sexta-feira, junho 20, 2025

As minhas memórias não têm de ser iguais às dos outros...


O meu lado de historiador (e também de jornalista...), durante alguns anos  teve uma relação com os factos, quase imutável. 

A minha teimosia e um menor grau de flexibilidade também não eram grande ajuda. Faziam com que não entendesse que muitas das pessoas que distorciam os factos, o faziam de forma involuntária, não estavam a dizer mentiras, mas sim a relatar a forma como tinham interpretado e guardado a realidade dentro delas.

Hoje, vejo as coisas de forma diferente, é não é pelo facto de ser ligeiramente daltónico, de saber que o verde se aproxima do azul, até na natureza. Sim, o mar e o rio, nem sempre nos surgem com a mesma tonalidade.

Tudo graças a essa coisa que chamamos "vida", que passa o tempo a dar-nos lições. Lições que nem sempre entendemos...

Estou a escrever estas palavras porque hoje estive com familiares que não via há bastante tempo e senti tudo isto. De uma forma aberta e franca, eles iam contando histórias do nosso passado comum (quase sempre deliciosas...), que nem sempre coincidiam com as nossas.

A única coisa que faço, aqui e ali, são uns ajustes no campo temporal, provando através de acontecimentos marcantes, que uma coisa que se passou nos anos oitenta do século passado não se passou nos anos noventa. 

Há muitos acontecimentos importantes que nos ajudam a fazer a tal aproximação, como foram o 25 de Abril, a Expo 98 ou a Pandemia. Ou ainda, no campo familiar, o nascimento ou a perda de alguém.

Mas o melhor disto tudo, é aceitar de uma forma cada vez mais pacífica, que as minhas memórias não têm de ser iguais às dos outros...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


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