Acabei de ler "Portugal a Foice e a Foice", de J. Rentes de Carvalho.
Fiquei um pouco desiludido, por esperar mais desta obra "maldita", editada em português, trinta e oito anos depois da sua edição em holandês, nas comemorações do 40º aniversário da Revolução de Abril.
Mais de metade da obra é absorvida pela resenha histórica de Portugal, que o autor faz, provavelmente para identificar os holandeses com o nosso país.
Noto nestes primeiros capítulos do livro alguma falta de rigor histórico, pouca profundidade e abundância de lugares comuns. Embora a nossa história seja realmente demasiado "bela e dourada", não era necessário um "bota abaixo" tão negro.
Em relação às cem páginas dedicadas à Revolução de Abril, Rentes de Carvalho faz um bom retrato dos acontecimentos (até porque em 1975 não havia tanta informação como existe nos nossos dias...). Penso que faz uma boa análise do papel de Spinola e também de Mário Soares, neste período quente, ambos sedentos de poder...
Considero o autor um escritor de referência, com conhecimento de causa, pois além de o acompanhar no seu blogue "Tempo Contado", também tenho lido uma boa parte da sua obra editada no nosso país, tarde demais.
Penso que é também por isso que Rentes de Carvalho demonstra um grande ressentimento, especialmente em relação aos seus pares. Deve ser complicado para um autor ser editado num país que não é o nosso e ser quase "banido" na nossa Terra. Isso explicará em parte o seu sarcasmo e o facto de estar de mal com mais de metade do mundo...
Conheço J. Rentes de Carvalho graças à Dona Redonda que teve a gentileza de me oferecer "Ernestina".
ResponderEliminarA partir daí tenho lido várias obras dele e também espreito o "Tempo Contado"...
Tenho alguma curiosidade em relação a este livro!
Acho-o realmente um pouco azedo nalguns contextos!
Abraço
Nunca li nada dele.
ResponderEliminarUm abraço
Apesar de tudo estou tentada a ler...
ResponderEliminarUm abraço, Luís.
Este não é efectivamente um grande livro mas o J. Rentes de Carvalho é um grande escritor!
ResponderEliminarDo autor, cujo blogue visito com regularidade, li "A amante holandesa" e "Mentiras e diamantes", mas, confesso, não fiquei curiosa em relação à obra de que fala.
ResponderEliminarMerecia, de facto, maior destaque - não o digo por ser um escritor de raízes transmontanas. :)