Manuel da Fonseca, um escritor e poeta de todos os largos do mundo, é recordado hoje no "largo da memória", porque nasceu em Cerromaior, num já longínquo 15 de Outubro, em 1911.
Escolhi uma parte do seu poema "Maltês" (III), desta antologia que ilustra o "post", para homenagear este grande contador de histórias do Sul:
Gente chegou às janelas,
saíram homens à rua:
- as mães chamaram os filhos,
bateram portas fechadas!
saíram homens à rua:
- as mães chamaram os filhos,
bateram portas fechadas!
E eu, o desconhecido,
o vagabundo rasgado,
entrei o largo da vila
entre dez guardas armados;
- mais temido e mais amado
que o deus a que todos rezam.
o vagabundo rasgado,
entrei o largo da vila
entre dez guardas armados;
- mais temido e mais amado
que o deus a que todos rezam.
- Que nunca mulher alguma
Se rendeu mais a um homem
Que a moça do rosto claro
Ao cruzar os olhos pretos
Com o meu olhar de rei!
Que a moça do rosto claro
Ao cruzar os olhos pretos
Com o meu olhar de rei!
Excelente.
ResponderEliminarE como são belíssimas as histórias do Sul...
Beijos, Luís M.
Bonita é esta homenagem ao Manuel da Fonseca, tão arredado de leituras e da net... digo eu...
ResponderEliminarBeijinho, Luís
Gosto dos contos dele. São um belo retrato desse Sul de que falas.
ResponderEliminar(E em relação ao post aqui de baixo...nunca mais vou olhar para o Eduardo Lourenço da mesma forma. Medo.)
E eu gosto tanto dele! Reler os seus escritos é sempre um prazer.
ResponderEliminarBem hajas!
Era mesmo o Poeta do Largo...
ResponderEliminarEm vários poemas e textos em prosa nos fala de largos alentejanos!
Abraço
Na Linha de Cabotagem há algo para si.
ResponderEliminarManuel da Fonseca: um poeta que eu adoro e que me faz bem.
ResponderEliminarUm abraço Luís.
e eu confesso uma quase total ignorãncia sobre a sua obra. :(((
ResponderEliminarbjs Luís
pois são, M. Maria Maio...
ResponderEliminarsim, quase esquecido, Maria...
ResponderEliminarpois são F. ...
ResponderEliminartambém gosto muito, Sophiamar.
ResponderEliminarsim, o tio Manel adorava largos e as conversas que inudavam os largos, Rosa...
ResponderEliminarobrigado, Helena.
ResponderEliminarfaz bem a todos, Graça...
ResponderEliminardevias ler, Maré.
ResponderEliminarna adolescência adorei ler os seus contos do livro "Fogo e as Cinzas" e o "Cerromaior"...
deixo_te com um excerto do meu poema preferido de manuel da fonseca "domingo"
ResponderEliminare a versão dita por mário viegas? do outro mundo...até a alma chora.
Quando chega domingo,
faço tenção de todas as coisas mais belas
que um homem pode fazer na vida.
Há quem vá para o pé das águas
deitar-se na areia e não pensar...
E há os que vão para o campo
cheios de grandes sentimentos bucólicos
porque leram, de véspera, no boletim do jornal:
«Bom tempo para amanhã»...
Mas uma maioria sai para as ruas pedindo,
pois nesse dia
aqueles que passeiam com a mulher e os filhos
são mais generosos.
Um rapaz que era pintor
não disse nada a ninguém
e escolheu o domingo para se matar.
Ainda hoje a família e os amigos
andam pensando porque seria.
Só não relacionam que se matou num domingo!
Mariazinha Santos
(aquela que um dia se quis entregar,
que era o que a família desejava,
para que o seu futuro ficasse resolvido),
Mariazinha Santos
quando chega domingo,
vai com uma amiga para o cinema.
Deixa que lhe apalpem as coxas
e abafa os suspiros mordendo um lencinho que sua mãe lhe bordou,
quando ela era ainda muito menina...
Para eu contar isto
é que conheço todas as horas que fazem um dia de domingo!
À hora negra das noites frias e longas
sei duma hora numa escada
onde uma velha põe sua neta
e vem sorrir aos homens que passam!
E a costureirinha mais honesta que eu namorei
vendeu a virgindade num domingo
— porque é o dia em que estão fechadas as casas de penhores!
Há mais amargura nisto
que em toda a História das Guerras.
é um poema lindo, Ivone...
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