quinta-feira, maio 22, 2025

A cumplicidade socialista na partilha da escola pública e privada


A semana passada fui convidado para ir falar sobre leitura e livros a uma escola secundária, privada.

Achei tudo normal. Os professores (o convite partiu de uma amiga, professora de inglês), os alunos, os funcionários.

Só a partir de sexta feira é que comecei a pensar com alguma insistência na diferença que existe, entre um "colégio" e uma "escola secundária". Como os meus filhos já tem mais de vinte anos e sempre estudaram na escola pública (nas melhores de Almada, a António da Costa e a Emídio Navarro...), sem problemas de maior, nunca pensei seriamente na degradação do ensino (ao contrário da saúde, talvez por esta ser mais visível) na última década. E a pandemia não explica tudo...

Depois de domingo, ainda foi mais fácil associar as ideias, ir ao encontro de um país, que é cada vez menos para todos.

Não fui capaz de dissociar a derrota socialista de António Costa e Mário Centeno (Medina apenas seguiu o guião), que preferiram "encher os cofres" do Estado a investir dinheiro onde era necessário (educação, saúde e serviços públicos) e onde falta um pouco de tudo. Sei que estavam longe de pensar "sair a meio" e que os "cofres" que foram enchendo iriam servir para o PSD andar um ano em campanha eleitoral a dar a uma série de classes profissionais o que o PS se recusou dar. Isso ainda os deveria envergonhar mais (se tivessem vergonha, claro).

Lá estou eu a "desviar-me do assunto". 

Segundo as estatísticas, 25% das escolas secundárias  de Lisboa hoje já são privadas. E o número promete crescer. Isso só acontece porque as escolas públicas deixaram de ser as com mais qualidade e com mais segurança (a falta de funcionários é mais que evidente em algumas escolas...). E quem pode escolher, escolhe as melhores para os filhos...

É por isso que embora os socialistas se batam (teoricamente) pela Escola Pública e pelo SNS, com a falta de investimento, foram os primeiros a abrir caminho ao crescimento dos colégios e das clínicas privadas no nosso país.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


5 comentários:

  1. Amealharam para distribuírem mais tarde, só que foram outros a distribuir por quem estava farto de esperar.
    Erro de cálculo que teve consequências desastrosas!

    Abraço

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    1. O curioso é ninguém falar do Costa, que assiste de camarote, nas Europas, a tudo o que está a acontecer por cá, Rosa.

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  2. Fui professora durante 44 anos. Felizmente que estou reformada desde o ano passado. Nunca mais voltei a cruzar o portão da minha escola! Livra!

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    1. Isso é que foi gostar de ensinar, "Uma Maria". :)

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    2. As condições em que se ensina são muito más. Os alunos são, na sua maioria, muito indisciplinados e os paizinhos querem mandar nas escolas! Foi um alívio para mim!

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