Não tenho a certeza, mas penso que só nos cruzámos uma única vez, no "Ribadouro".
Entrei na cervejaria lisboeta com dois amigos do jornalismo, a meio da noite e era impossível não repararmos na sua mesa, até pelas vozes animadas de algumas personagens conhecidas. Depois de nos sentarmos a alguma distância, acabei por ser surpreendido por um dos seus companheiros de mesa, um grande realizador português, que me reconheceu e fez questão de me vir cumprimentar.
Mais ou menos na mesma época tentei entrevistar Cardoso Pires, mais que uma vez, mas nunca o consegui. Desculpou-se sempre ao telefone com o livro que estava a escrever, dizendo que nessas alturas não dava entrevistas nem estava para ninguém...
Nesses tempos também costumava passar por Benfica e trocar algumas palavras com o Francisco José Viegas, na sede do Circulo de Leitores, sobre jornalismo e livros. Recordo-me de numa dessas conversas termos falado da importância da caracterização das personagens. O Francisco falou-me do Cardoso Pires, da forma exaustiva com que ele trabalhava as personagens dos seus livros, ao qual nem faltavam fotografias, recortadas de jornais e revistas...
Outra coisa muito especial na sua forma de escrever, eram as várias versões que fazia do mesmo romance. Penso que só o Lobo Antunes (eram muito amigos...) é que também cria mais que uma versão das histórias que escreve.
Falando do escritor, o livro que mais gostei de ler do Cardoso Pires foi "O Delfim", que curiosamente acabou por ser adaptado para o cinema e realizado pelo amigo, que naquela noite fez questão de me cumprimentar no "Ribadouro", e do qual também gosto muito.
Esta fotografia antiga, mostra-nos José Cardoso Pires a recolher informações para mais um romance, provavelmente próximo do espaço físico da obra...
Recordemos este grande escritor, mais um dos que conseguem fazer malabarismos com as palavras e torná-las arte. E, tanto quanto sei, com a simplicidade de carácter dos grandes.
ResponderEliminarBjs
Foi um grande escritor.
ResponderEliminarDeixou-nos há 10 anos, mas a sua obra eternizou-o...
Beijinho, Luís
E eu estou a reler o Delfim... e na 4ª-feira irei ouvir o grande amigo dele, falar sobre a sua mais recente Insónia.
ResponderEliminarHá escritores de quem sentimos saudades. O josé Cardoso Pires é um deles.
ResponderEliminarUm abraço Luís.
Mais uma vez muito bem assinalado.
ResponderEliminarUm escritor que merece.
Beijos.
bonita homenagem a um escritor bem merecedor!
ResponderEliminarparabéns
beijinhos
Tb só me cruzei com ele uma vez no Bota Alta estava, juntamente com Abelaira e outros numa mesa logo da sala de entrada; gostei de o recordar aqui.
ResponderEliminarÉs um homem de muitos privilégios, Luís.Ainda que uma vez só, assistir a uma tertúlia subscrita por grandes nomes, cruzar-se com quem nos lega literatura, como o fez José Cardoso Pires, é como chegar ao oásis no decurso do deserto.
ResponderEliminarDele, li três livros,incluindo o Delfim, transposto com excelência para o filme que só alguém com um profundo conhecimento do autor, poderia executar da forma como o fez.
bjs, Luís
Um amigo....das horas longas.
ResponderEliminarum abraço Luis.
________________sempre tão "atento".
(e é tão raro...)
é verdade, Paula...
ResponderEliminarcomo acontece aos génios, Maria...
ResponderEliminarfazes muito bem, Patti.
ResponderEliminaré verdade, Graça...
ResponderEliminarum escritor especial, M. Maria Maio.
ResponderEliminarsem dúvida, Gaivota.
ResponderEliminarainda bem, Helena...
ResponderEliminardevo ter lido uma meia-dúzia, Maré.
ResponderEliminargostei mais de o Delfim, de toda a sua construção como romance. está na minha lista dos "dez mais"..
e um grande amigo do seu amigo, Isabel...
ResponderEliminarpenso que foi na sexta passada que passou um documentário no canal dois sobre cardoso pires. tive oportunidade de só conseguir ver quase no final porque nas minhas anotações esqueci_me dele. imperdoável.
ResponderEliminargénio de palavras esse nosso querido cardoso pires. humano. sarcástico. a não esquecer nunca. porque nos fica na memória e na imagem. e na alma também.
sim, ele era excelente, como escritor e como pessoa. não andava pelas capelinhas nem dava trela aos hipócritas, preferia os genuinos, Ivone...
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