sexta-feira, maio 10, 2019

Escreve-se Porque Sim e Também Porque Não...


Herberto Helder cruzou-se hoje comigo, em dois textos e uma conversa. A única ligação entre estes três acontecimentos foi a sua vocação de recusa, a sua caminhada livre e solitária, para bem longe das capelinhas e dos "capelistas"...

Ou seja, ele foi o que mais ninguém consegue (e quer) ser...

Pelo meio ainda assisti, em silêncio, a uma discussão quase parva, entre dois meninos que dizem ser poetas, dos bons. O com menos cabelo disse que logo que publicassem 10 linhas sobre um livro do outro, no "Jornal de Letras" ou na revista "Ler", ele em vez de destilar ódio e inveja pela "dúzia" de escritores que eram cortejados, mesmo quando os seus livros eram péssimos (a palavra dita cheirava pior...), passava a lamber os "cus" (já tinha reparado que as "botas" tinham sido substituídas nesta velha expressão...) dos críticos.

Quando vinha para casa, voltei a pensar em Herberto e questionei-me por que razão escrevo. Até que me lembrei, que era por que gostava (e também por que precisava, poupando-me dinheiro em qualquer médico de "maluquinhos"...). ponto final.

(Fotografia de Luís Eme)

4 comentários:

  1. Escrever é mesmo uma terapia!

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  2. É bom quando a escrita nos serve de terapia (a mim também). Mas, quem não tem habilidade para a escrita, por vezes, não tem como fugir a uma psicoterapia. Também, tratando-se de um escritor, os problemas podem ser tão graves, que não se pode fugir a um tratamento desse tipo.
    Não é vergonha nenhuma, esse estigma devia ser abolido, porque evita que muita gente procure ajuda profissional por vergonha, o que só serve para agravar os seus problemas, por vezes, irreversivelmente. Por isso, e vai-me desculpar, Luís, mas não aprecio a expressão «médico de "maluquinhos"».

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    1. Eu gosto de utilizar algumas palavras, com alguma crueza, Cristina.

      Lembro-me da minha mãe detestar que eu utilizasse a palavra "malandros" (embora eu não lhe desse a conotação que ela lhe dava...).

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