da guerra na Ucrânia (a inflação galopante talvez seja a mais notória...), a própria seca severa que atinge o país, de Norte a Sul, sem esquecer o flagelo dos incêndios crónicos, assim como o que se passa no SNS, são exemplos mais que suficientes para aumentar o nosso "desnorte". 

Falámos sobre estas coisas e também sobre o aumento da violência. Apesar do alarmismo televisivo do CMTV (alimenta-se notoriamente de "sangue"...), que é capaz de repetir (e multiplicar) a notícia sobre a agressão ou assassinato com arma branca umas cinquenta vezes... há mais casos de assaltos e agressões com alguma gravidade.

Houve logo alguém que tentou culpar os emigrantes que vivem entre nós (especialmente brasileiros...). Mas nenhum de nós quis ir por aí.  Preferimos culpar as dificuldades em que se vive, com a pobreza não só a deixar de ser "envergonhada" como a começar a generalizar-se... E há sempre quem prefira roubar a mendigar... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


10 comentários:

  1. Acabei mesmo há poucos minutos de falar mais ou menos sobre esses problemas com uma amiga com quem me encontrei no parque. Um parque com uma lagoa e patos e gansos e pessoas a fazer piqueniques... que tem sido o nosso alento e inspiração durante esta pandemia quando ainda não era aconselhável agrupamentos de mais de meia dúzia de pessoas. Confirmámos como as amigas dela, as minhas amigas e as amigas que temos em comum estão a passar pela mesma ansiedade. Ansiedade de fazer mais, de nos envolvermos noutras atividades, de sairmos do dia a dia rotineiro, ou da rotina do dia a dia... : ) Também falámos sobre as notícias deprimentes que ouvimos todo o santo dia!! Notícias que se repetem quase de hora a hora....
    Por isso te compreendo. ; )

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    1. Parece que saltamos de "alarme" em "alarme" no nosso dia a dia, Catarina.

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  2. Bom dia
    A foto em si já nos mostra este tempo estranho e imprevisível . São mesmo as marcas que nos vão marcar por muitos e muitos anos .

    JR

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    1. Sim, apesar da canção, o tempo não costuma voltar para trás, Joaquim...

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  3. Penso que as redes sociais e alguns canais da TV também têm uma parte de culpa no alastramento de comportamentos disfuncionais.

    Abraço

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    1. Claro que têm, Rosa. São máquinas de multiplicar, quase sempre no pior sentido.

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  4. As pessoas estão cada dia mais agressivas. Os mais jovens foram habituados a ter tudo o que queriam e estão revoltados os mais velhos coitados tiveram que ajudar os pais e agora têm que ajudar os filhos, e a eles ninguém os ajuda. Enfim coisas deste tempo estranho mesmo.
    Abraço, saúde e bom domingo

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    1. É verdade.

      Das coisas mais absurdas, é a relação que as pessoas actualmente têm com o "usado" ou o "velho", é tudo para deitar fora, até as pessoas, Elvira...

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  5. Nunca se fez sentir tanto: só quero estar onde não estou...

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