As declarações dos líderes do PSD e do CDS (a pedirem a "cabeça" do primeiro-ministro, depois da ministra da Administração Interna se demitir...) são o retrato dos políticos do nosso país. Em vez de se unirem para combaterem um mal comum, do qual os governantes que foram poder no país ( nacional e local), pelo menos nos últimos trinta anos, tem grandes responsabilidades (para não recuar mais no tempo...), tentam sempre retirar dividendos políticos da desgraça alheia.
Além de demonstrar falta de sentido de Estado e de carácter (tanto à esquerda como à direita), é apenas mais um indicador de que as "tricas políticas" são mais importantes que a resolução dos problemas graves que o país atravessa, como é o caso do ordenamento do território...
Um português da Marinha Grande explica muito bem as razões da tragédia do Pinhal do Rei, no distrito de Leiria (que podem ser generalizadas...), na reportagem publicada hoje no DN e assinada por Paula Sofia Luz:
«Gabriel Roldão estabelece uma relação
direta entre "a entrada de Durão Barroso no governo e o momento em que
começou a deteriorar-se a administração dos serviços florestais". Mas a
verdade é que as oficinas de carpintaria, de mecânica, estaleiros de reparação
das estradas, serração de madeiras, entre outros serviços, foram sendo
paulatinamente encerrados. "Nessa altura [2001] estava projetado fazer-se
a recuperação das casas da mata. Houve um concurso nacional, o prazo era muito
curto, a câmara não se apercebeu, e eu mesmo fui ter com o presidente de então
Álvaro Órfão para concorrer à aquisição das casas que foram dos
guardas-florestais", conta Roldão. Nessa
altura já aposentado, ajudou a fazer os projetos, que deveriam ter sido
entregues até 28 de fevereiro de 2001. Mas a 26 desse mês, dois dias antes,
Durão Barroso revoga a portaria anterior. Os projetos nunca saíram da gaveta.
As casas ficaram abandonadas, algumas arderam no incêndio de domingo. "Foi
todo um descalabro que acabou com o Pinhal de Leiria. A direção dos serviços
florestais foi descapitalizada. Deixou de funcionar o que existia: escola de
guardas-florestais, escola de resinagem." A machadada final dá-se em 2008,
quando os guardas-florestais são integrados na GNR, "uma organização
militar onde estavam desenquadrados", sustenta Roldão, certo de que
"a responsabilidade de vigilância e policiamento terminou aí. Até hoje
nunca vi uma única brigada da GNR a policiar a mata".»
(Fotografia de Luís Barra - Lusa)
Sem comentários:
Enviar um comentário