domingo, dezembro 15, 2019

O Adeus da "Musa de Godard"


Anna Karina, actriz e escritora, companheira e musa de Jean Luc Godard, deixou-nos ontem.

Gostei particularmente da crónica de hoje de João Lopes no "D. Notícias" (que transcrevo com a devida vénia), que ainda por cima faz de tema principal um filme realizado no ano em que nasci:

«Em Viver a sua Vida (1962), um dos filmes em que foi dirigida por Jean-Luc Godard, então seu marido, Anna Karina interpreta Nana, uma prostituta de Paris. Trata-se de um dos momentos em que Godard integra o tema da prostituição nas suas narrativas, direta ou indiretamente expondo a mercantilização do corpo e o esvaziamento da alma como componentes viscerais do "progresso" nas sociedades modernas. Ao tema regressaria, por exemplo, em duas produções de 1967. Duas ou Três Coisas sobre Ela e Antecipação (episódio da longa-metragem A Mais Antiga Profissão do Mundo, também com Karina) ou Salve-se quem Puder (1980).
Seja como for, convém lembrar que não há em Viver a sua Vida nada que se possa confundir com a sociologia de bolso que, hoje em dia, muitas vezes, vai pontuando as mais banais narrativas (cinematográficas e televisivas) que se escudam na "gravidade" dos respectivos temas. Ao filmar Karina como Nana, Godard constrói uma das mais belas confissões de amor que a história do cinema regista  em última instância, Viver a sua Vida é uma crónica intimista sobre o olhar do cineasta face a uma mulher.»

(Fotografia de Ghislain Dussart)

2 comentários:

  1. Sammy, o paquete17/12/19, 20:44

    Ele está sentado no Cinema Londres, aquelas fabulosas cadeiras que, quando nos sentávamos, faziam com que nos deslocássemos para além do arco-íris.
    Olha «Vivre Sa Vie» de Goddard com a fabulosa Anna Karina.
    João Bénard da Costa chamou-lhe «mágica.»
    É por isso que há estrelas no céu.
    O Cinema Londres já há muito não existe e Anna Karina partiu agora.
    Nunca se sabe do que se morre, mas estas notícias podem ferir e transportam-nos sabe ele lá para onde…

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    1. Pois era, a plateia do Londres era diferente, Sammy.

      O "progresso" rouba-nos tanta coisa...

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