terça-feira, agosto 01, 2023

Cristão, sim, Católico, não...


Hoje cruzei-me com dezenas de peregrinos pelas ruas de Almada. Não foi muito difícil de perceber que não pertenço aquele mundo.

Enquanto regressava a casa fui visualizando a minha caminhada lenta de afastamento da religião católica, desde a adolescência. Senti desde cedo que não fazia qualquer sentido pertencer a uma religião que por muito que falasse dos "pobrezinhos", preferia a companhia dos ricos e poderosos.

Mas não deixa de ser curioso, que o episódio que ditou o meu "divórcio", tenha tido a intervenção directa de um padre... 

Mais por tradição (e alguma pressão dos avós...) que por outra coisa, os meus dois filhos foram baptizados. Na preparação do baptismo do meu filho mais velho, o padre fez uma coisa ligeiramente rasteira, disse que só baptizava o meu filho se eu e a minha esposa casássemos pela Igreja. Eu não me fiquei e respondi-lhe à letra, dizendo que era eu e a minha esposa que decidíamos se devíamos ou não casar pela igreja, não era ele. E acrescentei que se não quisesse baptizar o meu filho, havia mais igrejas e mais padres no Concelho.  

Esta conversa foi "remédio santo". O padre não voltou a falar em "casamento" e o baptizado realizou-se sem qualquer incidente na Igreja de Cacilhas. Mas eu percebi, de uma forma que considero definitiva, que não tinha nada a ver com aquele credo.

Poderá parecer estranho, mas continuo a sentir-me Cristão. Continuo a olhar para Jesus Cristo como o maior exemplo de humanismo no nosso Planeta. Ao contrário da Religião Católica, Ele, na sua curta passagem terrestre, esteve sempre ao lado dos mais pobres, dos mais fracos e desprotegidos...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


6 comentários:

  1. Bom dia
    Felizmente que este Papa já não pensa assim como esse padre. Ainda à pouco tempo deu o exemplo de uma mãe solteira que queria batizar o filho .
    Ser católico é um rótulo como um nome que se dá a um produto qualquer que se vende nas lojas .

    JR

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, é difícil ser indiferente ao Papa Francisco, Joaquim.

      A dor de cabeça que ele deve ser para quem vai à "ceia dos cardeais"...

      Eliminar
  2. A viver onde vivo, não me sinto nada!

    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não me digas, Rosa.

      Quem diria, mesmo com a irmã Lúcia tão perto. :)

      Eliminar
  3. Olá, Luís.
    É assim, tal e qual se sente, que eu sinto a minha Crença e a minha Fé. Sou cristã porque acredito na existência de Jesus Cristo, que também poderia ter-se chamado José Maria.
    O catolicísmo, enquanto poder religioso, não me cativa nem convence. Se bem que, no meu tempo de ser criança, tenha feito todas as comunhões e frequentado a catequese e pertencido à Pré-JOC. Adorei o convívio, os ensaios das peças teatrais infantis, em casa da menina Mª dos Anjos, a ensaidora, ou, na sacristia na Igreja de Santa Maria, sempre com a sua presença, senhora que ainda hoje trato por Menina, apesar das suas mais de noventa primaveras e, só lamento, que a saída da província onde nasci e cresci, tenha sido o princípio do fim da minha infância e pré-adolescência. Doze anos é muito pouco tempo de despreocupação e felicidade...Entrar no mundo dos adultos, por força das circunstâncias e da necessidade, foi muito duro e fez-me questionar muitas coisas.
    Obrigada. :)
    Um abraço.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O que sempre me fez confusão foi ver os padres fazerem quase sempre o contrário de Jesus Cristo, Janita.

      E ainda hoje é assim...

      Eliminar