quinta-feira, novembro 16, 2023

Nem sempre o "mundo" anda à nossa procura...


Às vezes conhecemos pessoas com quem nos identificamos, quase de imediato, por coisas simples, como um sorriso ou uma troca de palavras. Por isso acontecer de uma forma circunstancial, podemos estar meses, e até anos, sem nos voltarmos a cruzar.

Não estou a falar de "estórias de amor", estou a falar de empatia. Foi o que aconteceu com a Inês, que conheci jovem arquitecta, no princípio de século, porque estava a fazer um trabalho sobre os realojamentos camarários, sobre as pessoas que viviam em barracas e passaram a ter uma casa.

Nós conversámos sobre esse projecto, porque ela teve bastante dificuldade em encontrar interlocutores da nossa geração e da geração anterior à nossa para falarem das mudanças nas suas vidas. Ambos sabíamos por que razão é que isso acontecia. Ninguém gosta de falar de um passado feio, e até degradante, nesta nossa condição humana... Na época ela estava feliz por saber que toda a gente vivia melhor e que se adaptara com facilidade a uma vida mais próxima dos padrões de Abril, da velha canção do Sérgio Godinho, da paz, do pão, saúde, e claro, da habitação... Não conheceu nenhuma história de gente que fez uma "hortinha" na banheira, como se costumava falar em jeito de anedota, sobre os ciganos quando eram realojados.

Foi bom encontrarmo-nos vinte anos depois. Descobrir que aquele trabalho inicial lhe valeu um emprego no Município da Capital, onde ainda está. Foi bom descobrir que continua a sonhar e a tentar inventar soluções para os bairros e zonas mais antigas de Lisboa. Continua a acreditar que é possível viver-se melhor na "Cidade Grande". A espaços consegue-o, apesar de saber os políticos gostam de mudar tudo, quando chegam ao poder, ao ponto de até serem capazes de "deitar fora" projectos, bons para todos (até para eles...).

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


4 comentários:

  1. Ainda há quem leve a vida a lutar pelos seus sonhos.
    Abraço e saúde

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  2. Felizmente ainda há muita gente assim!

    Abraço

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  3. É verdade, Elvira, ainda há muito boa gente que escolhe caminhar pelos lados mais positivos da vida.

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