quarta-feira, agosto 30, 2023

«A vizinhança é como os melões, não se vê por fora o que está lá dentro.»


Felizmente nunca tive nenhum vizinho excessivamente problemático no meu prédio, ao contrário de outros amigos, como o Chico, que até já traficantes teve de aturar, mesmo na fracção à sua frente. Tocavam vezes sem conta à sua campainha, por engano. E normalmente ainda eram ordinários, por ele não lhes abrir a porta da rua.

Foi por isso que me limitei a ouvir as lamentações de quem estava com vontade de mudar de casa, por ter cada vez menos paciência para aturar gente "porca e mal educada", quase porta sim, porta sim. O Rui há muito que percebeu que é ele que está a mais no seu prédio, mas se o orçamento não dava para mudanças há meia dúzia de anos, as coisas pioraram muito nos últimos tempos...

Senti-me um felizardo no meu prédio, onde ninguém deita lenços sujos para o chão e por lá ficam, até à limpeza das escadas. E só um ou outro é que não tem cuidado com a porta da rua e da própria casa, talvez por gostar do "eco" que sobe as escadas mais depressa que qualquer um de nós. Também não há cenas de violência doméstica, com ameaças e gritos, daqueles que quase que abanam a estrutura de cimento do edifício...

Limitei-me a sorrir quando o Chico disse que «a vizinhança é como os melões, não se vê por fora o que está lá dentro.»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


4 comentários:

  1. Ter bons vizinhos é muito importante. O ambiente é mais seguro e a qualidade de vida é igualmente melhor para todos.

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    1. Tens razão, ajuda muito, Catarina.

      É tudo mais calmo e seguro.

      Sabe tão bem receber um sorriso logo de manhã com um bom dia...

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  2. Vivi muito pouco tempo num apartamento.
    A minha casa é geminada e raramente vejo os vizinhos.
    A minha sogra dizia vezes sem conta "Deus nos livre de maus vizinhos de ao pé da porta."

    Abraço

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    1. Às vezes questiono-me se fomos feitos mesmo para viver em comunidade, Rosa.

      Porque assim que subimos no "elevador social", tentamos viver isolados e com muros à nossa volta...

      Voltando à má vizinhança, lá nos diz a sabedoria popular, que mais vale só que mal acompanhado.

      Nós humanos vivemos num mar de contradições.

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