quinta-feira, fevereiro 20, 2020

A Ficção e a Realidade deste País


Desde que olho para as coisas com olhos de ver, que sinto que os governantes vivem numa realidade paralela, que se aproxima mais da ficção que da "vida como ela é". Penso que isso é intencional e foi a melhor forma que eles encontraram  para conseguirem passar ao lado dos problemas.

Ainda não tinha falado sobre o "caso Marega", porque não há muito a dizer, muito menos a esconder. Ainda bem que teve a coragem de abandonar o campo de jogo (caso contrário, continuávamos todos a assobiar para o lado...).

Mas o que mais me incomodou neste episódio foi ver os nossos principais governantes (Presidente da República, Primeiro-Ministro, e especialmente o Ministro dos Negócios Estrangeiros), mais preocupados com a imagem do país para o exterior, que na urgência em se tomarem medidas sérias, para erradicar estes problemas crescentes, nos estádios e nas nossas ruas.

Desde o começo do ano, além dos insultos racistas ao Marega, também morreu um jovem cabo-verdiano, em Bragança, depois de ter sido brutalmente agredido; e uma portuguesa de origem angolana foi barbamente agredida por agentes da autoridade, depois de ter resistido à sua detenção, na Amadora (este último caso foi desencadeado no interior de um autocarro e o seu motorista acabou por ser agredido, posteriormente, como retaliação...).

Talvez o Governo ache que tudo isto é "normal". E a única coisa com que temos de ter mais cuidado, é com a forma como as notícias viajam pelo mundo, para não afugentar os turistas...

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)

6 comentários:

  1. Mais importante que esses Maregas todos é o alentejano que morreu no Hospital de Beja, por falta de assistência!

    O futebol é tudo gente da treta, Vieiras, Pintos, Fredericos e outros que tais fazem parte dum espectáculo em que a única coisa que se safa é o esférico (como diria o grande Alves dos Santos) e eu, infelizmente, gosto de futebol, mas tudo o que está ligado ao futebol é das grandes nódoas do nosso tempo.

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    1. Tudo pode ser importante, Severino. Até o Marega, para deixarmos de confundir as coisas...

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  2. Fiquei muito triste com o que aconteceu no nosso país nos últimos tempo.
    Não existe respeito pelo próximo.
    Tantas leis e palavreados que não levaram a nada.
    Obrigada pela suas palavras.
    Merecíamos governantes mais justos.
    Cumprimentos,
    Megy Maia

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    1. Mais justos e sobretudo mais preocupados em fazer cumprir as leis, Megy.

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  3. É caso para repetir as palavras do Luís, pois me parece que quem anda a assobiar para o lado são justamente aqueles que deveriam estar atentos e de olhos bem abertos.

    Portugal parece andar à deriva, sem rei nem roque, enquanto a revolta e o caos podem estar iminentes...

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    1. É isso mesmo, Janita.

      Finge-se que está tudo bem, até à próxima tragédia...

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