Estive a reler algumas crónicas que escrevi durante mais de um ano no "Jornal de Almada" ("A Cidade dos Outros") e encontrei uma que se enquadra no tempo que vivemos. A crónica intitula-se, "O Voto é a Arma do Povo" e foi publicada a 7 de Outubro de 2005, há praticamente dez anos.
Nesses tempos as pessoas não estavam tão apáticas nem tão assustadas em relação ao presente e ao futuro como nos nossos dias.
Comecei a crónica desta forma:
É por isso que,
sempre que se realiza um acto eleitoral fico bastante satisfeito por encontrar
exemplos de pessoas idosas, debilitadas fisicamente - de cadeiras de rodas ou
amparadas em bengalas e muletas -, que não querem perder, por nada deste mundo,
o direito democrático de participarem na escolha das pessoas e dos partidos
políticos com os quais se identificam.
Olho-os com admiração e respeito, por perceber a razão
pela qual valorizam tanto a importância das eleições livres, sejam elas para o
parlamento, autarquias ou para a presidência da república. Eles, mais que
ninguém, sentem que os actos eleitorais, sem qualquer condicionamento, são uma
das conquistas populares mais importantes da Revolução de Abril. Justificam a
sua presença com a frase: «já bastaram os longos anos em que vivemos em
ditadura, sem pudermos votar e escolher livremente os nossos governantes.»
Tenho a certeza que se todas as pessoas pensassem nestes exemplos, iam votar no próximo dia 4 de Outubro e esta gentalha, que anda a fazer tudo o que é possível e impossível para se manter no poder, sofria uma derrota humilhante, para perceberem de uma vez por todas que os portugueses não são tão parvos como parecem.
Pois é, Luís: é que essas pessoas - muita da peste grisalha, como disse o outro energúmeno - passaram anos das suas vidas sem poderem votar, nem expressar-se. Coisa que esta «peste loura» nunca viveu nem sentiu. Eu votei para a Constituinte - as primeiras eleições livres desde o tempo da 1ª República, tinha já 27 anos!
ResponderEliminarPovo burro. Burro mesmo. (sem ofensa para os burros que são uns queridos...)
Concordo, Graça.
EliminarNunca se justificou tanto o voto como hoje, até para combater as manipulações da direita, que não quer deixar fugir o poder.
Quase no fim dos seus dias, e já em cadeira de rodas, meu pai não quis deixar de votar e por isso eu o levei até às urnas. E ele dizia precisamente isso. Levou metade da vida sem poder votar. Eu nunca falto. Curiosamente aqueles que mais têm mais a ver com o futuro, os jovens, são aqueles quemais se abstêm.
ResponderEliminarUm abraço
Talvez os jovens precisem de saber o valor da liberdade, Elvira...
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