Há pessoas que demoram anos a fazerem-nos perguntas.
Claro que isso acontece porque normalmente não são questões importantes. Algumas vezes são coisas, que se não forem logo esclarecidas, acaba por se ficar com a sensação de que se perdeu a oportunidade "de ir até ao fim da estrada".
Mas neste caso em particular, nem era isso. Era uma daquelas perguntas que podia ser feita em qualquer hora, em qualquer momento.
O normal nos humanos, é olharmos para o mundo à nossa maneira, sem sequer nos darmos ao trabalho de nos colocarmos no "lugar do outro". Pensamos que o nosso "normal" é o "normal" dos outros.
Por outro lado, não nos encontramos como noutros tempos, uns com os outros nos cafés (há demasiadas "faltas de comparência"...).
E também se fala cada vez menos de livros e de escritaria, sem que eu saiba muito bem porquê (sei sim, mesmo os que gostamos de ler, estamos a ler menos...).
A pergunta afinal eram duas, e a culpa era dos escritores que passavam o tempo a dizer que "escrevemos para nós" e de outros que ainda iam mais longe e diziam que "escreviam sempre o mesmo livro" (havia aqui um rasto das entrevistas de Lobo Antunes...).
Disse sim à primeira questão. Sim, escrevemos sobretudo para nós. Acrescentei, que até as coisas banais que escrevo nos blogues, são escritas "para mim" (mesmo que não se deva levar demasiado à letra esta "pessoalização", porque não vivemos numa ilha...). Este "escrever para nós", deve ser entendido desta forma por se tratar de uma necessidade pessoal, do preenchimento de um espaço vazio que existe no nosso interior e não com essa coisa estranha que chamamos de "egocentrismo".
Não concordei com a história de se escrever sempre o mesmo livro, embora perceba que se trata mais uma vez de uma "imagem" que se tenta dar, para não aprofundarem algumas temáticas. Mas é uma "imagem" que não deve ser seguida à letra...
Cada livro é um caso. Ponto final.
Claro que falámos de mais coisas. Até da poesia, que ainda abre mais as portas a todo o tipo de justificações, conjecturas e invenções...
O mais curioso, foi sentir que tinha algumas saudades de falar das coisas, que raramente se dizem e se contam.
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Eu, que até escrevia umas * cronicazinhas* nos jornais locais, deixei-me disso, tomada por uma infinita preguiça.
ResponderEliminarSempre que penso em retomar, desisto!
Quanto a falar sobre livros, ainda mantenho esse hábito.
Abraço
"Parar" é mau em qualquer actividade, Rosa.
EliminarTorna o regresso sempre mais difícil e até questionável...