segunda-feira, julho 08, 2019

Tudo tem um Princípio...


«A ideia de que somos pessoas boas está completamente errada. Este é o melhor exemplo.» 

Foi desta forma que o Rui reagiu à má educação de uma criança, que além de gritar, ainda começou a mexer nos objectos pessoais que algumas pessoas tinham na mesa ao lado, com a complacência dos pais e a irritação do avô.

Como os pais pareciam assistir ao "filme" de camarote, o senhor de mais idade, levantou-se, pegou na mão da criança com pouca meiguice e foi dar uma volta pelas redondezas, para alívio das pessoas que estavam na esplanada, que começaram a sentir os gritos, quase como música de fundo, cada vez mais longínqua.

A Teresa disse que não se tratava de uma questão de bondade ou maldade, mas sim de educação.

«Educação?» Insistiu o Rui. «Devias ter uma bisca destas lá em casa, sempre queria ver o que lhe fazias. Não me digas que o enchias de porrada?»

«Não. Não o enchia de porrada, mas também não lhe fazia as vontades nem sorria com os espectáculos que ele deve dar em todo o lado, como os paizinhos.»

Claro que a Teresa tinha toda a razão, o que estava ali em causa era sobretudo um problema de educação, de exemplos, que poderiam começar no hábito de se respeitar o outro (falo de respeito e não de "respeitinho"), que começa a entrar em desuso...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

17 comentários:

  1. O meu pai dizia que num neto só se batia em legítima defesa, quando a minha mãe dava alguma palmada aos meus sobrinhos que eles ajudaram a criar. :)
    No entanto, quer eles quer os meus filhos eram impecáveis comparados com os meus netos que, não fazem cenas dessas mas são muito irrequietos, por vezes, apesar de muitas chamadas de atenção!


    Abraço

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  2. Também acho que a Teresa tem razão.
    Mas não acho que a solução seja palmadas. Conheço crianças educadas que não recebem palmadas, é possível.

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    1. Claro que se pode (e deve) educar sem palmadas, Cristina, mas quem é pai e mãe, sabe que há alturas em que se parecem esgotar "todas as soluções" de chegar a um bom porto. :)

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    2. Sim, compreendo que haja alturas dessas e ninguém se deve censurar por isso. Ninguém é perfeito e censurar-se aumenta a pressão e o sentimento de culpa. Só não concordo com o princípio de que a "palmada pedagógica" faz parte da educação. Daí ao exagero é um pequeno passo...

      Penso que um dos problemas é muitos pais permitirem tudo aos filhos, desde o início, atingindo, em poucos anos, uma situação que lhes foge do controlo. Também acho que alguns pais, de tão encantados com os seus rebentos, pensam que toda a gente lhes deve achar piada, quando fazem asneiras.

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    3. Concordo contigo, Cristina. :)

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  3. Hoje em dia há muitos pais que, para não contrariarem os filhos, os deixam fazer tudo o que querem. E depois a educação não é nenhuma…
    Um abraço, Luís.

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    1. Vê-se muito por aí, mais do que se devia, Graça.

      O "deixa andar" é mau em todas as coisas, mas mais grave ainda na educação, pelas repercussões que pode ter no futuro...

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  4. Quando vejo uma criança muito “traquina”, levanto sempre a hipótese de ser portadora do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade que, para quem não a conhece, assume imediatamente que é mal educada e, consequentemente, culpabilizam os pais.

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    1. Má educação é diferente de qualquer tipo de transtorno, Catarina. :)

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    2. O meu ponto é que o transtorno pode ser confundido com má educação. Acredita no que estou a dizer. :))

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    3. Acredito, Catarina. :)

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  5. Pais mal educados e sem maneiras só podem gerar filhos mal educados e sem maneiras!

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    1. Claro, Severino. Os exemplos são mais importantes que as palavras...

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  6. Luís, é daqueles "departamentos" em que as coisas são mais caso a caso.
    Os miúdos também são muito diferentes. Por vezes, filhos dos mesmos pais e educados de forma semelhante, têm comportamentos muito diferentes também no que respeita à ligação com os outros.

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    1. Isabel, sim, os miúdos também são diferentes, há características que são inatas. Por outro lado, os pais nunca educam dois filhos da mesma maneira. O mais novo é educado de maneira diferente do mais velho, o rapaz é educado de maneira diferente da rapariga. Educações semelhantes? Talvez. Mas semelhante é um conceito bastante elástico e, muitas vezes, pequenas diferenças podem fazer diferenças muito grandes.

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    2. Olá Isabel.

      Sermos irrequietos, não quer dizer que sejamos mal educados, que mexemos nas coisas de pessoas estranhas...

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