terça-feira, setembro 08, 2015

"O Voto é a Arma do Povo"


Estive a reler algumas crónicas que escrevi durante mais de um ano no "Jornal de Almada" ("A Cidade dos Outros") e encontrei uma que se enquadra no tempo que vivemos. A crónica intitula-se, "O Voto é a Arma do Povo" e foi publicada a 7 de Outubro de 2005, há praticamente dez anos.

Nesses tempos as pessoas não estavam tão apáticas nem tão assustadas em relação ao presente e ao futuro como nos nossos dias.

Comecei a crónica desta forma:

«Uma das coisas mais estranhas que observo, nestes tempos difíceis que estamos a viver, é o desinteresse aparente das pessoas pela própria resolução dos muitos problemas que as afligem. A melhor prova do que acabo de dizer, é a elevada taxa de abstenção nas nossas eleições.
É por isso que, sempre que se realiza um acto eleitoral fico bastante satisfeito por encontrar exemplos de pessoas idosas, debilitadas fisicamente - de cadeiras de rodas ou amparadas em bengalas e muletas -, que não querem perder, por nada deste mundo, o direito democrático de participarem na escolha das pessoas e dos partidos políticos com os quais se identificam.
Olho-os com admiração e respeito, por perceber a razão pela qual valorizam tanto a importância das eleições livres, sejam elas para o parlamento, autarquias ou para a presidência da república. Eles, mais que ninguém, sentem que os actos eleitorais, sem qualquer condicionamento, são uma das conquistas populares mais importantes da Revolução de Abril. Justificam a sua presença com a frase: «já bastaram os longos anos em que vivemos em ditadura, sem pudermos votar e escolher livremente os nossos governantes.»

Tenho a certeza que se todas as pessoas pensassem nestes exemplos, iam votar no próximo dia 4 de Outubro e esta gentalha, que anda a fazer tudo o que é possível e impossível para se manter no poder, sofria uma derrota humilhante, para perceberem de uma vez por todas que os portugueses não são tão parvos como parecem.

4 comentários:

  1. Pois é, Luís: é que essas pessoas - muita da peste grisalha, como disse o outro energúmeno - passaram anos das suas vidas sem poderem votar, nem expressar-se. Coisa que esta «peste loura» nunca viveu nem sentiu. Eu votei para a Constituinte - as primeiras eleições livres desde o tempo da 1ª República, tinha já 27 anos!

    Povo burro. Burro mesmo. (sem ofensa para os burros que são uns queridos...)

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    1. Concordo, Graça.

      Nunca se justificou tanto o voto como hoje, até para combater as manipulações da direita, que não quer deixar fugir o poder.

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  2. Quase no fim dos seus dias, e já em cadeira de rodas, meu pai não quis deixar de votar e por isso eu o levei até às urnas. E ele dizia precisamente isso. Levou metade da vida sem poder votar. Eu nunca falto. Curiosamente aqueles que mais têm mais a ver com o futuro, os jovens, são aqueles quemais se abstêm.
    Um abraço

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    1. Talvez os jovens precisem de saber o valor da liberdade, Elvira...

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