sexta-feira, março 16, 2007

O 16 de Março de 1974


A tentativa de golpe de estado de 16 de Março de 1974, protagonizada pelo Regimento de Infantaria 5 de Caldas da Rainha, ainda não está completamente explicada...
O que foi que falhou? Para uns nada, para outros tudo.
Será que a antecipação do golpe foi propositada, para apalpar o pulso à velha e caduca ditadura?
Talvez sim, talvez não...
De qualquer forma o 16 de Março tornou a Revolução irreversível...
Felizmente Abril estava à porta...

4 comentários:

  1. Felizmente, e as portas abertas por Abril jamais serão fechadas...

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  2. Esse jamais é forte demais...

    Já vi as coisas melhores Maria...

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  3. Desde 1974 que tenho mantido silêncio sobre o que realmente aconteceu na noite que antecedeu a madrugada de 16 de Março no então RI5 onde me encontrava a cumprir o Serviço Militar Obrigatório como Furriel Miliciano.
    Com alguma naturalidade e curiosidade tenho vindo a acompanhar ao longo destas décadas grande parte daquilo que se tem dito e escrito sobre o "Movimento das Caldas". Desde coronéis entendidos, a leigos na matéria, mas que pretendem fazer algum "figuraço" académico através da exploração de um momento histórico, muito se tem dito e escrito tal como acima o referi, mas também algo se tem omitido, outras coisas deturpadas, até ao ponto de "deitarem por terra" a imagem dos militares do então RI5.
    Esclareça-se desde já que, os comandos militares de então eram homens experientes na guerra de África e a preparação dos soldados, sargentos e oficiais não era nem nunca foi descurada, ao ponto de poder ser considerada a par da preparação das forças especiais da época. Considero, por exemplo, ridícula uma peça que saiu num jornal diário há cerca de um ano, onde se focava o mau tempo e as transmissões/comunicações, como um falhanço do movimento.
    Esta é uma defesa que caberia por inteiro aos senhores (hoje) coronéis, nessa altura capitães e alguns majores, mas que até à data ainda não parece ter sido feita, tão preocupados que têm andado com o seu "ego" nas sucessivas andanças do falatório sobre o 16 de Março e o 25 de Abril.
    Claro está que muitos olharão para este comentário com desdém, porque pensarão tratar-se de mais um qualquer que quer protagonismo, mais ainda sendo na altura sargento miliciano. Bom, para aqueles que assim pensarem quero dizer-lhes o seguinte: era o responsável por todo o parque auto do Regimento de Infantaria 5, foi-me pedida colaboração e silêncio por um grupo de capitães, meses antes do "golpe" numa reunião realizada na então companhia de "Formação", comandada pelo agora saudoso Capitão Gil. Mais tarde voltei a ser chamado para lhes fazer o "ponto da situação", tendo-lhes dito que tudo estava tratado e todas as viaturas estavam operacionais.
    Também comandava a então Polícia da Unidade devido ao seu comandante efectivo estar de férias (era um tenente cujo nome não irei aqui divulgar) e nessa noite decidi aumentar o meu envolvimento oferecendo-me para vir com a coluna. Foi-me atribuído o comando de um pelotão de açorianos com objectivos militares claros e precisos, mas alterados duas vezes antes da célebre saída.
    Antes de sair incumbi o graduado mais antigo colocado na Polícia Militar da Unidade de exercer o comando na minha ausência.
    E é aqui que começa a "outra verdade" até agora não vinda a público mas que poderá ser embaraçosa para algumas pessoas; antes de sair comentei para alguns camaradas de armas, utilizando mais ou menos estas palavras: "só vou na coluna porque mantenho a minha palavra. Isto está arrumado, porque depois de ver e ouvir o que e passou junto ao comando e junto ao telefonista, não acredito que isto vá avante."
    O que será que então se passou nesse local? Referirei apenas que deverá constar um telefonema de uma alta patente do exército da Região Militar de Tomar e que pretendia falar com o comandante do regimento, que na altura se encontrava já preso. Quem atendeu e o que disse? Eu sei porque estava lá para deixar uma mensagem para ser lida aos meus pais pelo telefonista às 7.00 horas do dia seguinte e porque fui eu quem chamou essa pessoa que vinha por acaso no corredor do comando. Apenas direi que o que ouvi da boca dessa pessoa me deixou estarrecido.
    Lamento que, até agora, alguns dos coronéis a quem confidenciei o facto na primeira comemoração do 16 de Março de 1974 apenas tenham demonstrado surpresa e apreensão, tal como o demonstrou o comandante da coluna o então capitão Ramos, agora Coronel, numa conversa que tivemos ainda não há muitos meses.
    Tal como lhe disse então, o "golpe" das Caldas teve certamente coisas "esquisitas" e este episódio foi sem dúvida uma delas.
    Para os mais cépticos aconselho a que consultem a documentação existente (se ainda existir) os contactos telefónicos e relatórios de então, sobretudo no espólio da PIDE/DGS e sobretudo o que se passou em matéria de telefonemas nessa noite de 15 para 16 de Março nas Caldas da Rainha. Irão certamente ter uma surpresa e perceberão o porquê das minhas reticências em sair para Lisboa. A palavra conta muito e ali nas Caldas da Rainha, quase a par da família, foi onde elegi princípios complementares dos muitos aprendidos no seio familiar. Por isso e pelo respeito que me merecem os homens de então e a memória de alguns outros entretanto desaparecidos, penso que a parte da verdade ainda "oculta" deverá ser conhecida. esta é uma forma de honrarmos o dia 16 de Março de 1974 e todos os homens que nele participaram a bem de um "Novo" Portugal.

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  4. Estou de acordo quanto ao essencial do que aqui é transmitido.
    Lendo um artigo do Wikipédia sobre o que antecedeu o 25 de Abril, nada ali é dito sobre o Movimento das Caldas , nem sobre o nome dos oficiais que foram presos ao chegar a Lisboa e enviados para o Forte do Porto Brandão - Trafaria . Isto é esquisito...

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