O Tempo tem muitas velocidades. Só assim se percebe que já tenham passado 14 anos do 11 de Setembro de Nova Iorque, um "dia-pesadelo" que virou as nossas vidas, quase de pernas para o ar.
Nunca mais conseguimos olhar para o mundo da mesma forma. Deixámos de confiar no outro. E se tiver turbante então...
Em 2006 escrevi esta imitação de poema...
Cinco anos pode ser uma
eternidade,
Ou ser apenas o dia seguinte...
Nova Iorque não voltou a ser igual,
As pessoas perderam tantas coisas...
Até a liberdade de serem quem eram.
O simples gesto, de um aceno ou sorriso,
Foi suprimido pela ditadura da segurança,
Assim como qualquer palavra circunstancial
Trocada na rua, com estranhos.
Cinco anos pode ser uma eternidade
Ou ser apenas o dia seguinte...
Podemos banalizar o que aconteceu
Fingir que as Torres Gémeas desapareceram,
Num truque qualquer de magia,
Podemos dizer que a vida continua,
Que o que já lá vai, lá vai...
Cinco anos pode ser uma eternidade
Ou ser apenas o dia seguinte...
Mas os rostos daqueles que partiram,
Sem marcar qualquer viagem,
Permanecem vivos no coração de Nova Iorque.
Sim, coração, de Nova Iorque!
O coração de qualquer cidade
São sempre os seus habitantes.
(11 de Setembro de 2006)
O óleo é de Kenneth MacQuenn.
Gostei do poema. Lembro de ter assistido em directo pela TV. Estava a lavar a loiça e a ouvir o telejornal, quando interromperam a emissão. E lembro da confusão do locutor quando do segundo avião. Ele nem sabia bem se aquilo estava a acontecer, se era uma repetição do que já tinha acontecido.
ResponderEliminarE também lembro das bombas que explodiram no ano seguinte em Bali, que fizeram mais de 200 mortos, da tragédia de Alcafache, e do golpe de estado no Chile que matou Allende. Parece que o dia 11 de Setembro, não é um bom dia para a humanidade.
Um abraço e bom fim de semana
Pois não, Elvira.
EliminarPeço licença para recordar outro 11 de Setembro bem trágico, há 42 anos, em Santiago do Chile. É muito interessante transpor as ideias do seu poema para esse outro 11 de Setembro: "As pessoas perderam tantas coisas.../Até a liberdade de serem quem eram./ O simples gesto, de um aceno ou sorriso,/
ResponderEliminarFoi suprimido pela ditadura da segurança". Para adaptar devidamente o poema aio atentado da Moncloa, basta no último verso suprimir a palavra final "segurança". Come efeito, a ditadura de Pinochet não foi apenas da segurança, ou disto ou daquilo, foi ditadura "tout court". Que o sacrifício de Allende pela liberdade e pelo socialismo nunca sejam esquecidos. E que os que o mataram, por muito que se apresentem (ainda hoje) como grandes campeões da democracia e dos direitos humanos, nunca tenham perdão...
Tem toda a licença, JHS.
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