Estava a ler um dos textos da Isabel do "Caderno de Campo", sobre a miséria urbana, quando me lembrei de um velho, tido como louco, conhecido popularmente como "Jão Batista", por andar descalço com um varapau nas mãos, ter barbas grandes e usar uma pele de ovelha como casaco...). Ele não era um maluco qualquer, falava com raiva, conhecimento e despeito deste mundo onde vivemos.
Recordei-o com tanta nitidez...
Antes de virar costas ao povo que estava no Largo da aldeia, divertido com o espectáculo, disse uma última frase que ainda provocou mais risadas, mas que a mim, me deixou a pensar. Ainda o estou a ver a olhar para os seus pés descalços sujos e a dizer: «ainda vai chegar o tempo em que vocês também vão andar descalços. Mas não é por quererem, como eu, é por não terem nada para calçar.»
Disse aquilo, com um ar quase profético, como se conseguisse ler nas estrelas e afastou-se.
Claro que esta afirmação foi excessiva, mas como estamos a perder tantas coisas, lembrei-me deste "louco"...
Em apenas uma década o que se perdeu no campo dos direitos humanos...
Coisas que demoraram séculos a conquistar, no campo do trabalho, da saúde, da segurança social, da educação, etc, fogem-nos das mãos, de uma forma inexplicável, nos últimos anos, graças aos "ditadores", que governam os principais países e que se escondem atrás da capa do "liberalismo" económico e social, que não passa de um capitalismo, do mais selvagem que se tem visto por aí.
Embora se produza cada vez mais riqueza no Planeta, as desigualdades e a pobreza são cada vez mais evidentes, e já não é apenas no chamado "terceiro mundo".
E nós vamos assistindo a tudo isto, impávidos e serenos...
A imagem simbólica que ilustra estas palavras é a "Pregação de S. João Baptista", da autoria de Diogo de Contreiras, pintor do século XVI.
Tempos complicados, Luís.
ResponderEliminarMal sabemos onde tudo isto irá parar.
Eu temo pelos que cá hei-de deixar, sem segurança de espécie nenhuma.
Nem no emprego, nem na saúde, nem na justiça.
Eu disse Justiça?
Devia ter dito ausência dela.
Abraço
Os chamados "loucos" dizem quase sempre coisas muito acertadas...
ResponderEliminarDe facto isto está difícil.
Que faremos para que mude?
Um abraço Luís
é verdade Luis, estamos a caminhar a passos largos para um País de terceiro mundo, cada vez temos menos condições, quer na saúde, quer no trabalho... por enquanto ainda caminhamos calçados... tem graça, mas é um humor que dá que pensar... eu não vivi o 25 de Abril, sei muito dele pelo que li e pelo o que o meu avô me contou (nas nossas longas conversas), mas sabes eu acho que estavamos a precisar de um segundo 25 de Abril...
ResponderEliminaraquele abraço
Quem são os loucos afinal?!...
ResponderEliminarUm abraço*
Luis, sei que nomeações, prémios e afins destinados aos blogs, não são algo que tu admires muito, mas eu deixei um mimo para Ti, pelo que és e pelo que sinto ao Ler-Te, por isso passa lá e pelo menos recebe-o com todo o meu carinho.
ResponderEliminarAquele abraço.
:)
ResponderEliminarpois assim sendo nada mais tenho a acrescentar.
O seu post "colado" ao Caderno fica P E R FE I T O.
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bom fim de semana.
É tudo tão estranho...
ResponderEliminaré tudo tão macabro...
às vezes também penso, do que será dos meus filhos...
Talvez emigrem...
abraço Sininho
Se dizem...
ResponderEliminarPois, mudar, com quem? Com o Menezes?
abraço Graça
Precisavámos de governantes mais sérios e competentes, disso não tenho dúvida, Manuela...
ResponderEliminarabraço
Loucos somos todos nós que aturamos esta gente, Maria P.
ResponderEliminarabraço
Recebi-o com todo o carinho, Manuela.
ResponderEliminarabraço
É giro que foi o "post" da nossa amiga Isabel que despoletou, que me recordou do "louco"...
ResponderEliminarabraço Isabel