Peguei no seu livro de crónicas, "Este Tempo", e descubro coisas que ficaram paradas no tal tempo, mesmo que já tenham sido escritas há mais de cinquenta anos. Ou seja, uma boa parte das suas crónicas parecem ser intemporais.
Há questões que permanecem, agora ainda mais vivas, como o começo da sua crónica, "As Palavras e as vozes", escrita no "Diário de Lisboa" a 29 de Março de 1972:
«Gostava de saber quanto tempo gastará por ano uma pessoa que se quer ou se julga informada sobre o que se passa no mundo (os mundos das pessoas têm tamanhos e rostos diferentes, podem ser a rua onde se mora, a cidade, o país, a Terra, podem até ser os mundos além-mundo). Refiro-me às pessoas que, está claro, lêem o jornal, mas sobretudo às que ouvem rádio e vêem televisão. Somos espectadores e ouvintes mais do que gente viva. Estaremos mesmo vivos, ainda não seremos bichos de ouvido nem de lente de contacto?»
A sua questão manteve toda a actualidade. E ela já não viveu este tempo desenfreado dos telemóveis, das redes sociais...
(Fotografia de Luís Eme - Almada)
Contudo por aqui andamos, uns mais do que outros.
ResponderEliminarAbraço
Pois é, no melhor e no pior dos mundos, Rosa...
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