terça-feira, junho 26, 2012

Querer ser Escritor à Força...


O argumento mais forte de muita gente que quer escrever um livro, agarra-se à velha trilogia criativa: «já fiz um filho, já plantei uma árvore, só me falta escrever um livro...»

Lamento que assim seja, porque os livros deviam nascer de "parto natural" e não por outras mil razões que acabarão sempre por deturpar a essência da literatura.

Hoje tive de explicar a um senhor, com quase noventa anos, que não vale tudo no mundo dos livros. Compreendo que ele queira muito escrever um livro antes de partir. Mas  isso não lhe dá o direito de "copiar metade do seu livro", com coisas escritas por outros autores. Foi duro dizer-lhe que escrever uma obra literária é um projecto pessoal que nasce dentro de nós, porque tem sido um bom amigo. Mas a amizade não se compadece com a ausência de ética, mesmo que venha de alguém arredado da realidade do mundo dos livros...

O óleo é de Adam Pekalski.

8 comentários:

  1. Ó Luís, eu não sei se fizeste bem desiludir o senhor, a Alexandra Solnado anda a escrever livros a meias com Jesus Cristo, e parece que se safa. Ainda por cima nem tem de dividir direitos de autor.

    beijinho

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  2. Deve ter sido bem difícil essa tarefa! Mas, de facto, agora todo o mundo escreve livros! E essa "trilogia" é absolutamente detestável! Detesto lugares-comuns!

    Beijo.

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  3. Na minha modesta opinião, tudo o que fazemos e que nos dá um prazer genuíno, aquele prazer que nos enche o coração, não deve ser refreado, seja escrever um livro, regar as flores, plantar batatas etc.

    Satisfazer o coração só pode acabar em “parto natural” , satisfazer o ego acabará forçosamente em “aborto”.

    Abraço

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  4. sim, realmente devo ter abanado com o sonho do Manuel, mas a vida é isso, Maria...

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  5. foi, muito, Graça.

    nem tinha a noção de tamanha inconsciência...

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  6. é verdade, Rita.

    mas as "modas" são terríveis...

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  7. Coitadinho do senhor Luís, posso garantir te que com certeza escreveria muito melhor que muitos outros "escritores" não menos copiosos! E partiria talvez, com a sensação de dever cumprido!
    Beijos

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  8. falei com ele hoje, Margarida, e ele continua a querer escrever o livro e terá o meu apoio, mas sem "batota".

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