Ela estava ali à minha frente, a "desbobinar" quase tudo o que lhe ia na alma. Felizmente falava calmamente, sem que a conversa chegasse às outras mesas.
«Ficamos com uma marca quando nos separamos. É o olhar ou outra coisa qualquer. Sei que há algo que se cola a nós e fica visível.»
Disse-lhe que era impressão dela. Mas ela insistiu: «Não é nada impressão. Eu encontrei mudanças em mudanças que antes me assediavam, ainda que de uma forma discreta, passaram a fugir de mim, como se lhes fosse pedir alguma coisa que não queriam dar.»
Achei aquele desabafo tão estranho, ainda por cima vindo de uma mulher agradável e sedutora. Mas ela lá sabia da sua vida.
Pensava que as coisas se passavam ao contrário, que uma mulher disponível era muito mais assediada. Mas há realmente quem se afaste das pessoas que vivem sozinhas.
O óleo é de Edward Cucuel.
[ desertos - íntimos, insuspeitos - ]
ResponderEliminarabç
é verdade, Margoh.
Eliminarpois é.
ResponderEliminarsabe quem sabe e quem passa pelos percalços da vida.
gostei!
:)
a vida é estranha mesmo, Piedade.
EliminarA disponibilidade deixa de ser um atractivo...
ResponderEliminarPenso que parte do assédio menos agressivo é apenas uma espécie de teste!
Abraço
Rosa dos Ventos
provavelmente, Rosa.
EliminarAssim é, acredito! Comportamento gera (ou atrai) comportamento...
ResponderEliminarO quadro é muito bonito e muito bem escolhido (como de costume).
acho que sim, Graça.
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