terça-feira, dezembro 10, 2019

A Carga Ideológica da Cultura


Há já alguns anos que se tenta esbater a existência da "esquerda" e "direita" na nossa sociedade, como se isso fosse natural, e uma consequência da evolução dos tempos.

Só que infelizmente, pelo menos no nosso país, o "fosso" entre ricos e pobres tem aumentado, ou seja, os ricos são cada vez são mais ricos e os pobres mais pobres. Logo, continua a fazer todo o sentido, que existam ideologias antagónicas, para defender causas cada vez mais extremadas.

Ultimamente também se tem falado  da reconstrução de uma "cultura de direita" (a propósito da crise da direita no campo político...). 

É uma questão que não é tão inocente quanto nos poderá parecer. Como neste espaço não é muito desejável divagar (escrever um texto longo e chato...), de uma forma simplista, digo que tenho muitas reservas em relação ao que pensam, e defendem, os "reconstrutores" de uma cultura de direita. Segundo a minha perspectiva, o que é pretendido é o regresso a "uma cultura dos salões", dirigida a uma elite, "endinheirada e brazonada", que gostava de se passear por estes lugares com vestidos de noite e  fatos de gala.

Continuo a pensar, e a defender, que a Cultura, tal como a Educação e a Saúde, além de serem um direito, deverão estar ao alcance de todos, por muitas cócegas que façam às "famílias" que continuam a acreditar que existe "sangue azul"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

10 comentários:

  1. E eu que pensava que a cultura não era apanágio de esquerda nem de direita, mas de todos. Continuo a ser uma ingénua.
    Abraço

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    1. Sempre houve "duas culturas", Elvira.

      A chamada popular, desenvolvida pelas colectividades antes de Abril.

      E a dos "salões", da tal elite...

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  2. Boa tarde:- Sempre foi e, infelizmente, sempre assim será. Os ricos mais ricos e os pobres mais pobres
    .
    …………… Poema ……………
    ^^^ Passaste simplesmente ^^^
    .
    Cumprimentos poéticos

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    1. Mas se pudermos diluir um pouco a diferença, só faz bem a todos nós, Ricardo.

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  3. Apesar de tudo, e ainda bem, ser-se pobre não significa ser-se inculto, como ser-se rico não significa ser-se culto.
    Mas eu também defendo uma Cultura acessível a todos e pouco ou nada fechada em salões de privilegiados.

    Abraço

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    1. E sempre foi assim, Rosa. E ainda bem.

      É como a inteligência, também não se compra... embora alguns fulanos a queiram vender em "comprimidos". :)

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  4. Eu desconhecia esta reconstrução!
    Mas tem razão, deve ser mais uma forma de tapar o sol com a peneira, vira o disco e toca o mesmo!

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    1. A ideologia tem sempre uma carga (e um suporte) cultural, Micaela. Seja ela de direita ou de esquerda.

      E quem tem privilégios nunca gosta de os perder... é por isso que ainda se vêm por aí pessoas com aversão ao 25 de Abril...

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    2. É verdade, mas para mim não faz sentido! Já nasci depois do 25 de Abril, mas por pior que o cenário possa estar actualmente, penso que não estará pior que antes!
      Além disso, eu acredito que para a frente é que é o caminho! Só devemos olhar para trás, para reconhecer os erros e não repeti-los!

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    3. Tens toda a razão, Micaela. Mas somos todos diferentes e todos iguais...

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