quinta-feira, novembro 23, 2023

"Ninguém como nós conhece o sol"...


"Ninguém como nós conhece o Sol"...

É este o título da biografia televisiva do poeta Sebastião Alba, que nunca conseguiu (apesar de milhentas de tentativas...) ser aquilo que se chama uma "pessoa normal", que também terá muitas definições.

Não conheci o poeta de Braga, o nome não me era estranho, mas só depois de ver este "rascunho televisivo" - de um poeta que nos seus últimos tempos se afogava em álcool e preferia a vida de andarilho e maltrapilho, ao ponto de ser capaz de se deitar e adormecer em qualquer banco de jardim -, é que tive contacto com mais um criador, incapaz de cumprir as regras que lhe impuseram (a história que o irmão contou da sua passagem pelo serviço militar obrigatório no começo dos anos 1960, em Moçambique, com dezenas de fugas e dezenas de prisões, explica muito bem que era demasiado livre para viver "engaiolado"), num mundo que não era o dele. Talvez esta fosse mesmo a sua única certeza...

Devia ser um desses "loucos" que por vezes passam por nós e nos oferecem uma frase poética, a que nós, se estivermos bem dispostos, retribuímos com um sorriso, mesmo tímido, sem sabermos muito bem como reagir.

E não tenho grandes dúvidas que são as pessoas como o Sebastião Alba, que vivem na rua, que melhor conhecem o Sol (e a Lua, claro). É por isso que este título não deixa de ser feliz, servindo de feição o objecto biográfico deste singular documentário biográfico.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


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